Primeiramente
quero agradecer imensamente aos Jurados, que doaram horas preciosas de suas
vidas para colaborarem com este concurso e reconhecer seus méritos – cada qual
ao seu estilo- e lisura.
Nota;
Os jurados
Nilton
Riguett,
Renata Buzak
e Maria
de Lourdes Almeida,
mais uma vez não puderam
enviar
as suas notas, então
recorremos ao
velho e conhecido
critério das médias.
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Comentário e notas:
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“Mãos dadas”
(Sofia Amundsen)
Marcelo Asth
Sofia, acho que você trocou o “menino”
pela “menina”! Gostoso dar as mãos na rua e sentir-se completo – “você é
minha”, “sou toda sua”. O poema é sutil e ganha força por isso – “a banda de
queijo”, o levitar “em tuas árvores”. Mas ele está cheio de erros: faltam pontos,
vírgulas, a palavra “agraceio”, os tempos (“você é minha”, “teu lado”)... fora
isso é um poema que toca calmo quem lê.
Nota: 8
Felipe Neto Viana
Sofia
Amundsen apresenta sensibilidade com a palavra e se definiu como a mais
subjetiva do certame. Nesta leva Sofia insinua um amor assexuado e faz remissão
a sensações que só o amor pode causar. Seus versos assíncronos podem confundir
o leitor/crítico e a poeta precisa ser mais atenta a essa estruturação. Sofia
reagiu tardiamente no certame tendo mostrado seu verdadeiro potencial somente
nas duas últimas levas da competição. Sofia não é merecedora da lanterna.
Nota: 8
Camila Furtado
Bonito e com a marca registrada de
Sofia, misterioso. Não entendi muita coisa, mas captei o lirismo, que é o que
me interessa.
Nota: 8,5
Média: 8,5
Stella Monteiro: 4,5
Izaura Carolina: 4
Média: 9
Total: 49,5
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“MUSA”
( J )
Marcelo Asth
Toda a descrição que
cria a musa é recheada de sensualidade, com boas imagens. A musa, tão concreta,
tão real, por fim, vira sonho e se dissipa no ar.
Nota: 8,5
Felipe Neto Viana
O poeta J fecha com
chave de ouro. 'Musa' contém um lirismo
bem dosado, clássico e que encaminha o leitor/crítico rumo ao mitológico,
arrematando com base onírica. Este é outro poeta que oscilou bastante na
competição e para vencer um certame desse formato é necessário manter a
regularidade. J sabe trabalhar as rimas e combiná-las sincronicamente em seus
versos mas isso não foi feito no início do certame. O poeta optava pelo
linguajar narrativo e isso comprometeu sua qualidade. J também não merece a lanterna.
Nota: 10
Camila Furtado
Muito bonito, mas tente fugir dos clichês, J! Isso já foi
dito neste certame, evite os clichês que desgastam, arranham o poema; tornam as
expressões lugar comum. "Esculpir com versos, a tua beleza
escultural" não foi legal...
Nota: 8
Média: 9
Stella Monteiro: 5
Izaura Carolina: 4,5
Média: 10
Total: 55
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“Vigília dos Segredos”
(Erato Poeta)
Marcelo Asth
O poema é a prova do
amor existente e resistente. Construções exemplares, com palavras postas e
ordenadas com primor. Esse caroço que brota no início do poema vai germinando e
vira árvore frondosa ao final. O que o amor serve aqui é um banquete de Platão.
Nota: 10
Felipe Neto Viana
Falar de amor é ser clichê e ser clichê não é pecado quando
se constrói imagens tão irretocáveis como o poeta Erato o fez neste poema. A
vigília e a servidão ao outro é talvez o ato mais altruísta e amoroso que possa
existir e Erato com toda sua experiência poética soube traduzir essa atitude em
palavras certeiras. O toque homoerótico implícito torna o poema ainda mais
interessante. Erato Poeta foi o poeta que mais demonstrou experiência no
burilar das palavras poéticas neste certame e quando me refiro à experiência
não faço analogia à idade mas sim a capacidade e vivência literária. Congratulo
o poeta pela sensibilidade.
Nota: 10
Camila Furtado
Lindo! Me identifico muito com esse estilo mais prosa que
poesia; parece mais confessional, mais íntimo.
Nota: 10
Média: 10
Stella Monteiro: 5
Izaura Carolina: 5
Média: 10
Total: 60
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“DA (IN)UTILIDADE DO POETA”
(Scott B. Coffe)
Marcelo Asth
O poeta comenta o
tema do início ao fim, sem se comprometer com o fingimento que comenta. Ideia
interessante e fora do comum, pessoal nos argumentos. Eu, já acredito no amor
que o poeta transforma em poesia, sem fingimentos - mas aqui o poeta soube
expressar bem sua posição/opinião.
Nota: 9
Felipe Neto Viana
Scott B. Coffe foi um
poeta que desacelerou seu ritmo poético na reta final do certame. As antíteses
apresentadas neste poema são elogiáveis mas não são fortes o suficiente para
derrubar o leitor/crítico do seu assento. ''Fingir a dor'' foi a maior
banalização deste certame e o poeta deveria fugir desse termo já tão repisado.
Apesar de tudo, é perceptível no poeta uma segurança incomparável de quem sabe
o que está fazendo. O poeta só precisa atentar mais para 'quem' está fazendo.
Nota: 8
Camila Furtado
: Muito bonito! O
poeta é o responsável por enxergar na vida a poesia que de fato há. Só achei
que não empolgou ou inovou o suficiente para um 10.
Nota: 9
Média: 9
Stella Monteiro: 5
Izaura Carolina: 4,5
Média: 10
Total: 54,5
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“O amor nos bastidores”
(Bené)
Marcelo Asth
Amor cênico, colocado
em palco, não pode "dar um branco” na fala, tem que puxar pela memória.
Bené na direção do espetáculo manda as estrelas chegarem mais. Muito legal a
solução, do amor à espreita, no canto da memória. Poema redondo.
Nota: 9,5
Felipe Neto Viana
O poeta Bené quase me
derrubou do assento com este poema porque veio da leva anterior desacelerando
qualitativamente. Bené se manteve irredutível do alfa ao ômega do certame,
obedecendo à risca o seu estilo, a sua postura humilde e sarcástica. Em 'O amor
nos bastidores', o mise-en-scéne do poeta se faz comovido e comovente, opondo
vida e morte, esquecimento e memória. A simplicidade do poeta Bené marcou este
certame.
Nota:10
Camila Furtado
Achei lindo o início (apesar de achar "abrir as
cortinas do passado" um clichê; mas achei que a cortina se abriu e fechou
rápido demais. Queria ver essa saudade brilhar um pouco mais no palco.
Nota: 8,5
Média: 9,5
Stella Monteiro: 5
Izaura Carolina: 4,5
Média: 10
Total: 57
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"Do Instante em que o Amor Acontece"
(Turrinha)
Marcelo Asth
Fluxo intenso.
Musical nos ritmos, poético na escolha das imagens: “a levantar saias de
cílios”, “pomar dos meus bigodes” e outras brincadeiras do olhar pelo rosto. O
poema é elétrico e arrasta num aluvião, mas o final, por mais que seja lindo,
perde na poesia. Olhares iniciais são marcantes – sendo esta a fase mais
memorável do amor, faltou ousadia poética e ficou mais como conclusão.
Nota: 9
Felipe Neto Viana
Para o poeta Turrinha
esta leva simboliza a grande final versus o poeta Andrade. Considerando a
importância da leva para o poeta penso que seja sine qua non um poema de
impacto, a promoção da colisão entre poema e leitor/crítico. O amor impresso na
primeira troca de olhares é comumente arrebatador e é justamente este
arrebatamento que me faltou neste poema. Turrinha tem plenas condições de
vencer o certame, a sua genialidade é inquestionável. Contudo, o grau de
exigência pode ter influenciado no feitio do poema. Congratulo o poeta pelo
alto nível de intertextualidades apresentadas durante todo o certame e pela
inteligência em saber encaixar cada menção em seu devido lugar na poesia.
Nota: 9
Camila Furtado
Turrinha descreveu
com perfeição o flerte, as primeiras trocas de olhares; o nascimento do amor.
Adorei!
Nota: 10
Média: 9,5
Stella Monteiro: 5
Izaura Carolina: 5
Média: 10
Total: 57,5
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“A Travessia d’ÔAMOR”
(Reyú Maôro)
Marcelo Asth
Movimento sufocante,
animado e orgástico no poema. O “dentro” e o “fora” são boas imagens: o amor
está fora da casca e no recheio. Esse movimento de alternância cria beleza no
jogo erótico do “entra e sai”. Os elementos que se repetem e mudam com
sensações que se trocam a todo instante, causa esse turbilhão amoroso. Por fim,
tudo se alterna e o gozo vem concluir.
Nota: 9,5
Felipe Neto Viana
Reyu Maoro disparou o
alarme erótico do amor e fez eclodir a paixão. A imagem produzida pelos signos
'dentro' e 'fora' refletem a intrínseca junção de dois seres que se amam e a
ordem dos fatores (versos) não altera o produto final. Boa intenção poética.
Nota: 9
Camila Furtado
Muito bem pensado esse jogo de palavras. Seria um processo
de desamar de uma das partes? Uma paixão unilateral? Poema para ler e reler e
encontrar diversas interpretações a cada leitura. Talvez pudesse ser um pouco
menor, porque o uso excessivo da repetição e as letras em caixa alta causa um
desgaste; mas a mensagem é belíssima.
Nota: 9
Média:
9,5
Stella Monteiro: 5
Izaura Carolina: 5
Média: 10
Total: 57
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“Visagem”
(Cachorro de Rua)
Marcelo Asth
O poema é bonito, mas
não foca muito no amor. Fala, sim, de desejo, da vontade futura do amor. Ele se
fecha no sentimento da imaginação, mas não produz o efeito do Cupido. Mas eu
concordo contigo, Cachorro, que esse lugar do “pra não ter que despertar” é
incrível. Então acorda e corre atrás do amor!
Nota: 8
Felipe Neto Viana
Parece que já tive a
infelicidade de ouvir uma canção com letra semelhante a deste poema proveniente
daquelas malditas bandas coloridas. Cachorro de rua esteve em queda livre
durante todo o certame e a lanterna merece ficar em suas mãos (ou não seriam
patas, afinal, é um cachorro). Gozações à parte, sugiro ao poeta maior
dedicação para com a poiésis. Conforme prevê o próprio termo grego, a poesia é
ação, é produção e não estacionamento e acomodação.
Nota: 6
Camila Furtado
Poema a la sertanejo universitário não dá. Você pode mais e
já mostrou isso anteriormente. Dedique-se um pouco mais à poesia, pois tenho
certeza de que você pode se surpreender e também nos surpreender futuramente.
Nota: 7,5
Média: 7,5
Stella Monteiro: 4,5
Izaura Carolina: 2,5
Média: 7
Total: 43
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“DOS SONHOS E UMA CONSTELAÇÃO”
(Annie Alexandre Guerra)
Marcelo Asth
Olavo Bilac com Annie
ouvem estrelas. Esse hino ainda se projeta, não está presente. Mas diferente do
poema do Cachorro, que está mais pra imagens e sensações do que pode ser o
amor. Este traz um amor delicado, sentido, o senso já está perdido, em
desatino.
Nota: 9
Felipe Neto Viana
Da rispidez para o
afetuoso: esta é a Annie guerreira que com certeza foi a maior decepção do
certame. Após um início estrondoso na competição a poeta Annie se desequilibrou
na corda bamba do fazer poético e se espatifou nos clichês, nas revoltas
infundadas e em poemas rasos. Annie tem potencial para ir mais longe mas carece
se preocupar menos com as pressões externas. Respeite o que vem do seu coração,
lapide com a indispensável técnica e memória e seja finalmente poeta porque
você é capaz de alcançar esta maturidade literária.
Nota: 8
Camila Furtado
Poema singelo,
sincero, bonito. Não causou nada especial e não trouxe nenhum fato novo, mas
marcou presença.
Nota: 8
Média: 9
Stella Monteiro: 4,5
Izaura Carolina: 4,5
Média: 9
Total: 52
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“Quando o amor acaba”
(Andrade)
Marcelo Asth
Restou um “amor” em
vertical, que não colabora muito com o poema. Coloca fases do amor em frases:
certeza exclamativa, afirmação reticente, dúvida. A história fica. Ideia
interessante, mas por se tratar da final, esperava mais da entrega, do
discorrer desses versos.
Nota: 8,5
Felipe Neto Viana
Restou a certeza de que o poeta Andrade foi o maior destaque
do certame e a esperança de que nesta última leva o seu poema fosse o mais
impactante e isso não sucedeu. Entretanto, valeu a tentativa de expressão
concretista e o tino criativo que o poeta já demonstra não é de hoje no
certame. Andrade está no mesmo barco que Turrinha embora esteja na ponta do
ranking. Talvez o comodismo da primeira colocação tenha sido traiçoeiro com o
poeta e isso pode ter lhe colocado em risco de morrer na praia. Voltando ao
poema: as pontuações gritam e são as norteadoras do poema. Congratulo o poeta
pela sua coragem demonstrada do início ao fim do certame.
Nota: 9
Camila Furtado
Achei excelente.
Exceto pelo final. Poema não se justifica. Eu entendi que restou nada, não
precisava ter explicado. Teria sido brilhante se terminasse na interrogação. Dê
ao leitor o papel de interpretar.
Nota: 9
Média: 9
Stella Monteiro: 4,5
Izaura Carolina: 5
Média: 10
Total: 55
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Classificação da rodada:
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Erato Poeta---------------------------------60
pontos
Turrinha----------------------------------57,5
pontos
Reyú Maôro e Bené---------------------57
pontos
J e Andrade------------------------------55
pontos
Scott b.
Coffe--------------------------54,5 pontos
Annie Alexandre
Guerra--------------52 pontos
Sofia Amundsen---------------------49,5
pontos
Cachorro de
Rua-----------------------43 pontos
Meus eternos
agradecimentos a todos os poetas envolvidos neste certame, dos que se inscreveram
aos que chegaram até aqui, passando pelos desistentes, fico lisonjeado por
todos terem acreditado neste projeto e que devo confessar, não foi nada fácil,
estou muito cansado, mas extremamente feliz.
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Atenção!
Fiquem ligados na próxima postagem, onde constará os prêmios e
os premiados de todo o concurso.