terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

"Dois sambas pra 2013"

Caros leitores, aqui estão as letras de 2 sambas meus, um deles de parceria com Maria Clara Coelho, que estarão embalando os foliões no carnaval do Rio de Janeiro em 2013.
 

"Sambinha lento"

 é pro bloco 

"CARTOLA É DO CATETE E NELSON É DO CAVAQUINHO"

(DESFILE NA 2ª DE CARNAVAL ÀS 4:20 H NO LARGO DO MACHADO)

e

'Depois do fim do mundo a Cobra sarou"

é pro bloco

"COBRA SARADA" 

(DESFILA NA 5ª ANTES DO CARNAVAL ÀS 17: H NO PARQUE GUINLE)

 


(Dante Pincelli e Maria Clara Coelho)

...

bate outra vez
o meu coração nesse sambinha lento
minha voz se espalha com o vento
desse moinho do mundo apressado

e as cordas de aço do meu instrumento
que os dedos meus acariciam
descem as escadas e anunciam:
CARTOLA ESTÁ NOS BRAÇOS DO SOBRADO!!!


ensaboa, mulata
a minha fantasia original
eu vou sair de verde e rosa
vou gingando todo prosa
porque hoje é carnaval


e o sobrado 70
saúda o povo e pede passagem
trazemos pandeiro, cavaco e viola
se o Cartola é do Catete
hoje o Catete é do Cartola...


lá lá lá lá lá laiá laiá laiá laiá la´lá...





"Música incidental: "Ensaboa" do Cartola com paródia de Flavia Soares, Maria Clara Coelho E Dante Pincelli.
&*&*&*&*&*
" Depois do fim do mundo a Cobra sarou"


 (Dante Pincelli)



Venham ver
o tema genial
que o nosso bloco
traz pra esse carnaval...



Disseram que o mundo ia acabar
e não ia sobrar nada
nem sapo, nem princesa, nem história pra contar
adeus Cobra Sarada,



mas passou dezembro,
passou janeiro
que alegria!!!



O mundo não se acabou -ô ô........../
é fevereiro.................................../BIS
bóra cair na folia........................../



Ô Ô Ô - Ô Ô Ô............................./
Cobra Sarada já chegou.............../BIS
 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

"lugar inevitável"




"Lugar inevitável." -O conto 

( pra Beto Miranda.)

 







... quando me tranquei no quarto, lugar inevitável, ponderativo, ainda era início de tarde, mas formava-se um temporal tão contundente que parecia noite, porém,,, esta é a última visão de que me lembro lá de fora,,, tentei esconder de mim , as chaves do quarto,,, sequei os olhos na ponta do lençol e parei de pé, no centro, sob a lâmpada apagada,,, sabia que no clec da última volta na fechadura, trancara lá fora um pedaço de mim mesmo, mas um pedaço inútil, que me fizera viver intensa e tristemente os últimos anos,,, acendi um cigarro e fumeguei o ar,,, puxei todas as tomadas, rádio, abajur, relógio, alma,,, deitei no chão, ao lado do cinzeiro, assepticamente colocado ao lado da cama,,, a cada tragada, me vinha uma nova força pra prosseguir, a cada cinza batida aumentava a minha vontade da nunca mais sair dali,,, agora o temporal tornara-se concreto, com direito a todos os estrondos dos trovões que passavam pelas fendas da janela,,, meus desejos eram subjulgados pelo marasmo espiritual que acabara de se alojar em mim, acima do sexo e abaixo do umbigo,,, tentava mentir-me a respeito de todas as coisas significativas naquele momento: amor, vida, sexo, beleza, pureza, amor, amor... chorei ininterruptamente durante um tempo que não sei medir, sentindo dores que não sei contar, calafrios me deixavam cada vez menos confiante numa saída dali,,, levantei e olhei o espelho, minha imagem ainda chorava, embora eu permanecesse calado, imóvel, impávido, minha imagem saltou para a esquerda, então experimentei um enorme vazio, um oco que me realizava, tentei imaginar o nada, parei impotente e o espelho, ainda lucidamente, sem imagem, gelava embora eu continuasse ali: um sorriso, uma lágrima, o silêncio,,, me senti nosferato e, a vítima, era o meu próprio eu nefasto que há muito se escondia sob meu corpo caquético, empoeirado,,, de subito pensei nas roupas que punha pra secar ao sol da manhã e, que agora, deviam estar como minha alma: encharcadas a ponto de se desfazerem num leve toque de qualquer olhar,,, vedei o buraco da fechadura com massa de modelar vermelha e voltei ao espelho, dessa vez ela estava lá, minha imagem, mas agia como se não fosse minha autonomaliciosamente, corri pra cama abrindo em chagas, lastrando em dor, tentei gritar, a voz calou, tentei correr, faltaram pernas, tentei fixar o meu pensamento nos meus dias - diversões como se me pudessem devolver as chaves pra sair dali quando eu bem entendesse,,, não sei que horas eram do dia ou da noite então dormi um tempo, pois sabia que só o devagar do tempo, poderia desfazer.

1990