terça-feira, 28 de abril de 2015

I festival Stella Monteiro de poesias (rodada 5)



 Stella Monteiro




O tema desta rodada é

INTUIÇÃO

Proposto pelo Zecafran.




Foto: Paulo Acacio Ramos





&*&*&*&*&*



"Karma Sutra"

(Vinni Corrêa)





Rio de Janeiro - Rio de Janeiro




 &*&*&*&*&*



 "Premonição"

(Paulo Acacio Ramos)



Se o fruto do lábio
não tem a carne
do desejo que trincas
 ávido de sumos...
 casca descasca,
carne descarna,
 caroço, semente, grainha.
pevide explosão,
 sumo desaparece
 nas entranhas.
 sugar o sangue
a seiva a saliva
 da fruta aberta
 em húmida fenda.
intuir o vulcão
 pressentir tua mão
 tirar o leite
 da carne dura
 da fruta madura.
 prender na boca
 a luz emitida...
pela fruta esquecida
 num canto da sala.
um grito de susto!



Trofa - Portugal



&*&*&*&*&* 




"trabalho"

(Dante Pincelli)



em  nada
me inspiro,
nada intuo, 
então,
entre um poema 
e um suspiro,
 concluo: 

escrever
dá trabalho
e, 
pra caralho...




Macaé - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*



"In Tu & São"

(Jan Neves)



No pensar das horas
 passam desejos,
 ilusõesconvicções
e conexõeslampejos,
entre anseios
 e desesperanças.

No pesar das horas
 pousam despejos,
 há luz sem convicção
 e com nexo, lampejos;
 entre ensejos
 de intuição criança



Rio de Janeiro - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*



"Será?"


(Izaura Carolina)









Macaé - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&* 



"intuição"

(Zecafran)



 sonhei com lençois brancos 
dançando ao vento no varal,
um gato malhado no telhado 
e um espelho quebrado 
multiplicando em pedaços 
nossa imagem na cama,
jogo de luzes e cores 
o sol na janela,
perfume de café
e o sorriso dela;

acordei,
casa vazia,
fiz um blues 
pra celebrar minha solidão 

festa ao contrario....



Niterói - Rio de Janeiro 



&*&*&*&*&*




EPIFANIA SINFÔNICA

 (RaiBlue)






Meu corpo são cômodos desacomodados
nó apertado de ausências sem nome
à deriva o olho é um farol surtado
intuição de bicho seguindo o faro

persigo falanges no meu tumulto
em meio a túmulos decorados
com lágrimas de amor e ódio

anjos e demônios brincam na minha humanidade
enquanto aguardo o fim dos condenados
a viver o caos de ser dilema
um cristal um prisma de várias cores

há em meu peito um epitáfio guardado
epifania sinfônica para o ultimo verso
o verbo que não usei a vida toda

para ser mortal a língua no último poema
quando a minha voz for pouca

e rouca partir
sendo uma canção de Janis
 penetrando o silencioso azul dos ausentes .



(Salvador / Bahia)


 Inspirado na canção:


Janis Joplin - Kozmic Blues. 

ouça neste link


https://www.youtube.com/watch?v=nLN72sR9w0M


&*&*&*&*&*




"INTUIÇÃO"

(Jorge Luiz)



Sinto uma intuição
Que o inferno e o céu
Estão dentro de mim
Como um vulcão adormecido
Tenho sorrido do próprio destino
Mas, o meu desatino
É ter perdido a confiança
Nas minhas forças
É ter me desprovido
Do teu sorriso
 Das tuas palavras de conforto
 Da sua mão estendida
Do seu olhar confiante
Da sua ternura agasalhadora
Do teu ombro amigo
Dos teus abraços protetores
Das tuas forças doadas em meu favor
***
E quando te faltaram as forças
 Não tive a intuição de te socorrer
O meu sorriso já não sorria pra ti
Minhas palavras ficaram mudas
As minhas mãos eu recolhi
O meu olhar não te encarava
A minha ternura virou arrogância
O meu ombro não te ofereci
O meu abraço já não te protegia
As minhas forças
Eu suguei de você...



Rio de Janeiro - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*




"Almanacama"

(Gri Lo)



Natureza que nos dotou
Defesa portenta e inspecta
Persuasiva elegância
Instância do onírico presente
Da sobrevivência adepta

Intuição
 Criada da consciência
 Loucura ou imaginação
Intuição
Nos leva a dar o passo
Incerto e sem direção

Mente saneada
Caminho declaro longa estrada
No dormir da alma
Intuição ativada

Intuição
Criada na consciência
Loucura e imaginação
Intuição
Nos leva a dar o passo
Em cem possíveis direções



Cambuí - Minas Gerais



&*&*&*&*&* 




"A Senda"

(Anderson Fortuna)


 
Amálgama de sentidos
Todos os olhos da pele
Âmago do pensamento
Que perpetra os confins do universo
Voa em transe
Paira sublime
Pássaro dourado transcendental
A voz do silêncio
Que sussurra o encanto
Revela o incognoscível
Mostra o caminho
A senda que toca a alma
Insight supremo...
A Senda
Amálgama de sentidos
Todos os olhos da pele
Âmago do pensamento
Que perpetra os confins do universo
Voa em transe
Paira sublime
Pássaro dourado transcendental
A voz do silêncio
Que sussurra o encanto
Revela o incognoscível
Mostra o caminho
A senda que toca a alma
A realidade última
Insight supremo

Rio de Janeiro - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*



"Intuição"

(S. Quimas)


Não sabem os sábios
 A renúncia
 De seus deslizes,
Melhor seriam meretrizes,
 Que vendessem seus corpos
Do que de graça dessem
Certezas. A intuição me diz: silêncio.
Melhor a ausência de certezas.
A única que carrego,
O que me farta a mesa
É o esplendor
De uma formiga andando
Numa trilha.




Rio de Janeiro - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*





O tema para a próxima (penúltima) rodada é

PASSAGEM

proposto pelo Jan Neves



terça-feira, 21 de abril de 2015

I Festival Stella Monteiro de poesias (rodada 4)

  












Stella Monteiro



O tema desta rodada é 

Trem

sugerido pelo S. Quimas


&*&*&*&*&*




"Nice Ville"

(Izaura Carolina)






Macaé - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*




"Triste trem bão"

(Ricardo Prins)




Segue sozinho o menino
Sentindo, sorrindo
Dormindo, fingindo
Todo dia esperando o trem

Segue fingindo, sorrindo,
 e sentindo, o menino
 esperando o trenzinho
que dizem que vem do além

Sonhando e dormindo breve,
 morre então o menino
sentindo, tristinho,
que nunca virá esse trem


Curitiba - Paraná






&*&*&*&*&*











"O Trem da Vida"

(S. Quimas)


Apita a curva mesmo,
Pois por ali já há muito
Não passa trem.
Nem mesmo há mais os trilhos,
Só pedras e capim.
 Mas, mesmo assim,
A curva apita
 E por ela passam
Dezenas de recordações.
São os vagões da memória
Desfilando em seu cortejo
. — Piuí! Piuí!
E tudo então é coberto
Pela fumaça do tempo...



Rio de Janeiro - Rio de Janeiro




 


&*&*&*&*&*




"Via férrea"

(Carvalho Júnior)


pare,
olhe,
escute...
nem o trem
nem a fome
do mundo
 passaram
 ainda.




( do livro inédito “Desfronteiras do inconhecido”)




Caxias - Maranhão 




&*&*&*&*&*






"maria"


(Dante Pincelli)
-Texto e desenho-


       
   

lá vai a maria sobe montanha
desce ventania


sorri seus dentes de fumaça
maria passagem
maria de graça


invade o túnel da noite
desemboca na luz de um dia
lá vai maria


maria de ferro
maria me levou


não voltou


hoje,
maria
é só
um sentimento...





Macaé - Rio de Janeiro






&*&*&*&*&* 



"A Nave"

(Anderson Fortuna)


 
Vai e viaja
Na maquinaria etérea
Que rompe a aurora, o amanhecer
Perpassa os vales e montanhas dos eremitas
Vai, o teu destino te espera
O brilho eterno
Onde teu semblante repousará
A Alquimia secreta da fumaça distante
Que escreve símbolos no céu
transcende o tempo à velocidade da luz
Nos trilhos do espaço voa até Sírius...



Rio de Janeiro - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*






"balas, pedras e balas"


 (Vinni Corrêa)


 ambulantes gritam a vagões
 crackeiros fumam a trilhos
 mas o estouro das balas avisa
 que ninguém mata o chefe do Jacarezinho
 os traficantes invadem como trem bala
 mas longe já da estação
 parte o trem em direção a Del Castilho



Rio de Janeiro - Rio de Janeiro





&*&*&*&*&*





"Outrem..."



(Paulo Acácio Ramos)

 -Texto e fotos-















Há homens com seios,
 mulheres com pila,
 mulheres com tomates,
 homens sem pelos,
 mulheres de barba rija,
 homens de ancas largas,
 homens de paz
 e mulheres de armas,
 mulheres casadas
 com outras mulheres
 e homens separados
dos outros homens,
 mulheres carecas
 e homens de trança,
 Papisas, Eunucos, Concubinas,
 há de tudo um pouco
e quase nada.
 Há muitos seres
 humanos sem nada
 e muito poucos
com quase tudo...








Trofa - Portugal





&*&*&*&*&*







"trem da hora"


(Zecafran)


trem que vem 
trem que vai
 trem que desce 
trem que sobe 
trem que voa 
trem nos olhos 
trem bom
 trem ruim 
trem de estrelas
 trem de dentro
 trem de fora
 trem da hora
 trem das onze
 trem das sete
 trem de sentir
 trem de comer







Niterói - Rio de Janeiro










&*&*&*&*&*


"viagem"

(Cinthia Kriemler)
trem custoso
 trem danado
 trem de
 pouso nessa tua boca que
 me descarrila e que me dá
 t(r)emores
ô, trem bão!



Brasília - Distrito Federal




&*&*&*&*&*







"BERLINS ACIDENTAIS"

 (RaiBlue)






Quantas berlins acidentais
em nossas desorientações
 
Quantos muros
 entre os nossos (a)mares

Quantos trens desviados
 das estações do coração

Quanta solidão nos pares
 perdidos na rotação do amor

Voltas sem voltas revoltas
em sangue e mucosa
 nos trilhos do tempo tatuado na face

em cada ruga
 uma história que ficou na estrada

sem rumo
sem rimas

sem passagem

na bagagem apenas um poema triste
 uns goles de álcool

poeira e esquecimento

e pó. .



 Salvador - Bahia


&*&*&*&*&* 





O tema para a próxima rodada é

INTUIÇÃO

Sugerido pelo Zecafran .












terça-feira, 14 de abril de 2015

I Festival Stella Monteiro de Poesias (rodada 3)


     Stella Monteiro





O tema desta rodada é:

Sangue nas Frestas dos Azulejos

Fotografia e arte de Paulo Acacio Ramos


Proposto  por Paulo Acacio Ramos



&*&*&*&*&*




"O poeta"
(Carvalho Junior)



suco de versos derramado no chão da casa...

o poeta é um azulejo quebrado nas tuas mãos.
Caxias-Maranhão
&*&*&*&*&*



"Em Série"


(Paulo Acácio Ramos)


ah, meu amor
 o que eu te dei
 o deserto em flor
 um jardim de areia
 um tanque de piranhas
 para tomares banho...





Trofa - Portugal


&*&*&*&*&* 



"Sangue de Maria"

(Izaura Carolina)





Macaé - Rio de Janeiro


&*&*&*&*&*



"Descarte"

(Cinthia Kriemler)


limpei com sanitária os teus pedaços
 nas paredes, nas gavetas
 na vagina 
escarrei no urinol de plástico a saliva
 viciada no teu gosto de tabaco e álcool
como se cuspir verdades não fosse
 um jeito de esconder mentiras 
passei a bucha da pia nas panelas
 nos pratos, nos talheres, nos bicos
 dos seios [em cada lugar onde você comeu]
 lavei um copo, bebi o teu sêmen
 e caminhei descalça sobre o teu sangue 
 nas frestas dos azulejos
 prenhe da tua morte


Brasília- Distrito Federal



&*&*&*&*&*




"ENCHENTES ARTERIAIS"

 (RaiBlue)





A noite cresce doída
 cancro
 nicotina
 café amargo

( não há mar
 Go! Go! )

mormaço
 nada ventila pulmão adentro

em tom rosé teu cheiro ácido
 corroendo as paredes da mucosa 
da casa rosa
 que um dia pintei pra você

( eu que sou tão blue(s) )

agora só resta
 sangue nas frestas
 dos azulejos
 da sala 
do quarto
 do banheiro

do corpo inteiro

hemorragia letal de quem ama
 e sabe que nem a morte estanca

sou a casa que sangra e afunda 
em enchentes arteriais e profundas
 de rasos amores



. (Salvador - Bahia)

&*&*&*&*&*




"azulejo de um porão velho"

(Vinni Corrêa)


uma cadeira
nela
o que restou de um corpo

por uma fresta
a visão turva por pancadas
 o som abafado por afogamento
 o cheiro encardido por queimaduras
o gosto calado por choques

e
pinga
 o sangue
 que apenas sinto escorrer asperamente
 por minhas frestas lisas
 que a história jamais me questionará



Rio de Janeiro - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*




"Sangue na fresta dos azulejos"
 (ao amigo Selarón, Chileno da gema)

(Jan Neves)



Nas ruas de outrora
 Vassalos de agora
 Selarão os olhos
 De quem decora a ação
 Nas escadas

No breu das sombras
Fim de festa e ponto nos desejos
Silencio nos realejos
 Lapadas mudas
E sangue nas frestas dos azulejos



Rio de Janeiro - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*



"formigas"

(Zecafran)
 


no chao da cozinha,
dois corpos,
ela,
de cabelos molhados,
pós banho.


geladeira aberta,
vidro quebrado,
a tv, anuncia mais um comercial;
o corpo dele sobre o dela,
e o sangue misturado,
respingado na parede

e as formigas passeiam
 no sol da tarde
pelas frestas
dos azulejos



Niterói - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*


"a-fio"





(Dante Pincelli)





navegou dias

a-fio

(de pernas

abertas)

em seu novo

smart fone

novo

e

antes de morrer-se

deixou um bilhete

criptografado

sobre o  colo:

"meu amor,

não jogue absorvente

no vaso
e limpe

o sangue

do banheiro

da clínica."



Macaé -Rio de Janeiro




&*&*&*&*&*



"Distância"

(S. Quimas)


De ti restaram lembranças,
 Um cheiro que teima em meu nariz,
 Miragens de ti que se sobrepõem à realidade,
 Saudade de carmim
 Feito sangue nas frestas dos azulejos.



Rio de Janeiro - Rio de Janeiro




&*&*&*&*&*




''Açougue''

 (gri lo)



Palco de nossa mais recôndita selvageria
 Faminta herança de caçadores/coletores
 Profanadores da santa sacra Natureza
 Paraíso feito inferno de nós mesmos
 Juntos caminhando a esmo
 Abatedouros como destino
Catedral de distribuição de crenças
 Fraca carne carente de reposição
Autofagia como próxima lição.



Cambuí -Minas Gerais





&*&*&*&*&*





"Mar Vermelho Latino Americano"

( Andréa Amaral)


Um estampido.
Um gemido.
Uma lágrima corrente.
Um dente.
Um azulejo frio.
Um piso.
Uma parede quente.
Um passo a frente.
E de repente
Um lago, uma poça, um rio...
O Mar Vermelho escorrendo pelas frestas abertas da América Latina.
Uma menina... valente, Andina.
E o seu sangue no braço, no baço, nos azulejos, nos becos...
O silêncio agora atordoa.
O gemido cala.
A lágrima para.
O sangue seca.
E um azulejo frio se enche de vida
porque em suas artérias abertas,
corre uma história de vida e morte.





Nova Friburgo - Rio da Janeiro



&*&*&*&*&*


O tema para a próxima rodada é 

TREM

Sugerido pelo S. Quimas









 



quarta-feira, 8 de abril de 2015

I Festival Stella Monteiro de poesias (rodada 2)


     Stella Monteiro


O tema desta rodada é :

VENTRE

Proposto por Rai Blue.





Foto de Dante Pincelli
Dupla exposição-1987.






&*&*&*&*&*


"Evento"

(Paulo Acácio Ramos)



Quem abre a porta
Não está à espera
 De ver a face
 De quem vem
De trás
 As facadas
 Desferidas no ventre
As entranhas
Desfraldadas
 Vento que chia
 Nas frestas…
Quem abre a porta
 Não está à espera
 De ter a face
 Lambida
 Pelo vento
 O cheiro das samambaias
 A passar
 Por baixo da porta
 As dobradiças
 Abafadas
 Pelo ranger
 Das roupas que secam
 Quem abre a porta
 Não está à espera
 De levar com a porta
Na cara.





Trofa - Portugal 



&*&*&*&*&*






“CONCESSÃO”





 (RaiBlue) 





 Escavas minha mais íntima terra 

Com mãos boca e dentes



Minhas ancas

 Darão o ritmo do teu coração

Delas arrancas 
O segundo
 Terceiro
 Quarto
 Movimento

Fazes-me sinfonia inacabada 
Na partitura do teu corpo sedento

Na tua parte dura
 Eu amoleço

E cedo seiva fruto e semente
 Do ventre à tua garganta

Anda!

Essa noite Ainda serei tua potranca 
Para que me montes
 E me domes


Tomes os fundos do meu território
 Feudo que te concedo
 Meu obediente vassalo .


 



Salvador - Bahia



&*&*&*&*&* 
"bendito fruto"
(Dante Pincelli)


te adentro lento
te toco fora
te empurro dentro
aumento o ritmo
e
quando lá
bem fundo
no cerne do
teu íntimo
aquele desejo
incontido
de
nunca mais sair
e
ser o bendito
fruto
do teu ventre...
sem renascimento possível.



Macaé- Rio de Janeiro




&*&*&*&*&* 




"VENTRE"

(Jan Neves)



Entre o umbigo
 E o períneo
Vem o menino

Materna Idade
 Fogo que arde
 Esperma em liberdade

Falo entre lábios
Pelve em relva
 Gozos sábios

Nasce
 Morre
 Vai
 E
ventre


Rio de Janeiro- Rio de Janeiro




&*&*&*&*&*




"O Ventríloquo"

(Anderson Fortuna)


 
Do teu ventre emana o mistério
A centelha que rasga o espaço
As palavras que deliram o sonho
Do teu âmago verte o amálgama de todos os sentidos
Tangentes da alma
No teu ventre louco
O arcano Zero 0 alumia a alquimia, a senda
Então declama o menestrel
E reveste o castelo de ouro, prata e cristal
De todo brilho
Candelabros acesos
 Iluminam enigmas...





Rio de Janeiro- Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*




"Réplica da réplica"
(Zecafran) 

 No ventre da fruta
a semente fértil
deseja a terra
para engravidar
replicar a vida
réplica da réplica...



Niterói - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*




"Ventre rubro"

(Izaura Carolina)







Macaé- Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*



"Moção do ventre livre"

(Ricardo Prins)


 
Ó doce amada mãe de ventres mil  
Fez do menino infantil dentro de mim um homem
 (porque homem não é só o que come sem ter fome)
 Agora já foi, deixe-me ser livre e varonil
 Pra que, mesmo sendo homem, faça outros ventres mil

Onde estão teus ventres mil, ó minha amada 
Que, mesmo amada, a semente não abriu
 (porque homem que come nunca morre de fome) 
Me desculpe se ainda que puro, casto e varonil 
Falhei-te e assim e os ventres mil fiz co’a cunhada



Curitiba- Paraná




&*&*&*&*&*



"BEIJOS"

(Cinthia Kriemler)


gestação
vem
 trespassa as carnes
 flácidas que já não satisfazem
 teus desejos
 caminha dentro de mim estradas
 tontas — só mais uma vez
 faz dos rastros terra 
 de plantio e semeia no meu útero 
 cansado a tua lembrança
 para que eu possa (te) gestar
 saudade, eternamente
 no meu ventre-berço



Brasília- Distrito Federal



&*&*&*&*&*




"caixa acústica"

(Vinni Corrêa)


cordão umbilical
 vibra e no ventre
 soa o som do bebê


Rio de Janeiro - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*




"Ventre"

(S. Quimas)



De um ventre santificado nasci, 
Para morrer nos braços de outra, 
No serpentear de um quadril, 
Ventre que me recebe
 E me faz sonhar,
 Que me traz o Infinito,
 Na precisão de um segundo.
 Assim me entrego à sua cupidez 
E sacrifico minha alma 
A seus ilimitados prazeres,
 Fazendo-me inevitável prisioneiro 
Desse cálice que me é pródigo
 Em total sedução, 
Que se a mim derrama 
E tinge os lençóis da cama 
E de todo me tolda a razão.



Rio de Janeiro - Rio de Janeiro



&*&*&*&*&*


 

"Ao acaso Virgínia"

(Redson Vitorino)



Acendi uma fagulha dentro de mim com teu lodo
com alvejante nos olhos eu pude vê-la
 E era clara
primária que me ergueu
nas dobras da pernas rechonchudas
Sou graduado
se sou eu quem nego a estadia
 partindo desesperado com xícaras de porcelana
 um milhão de cabeças esperando a vez no teu útero
 com as mãos brancas por você eu estou
 Maldição do concreto que limita
milhas até cair mais uma vez
e nós estaríamos ainda mais longe


Petrópolis- Rio de Janeiro




&*&*&*&*&*



 

"Mulher de luz"

(Carvalho Junior)



por nove meses e um infinito amor ela nos abrigou na barriga,
 o filho não ingrato carrega a mãe no peito pelo inteiro da vida.


( do livro “Dança dos dísticos”)



Caxias- Maranhão


&*&*&*&*&* 




O tema para a próxima rodada é:

SANGUE NAS FRESTAS DOS AZULEJOS

proposto por Paulo Acácio Ramos.