sexta-feira, 27 de setembro de 2013

"ladrão descarado"





Izaura, vc sabe como eu sou né?
quando eu fico longe , queria tá perto.
quando to perto quero tá dentro,
quando to dentro não quero sair mais nunca...
te encho o saco
te encho de poemas,
mas devo confessar
que não escrevi nenhum,
roubei todos,
roubei daquele morador de rua
que dormia com um caderninho esmulambado ao lado,
pois é, aquele caderninho tava cheio de poesia,
embora não estivessem escritas,
elas estavam lá
e eu peguei todas pra mim,
pra mim não,
pra vc, pra te dar
e as outras eu roubei dos teus olhos,
da tua insistência em ter comigo uma vida só.
hoje não to roubando nada,
to inventando essas coisa aqui,
pensando no dia em que vc lambeu a minha orelha,
minha não, tua,
tua porque vc evitou que eu a arrancasse
naquele dia em que eu queria ser Vangógue...
cada pelo do meu bigode
também não é meu,
foi o gato da Alice que me deu,
pelo menos dessa vez não precisei roubar,
mas como vc tá vendo
sou uma fraude
um equívoco
engano da vida vã...
quase nada em mim é real
mas meu amor por vc é!
sem beijo roubado
sem poesia dos outros
sem bigode postiço,
vivo de brisa se vc me olha
vivo feliz se vc ma alisa.
 
set/13