segunda-feira, 16 de abril de 2012

I Concurso de poesias Língua'fiada (Dor e Poesia)


O Tema desta 2ª rodada do

I Concurso LínguA’fiada

de Poesias é



DOR E POESIA

Apresentação Jan Neves:

Tira e põe zia nessa dor, traz o sofrimento à flor, e deixa vir ao verso teu penar. Rimarimaginarador que muitas vezes não cabe em palavras. Mas a poesia sabe contrabandear imagens para o lado do verbo e, de dor em dor, o poeta aprende até a fingir ser dor a dor que deveras sente.

Dores e dores, já dizia a das Dores: dor que se mente, dor que se sente, dor de gente, dor de dente, dor de amor, dor do espinho de uma flor, dor de noite e dor de dia, dor pungente e dormente, dor crítica, dor de azia...e dor...que também cabe na poesia.




&*&*&*&*&*&*&*&


“AUTOPSICOGRAFIA” (fragmento)


(Fernando Pessoa)


..............................................


O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente...




&*&*&*&*&*&*&*&*&*

os concorrentes:

&*&*&*&*&*&*&*&*&*



“ALMA RUTILANTE”


( J )


Oh..., face revelada

Velada, deitada palidez

Nudez dos meus sonhos

Tristonhos vagar

De ponta cabeça

Beleza real, imortal amor

Dor singela

Vela a paixão

Comunhão que se retrai

Esvai-se em lágrimas

Esgrimas do medo

No ledo engano da vida

Escolhida no tempo

E o vento do mal a levou

Calou meu acalanto

Do encanto, nada restou

Voas rumo ao além

Aquém da morte, sorriu

Iludiu-se ao sonhar

Amar o eterno

Fraterno a levou

Iluminou-se sublime luz

Conduz-me a reflexão

Sem a ilusão de te perder

E não crer na tez fria

Arrepia-me, ver-te beleza inerte

Flerte, tornou-se quimera

Quisera ter sido mais que amante

Alma rutilante que se dispersa.



&*&*&*&*&*&*&*&*&*



“Sacro ofício”


( Andrade)


A poesia causa dor lacerante

Na folha de papel

Que vê ceifada a sua pureza

Quando tocada pelo cabo úmido

De uma pena, com sutileza.


Desvirginada, a folha antes casta

Agora de sua essência se afasta

Cedendo todas as suas margens

Às invasoras que se dizem marginais.


Outros seres a possuem

Sem permissão.

Objetos pontiagudos,

Nas mãos de homens mudos

Que só dizem em poesia

Maculando a honra daquela

Cuja dor lhes é de serventia.


Poetas,

Réus sempre absolvidos

Pela absorção das palavras!

Bate o martelo:

Toda letra fere,

Mas toda palavra cura

Justifica-se em juízo

A dor e a desonra causada àquela que outrora

Era pura.

Diz-se que é ofício sagrado,

Desta mulher mariana, que recebe em teu ventre

Um filho nunca rogado.


À folha, resta o sangue

Azul, negro, vermelho

Que discorre poeticamente

Pelo alvo corpo passivo

Causa marca, permanente:

Território do (minado).


A poesia adoece a folha

Quando o verso dilacera ferida

Aberta às moscas,

Carne crua, fétida.

A violência se faz vã

Poeta condenado, e o rasgo

No coração, nos membros,

Súplica dolorida!

De cada canto,

De cada fibra,

Arrancaram-lhe a vida.

Corpo esquartejado

Relegado ao vento

Espalha-se pela eternidade

Como folhas de outono

Em plena invernia

Poética.


E, de vida própria, nunca se resta nada:

Mais uma página virada.



&*&*&*&*&*&*&*&*&*&*&*



“Temporal”


(Cachorro de Rua)


sentado calado

prestando atenção

no temporal

nafaisca e no trovão

minha mãe no quarto

reza ave maria

pedindo a DEUS protecao

o cachorro molhado na varanda

e o vento açoitando o portão

o tempo passa, o silêncio chegou

minha irmã maria já se deitou

meu pai acende um cigarro

dá um trago e polui o ar

e a terra de hoje

e de eras passadas

girando a gente, levando pro nada

e a terra de hoje

e de eras passadas

girando a gente

poesia e dor



&*&*&*&*&*&*&*&*&*&*&*



“Máscara de dor”


(Bené)


Dor, que penetra nas almas

Dores que se disfarçam em diversas

Máscaras.


A dor do parto é só alegria!

Dor do abandono é tristeza...

A dor da morte é poesia

Que oculta o grande mistério

Da natureza.





&*&*&*&*&*&*&*&*&*



"Poetar"


(Turrinha)


Não fosse a ansiedade pungente

E minha alma calaria!

Mudo espírito

Contemplativo, apenas...

Não fossem os veios abertos

E as angustiasjorrantes

Meu cérebro –porão desabitado –

Jazeria fechado

Silencioso e úmido.

Não fosse o carpir infatigável

Seleção de joios

No trigal da existência

E minha pena repousaria

No umbral das penas.

Mas a dor coabita e copula

Em minha mente

Gerando as tais flores de revolta

E poetar é preciso.

Não fosse o medo ancestral

Da fera, da solidão, da morte

E a implícita ameaça da danação eterna

E bastaria o caderno de folhas virgens...

Me calava!


Inerte, posição fetal

Larva, coliforme, unicelular

Mas viver é imperativo!



&*&*&*&*&*&*&*&*&*



“habitação“


(Sofia Amundsen)


a vida nasceu há pouco

tímida e apaixonada

como beija flor


a tinta pintou-se agora

antigo corpo lembrado

buscando assumir-se.


o vento assobia eterno

riscando a sequidão dos anos

nunca é tarde, nunca é cedo

o tempo sopra.


coração é coisa vaga

frágil tambor alçante

vodu de sangue a agulhadas

mais resistente de um sonho.


poesia copa de árvore

moita escondida no céu

habitada por tudo que vive

quer barulho ou silêncio


simplesmente habitada.



&*&*&*&*&*&*&*&*&*&*



“DOS CACOS QUE VOCÊ DEIXOU PRA MIM”


(Emanuel Ferreiro)


Dor

Toda minha dor

Incolor


Cor

Toda minha cor

Dissabor


Sabor

Todo meu sabor

Fecundador


Toda minha fé

Anterior


Antes

Todo meu antes

Intimidador


Íntimo

Todo meu íntimo

Desamor


Amor

Todo meu amor

Soldador


Sol

Todo meu sol

Causador



&*&*&*&*&*&*&*&*&*



“GRÃO DE POESIA”


(Erato poeta)


Quando escrevo, me doo.

Sinto ferir-me debaixo do braço a palavra paixão.


A artista sonha com um vestido de lâminas,

adereço de prazeres.

Ador é o seu estandarte, Pietá da beleza.

Ama e se apraz do amor em cama de pregos.

Acrílicas gotas de sangue cintilam feito fagulhas.


Para o pescoço da poesia um colar de agulhas.

As palavras são pulsares de dentro,

onde as ondas calejam ostras que produzem pérolas.

A dor é grão de poesia.



&*&*&*&*&*&*&*&*&*




"Sadô, o poeta"


(iniko)


Pelos olhos vívidos do ouvido silencioso
Que materializa o processo
Ele
Separa
Letraparte
Por letraparte


O sadomasoquista penetra pelos orifícios
Sem vaselina
Causando sensações variadas



Ele concebe estruturas complexas
Pra parnasianos e burrocratas dos lugares-comuns
Acostumados com poemas safadinhos
E jogados ao léu sem rigor estético algum
Como esta rima pobre, fraca e proposital realizada agora


Ele não sofre
Caga sua poesia com sua hemorróida sangrando
E espera que o líquido que sai de seu cu peludo
Acerte o rosto de alguém



&*&*&*&*&*&*&*&*&*



“A TINTA DE ESCREVER”



(Annie Alexandre Guerra)



Era uma doce anciã sentada.
Quem, feito ela, foi infeliz, compreende,
quando a alma inquieta
usa-se todo sangue do corpo,
como uma tinta de caneta,
para escrever versos.


Quis o tempo a tinta acabada.
A doce anciã descansa sem cor,
sem dor, nem sangue
na sua casa rosada.



&*&*&*&*&*&*&*&*&*



“DESVÃO”


(Scott B. Coffe)


Adorno-me com uma farsa:
a trapaça dos versos.
Faço da dor minha comparsa
e com ela atravesso.


Nego, pois negar é meu fado.
Finjo, pois fingir é meu ofício.
E a dor sempre comigo
à beira do precipício.



&*&*&*&*&*&*&*&*&*



“A gravidade de um suicídio”



(Reyú Maôro)




A alta velocidade
De um momento eterno
Rasga meus olhos
Sufocando-me.
Arrebenta meus pulmões
Aproximando-me
Do Vazio


Céu me toca
Cabeça a mil
Chão distante
Corpo constante


Céu me chove
Cabeça explode
Chão me chama
Corpo inflama


Céu me empurra
Cabeça urra
Chão me aguarda
Corpo flutua


Céu pára
Cabeça-vácuo
Chão me crava
Corpo espalha


Em poucos segundos
Deleito um Vazio cheio de Emoções
Findam Emoções cheias de Vazio
Dor vira poesia




&*¨&*&¨&*&¨&*&¨¨&*&¨







Para a próxima rodada, os poetas devem escrever seus poemas baseados na imagem a baixo e enviarem até segunda feira, dia 23/04, às 23:59 h. Preferencialmente pelas mensagens do Facebook.







ATENÇÃO!!!


A poetisa Anie Alexandre Guerra

ganhou um par de ingressos para um evento a ser escolhido por ela no SOBRADO 70- Rua Bento Lisboa-70 A- Catete- RJ.


https://www.facebook.com/sobrado70





Então fica assim:


Todos os poetasque vencerem uma rodada,

assim como

todosos jurados

serão agraciados com um par de ingressos, válidos por tempo indeterminado e que pode ser transferidos a uma outra pessoa da escolha do poeta ou do jurado.


(Entrem em contato comigo pelo Facebook ou e-mail

Para que possa providenciar o acesso de todos ao Sobrado)


Solicitem a amizade do

Sobrado 70 no Facebook

E fiquem por dentro da programação.



O Jurado Felipe Neto Viana, gentilmente cedeu seu par de ingressos do Sobrado 70, para o leitor que acertar quem vai ser o vencedor desta rodada e mais se aproximar do total de pontos.
Mas vc precisa comentar logado, ou seja pela sua conta Google.

Arrisquem-se!



O vencedor desta rodada ganhará um livro de contos de escritor Nilto Maciel.




"sem título"

(Dante Pincelli)


poesia que soa

ao mais leve toc

no peito

em chagas...


dor,

muita dor,

ato

ação

ator.



38 comentários:

  1. houve um "erro" na postagem do meu poema;
    segue abaixo corretamente, queridos

    Abs.

    --------



    habitação )


    a vida nasceu há pouco
    tímida e apaixonada
    como beija flor

    a tinta pintou-se agora
    antigo corpo lembrado
    buscando assumir-se.

    o vento assobia eterno
    riscando a sequidão dos anos
    nunca é tarde, nunca é cedo
    o tempo sopra.

    coração é coisa vaga
    frágil tambor alçante
    vodu de sangue a agulhadas
    mais resistente de um sonho.

    poesia copa de árvore
    moita escondida no céu
    habitada por tudo que vive
    quer barulho ou silêncio
    simplesmente habitada.

    ResponderExcluir
  2. Sofia, tentei encontrar o tal 'erro' no seu poema , mas não consegui, portanto envie-me uma mensagem pelo facebook indicando somente o trecho em que está o erro.
    Obrigado.

    ResponderExcluir
  3. Acho que foi aqui, nessa passagem, pelo que observei:

    "poesia cop
    a de árvore"

    O certo seria:
    "poesia copa de árvore"

    Não vi outros erros, deve ser esse.

    ResponderExcluir
  4. Gostei da Annie porque fez um poema simples e bem feito. O poema que fala do cu é imoral pra concorrer.

    Até logo

    Bené.

    ResponderExcluir
  5. O Sobrado 70 tem um imenso prazer em apoiar este concurso de poesias!
    no mês de abril não haverão eventos na casa, mas mês que vem a programação volta a ativa!
    Não esqueçam de adicionar o sobrado aos amigos no facebook para receber as atualizações.

    boa sorte aos poetas!

    ResponderExcluir
  6. coisa doída
    essa tal de poesia!

    Sofia to torcendo por você!!! muito bom =)

    ResponderExcluir
  7. ahh sim, vou arriscar
    sofia com 54 pontos!

    ResponderExcluir
  8. Bené dando show na poesia e no comentário... ahahah...

    Sobrado 70 de vento em popa, de dedo em riste, apontando as direções da cultura nacional de vários países...
    Carioquices deslumbrantes, bom gosto, gente bonita, comida boa e saudável, ambiente amplo, vista de cinema e, a não menos importante, cerveja bem gelada.

    ResponderExcluir
  9. Eu arrisco um palpite no poema ''Sacro ofício'' do Andrade, com 57 pontos.

    ResponderExcluir
  10. Andrade com 56,5 pontos.

    ResponderExcluir
  11. Aposto na Annie ''tinta de caneta'' com 55 pontos.

    ResponderExcluir
  12. ..."As palavras são pulsares de dentro,

    onde as ondas calejam ostras que produzem pérolas.

    A dor é grão de poesia."...

    Excelente... faço votos que ganhe com 58 pontos

    ResponderExcluir
  13. Desculpe-me Sofia Amundsen, o blogger deve ter quebrado a postagem e eu nem percebi.
    Já concertei e te asseguro que pros jurados , seu poema foi certinho.
    Grato.
    Um Abraço.

    ResponderExcluir
  14. Fiquei totalmente dividida: não gostaria de estar na pele dos jurados! Que beleza!Parabéns! Abraços

    ResponderExcluir
  15. Comentário no mínimo reacionário do tal do Bené. Que cada vez mais a poesia seja imoral, profana e sacana.

    ResponderExcluir
  16. Vibrei muito com a poesia de Andrade, “sacro ofício”!
    Me emocionei com "A tinta de escrever", que delicada poesia. Linda!

    Vou deixar o meu pitaco: 57,5 para "sacro ofício"!
    Um abração a todos!!!

    Si.

    ResponderExcluir
  17. Poesia de beleza não tem que ser imoral não. Vai que uma criança leia isso o que ela vai achar? É poesia ou sacanagem?

    Vamos ver quem vai mais longe se é o seu cu ou a minha moralidade.

    Até logo

    Bené

    ResponderExcluir
  18. Quem disse que a poesia deve ser bela? Leu em qual manual? Pound diz isso? O tiozinho que vende hot-dog na esquina? A Igreja?

    Meu cu vai muito longe, aliás, já foi e já voltou. Sua moralidade não vai pra lugar nenhum, porque a moralidade é estática e burra.

    Até logo não, não ando com reacionários e faço questão de manter-me distante deles, pois como qualquer acéfalo sabe, eles não acrescentam nada para a humanidade.

    Cervan

    ResponderExcluir
  19. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A poesia "sacro ofício" do Andrade, é significativa e revela a inspiradora sensibilidade do poeta. Quero apostar 60 pontos pra esta magnífica poesia.

      Excluir
  20. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  21. Eu estou torcendo por você Andrade 60 pontos!

    ResponderExcluir
  22. Aposto 60 pontos para o maravilhoso poema de Andrade: Sacro Oficio.

    ResponderExcluir
  23. Tive que transcrever este poema de Paulo Acacio Ramos:

    Se não dói não vale a pena ser poema

    poema
    remédio
    para a dor
    dor
    odor
    doutor
    contador
    portador
    doador
    rimador despudor
    trovador polidor
    poemador destruidor
    imperador
    tudo para
    incorporar a dor
    triturador
    para remediar
    a dor
    rimar dor com a dor
    coador
    ralador
    esfola a dor...

    PAR - PT

    ResponderExcluir
  24. “DESVÃO” (Scott B. Coffe)Compartilha com os pensamentos do velho e bom Fernando Pessoa - "O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente..." Achei bem colocado suas colocaçãoes. Se Fefe, tivesse vivo, te daria os parabéns; assim, por nós o parabenizo. Arrisco 57,5.

    ResponderExcluir
  25. kkkkkk achei bem colocada suas colocações.. é ótimo, meio que derundante, Fefe que me perdoe. E você Scott finga que não viu isso. Um abraço.

    ResponderExcluir
  26. Não quero mais papo sobre isso e vamos ver quem é o sem cérebro.

    Até logo

    Bené.

    ResponderExcluir
  27. Mais uma rodada extraordinária, por tudo o que ela apresentou até agora. Parabéns aos participantes e boa sorte a todos.

    ResponderExcluir
  28. vou fingir que nem existo

    ResponderExcluir
  29. Iniko: Poesia pra penico.

    Bené: poesia com chulé.

    ResponderExcluir
  30. annie...linda poesia

    ResponderExcluir
  31. ...cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é!

    ResponderExcluir
  32. Nássara (citação) (como o Caetano acima)18 de abril de 2012 às 20:33

    http://lh3.ggpht.com/_6hoR_0hyYLc/TK9Qh6U86BI/AAAAAAAAAa8/-g6XYULWRPQ/nassara-para-desopilar.jpg

    ResponderExcluir
  33. SCOTT, meu caro, você pensa logo... existe...

    ResponderExcluir
  34. Scott, você pensa logo... EXISTE.. Valeu.

    ResponderExcluir
  35. Scott é bom com gelo de água de coco.

    ResponderExcluir
  36. Agradesço aos srs jurados o toque sobre as falhas no poema gostaria dentro do possivel que fossem corregidas falhas futuras....meu teclado esta com serios problemas ....sou comerciante e so paro de trabalhar na madrugada ou em alguns casos quando almoço bem rapidamente....mesmo assim esta sendo um grande prazer em participar desse maravilhoso evento onde temos a oportunidade de mostrar nossas criaçoes....mais uma vez obrigado a todos...parabens aos amigos poetas por tao lindas criaçoes

    ResponderExcluir