O Tema desta 2ª rodada do
I Concurso LínguA’fiada
de Poesias é
Apresentação Jan Neves:
Tira e põe zia nessa dor, traz o sofrimento à flor, e deixa vir ao verso teu penar. Rimarimaginarador que muitas vezes não cabe em palavras. Mas a poesia sabe contrabandear imagens para o lado do verbo e, de dor em dor, o poeta aprende até a fingir ser dor a dor que deveras sente.
Dores e dores, já dizia a das Dores: dor que se mente, dor que se sente, dor de gente, dor de dente, dor de amor, dor do espinho de uma flor, dor de noite e dor de dia, dor pungente e dormente, dor crítica, dor de azia...e dor...que também cabe na poesia.
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“AUTOPSICOGRAFIA” (fragmento)
(Fernando Pessoa)
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente...
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“ALMA RUTILANTE”
( J )
Oh..., face revelada
Velada, deitada palidez
Nudez dos meus sonhos
Tristonhos vagar
De ponta cabeça
Beleza real, imortal amor
Dor singela
Vela a paixão
Comunhão que se retrai
Esvai-se em lágrimas
Esgrimas do medo
No ledo engano da vida
Escolhida no tempo
E o vento do mal a levou
Calou meu acalanto
Do encanto, nada restou
Voas rumo ao além
Aquém da morte, sorriu
Iludiu-se ao sonhar
Amar o eterno
Fraterno a levou
Iluminou-se sublime luz
Conduz-me a reflexão
Sem a ilusão de te perder
E não crer na tez fria
Arrepia-me, ver-te beleza inerte
Flerte, tornou-se quimera
Quisera ter sido mais que amante
Alma rutilante que se dispersa.
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“Sacro ofício”
( Andrade)
A poesia causa dor lacerante
Na folha de papel
Que vê ceifada a sua pureza
Quando tocada pelo cabo úmido
De uma pena, com sutileza.
Desvirginada, a folha antes casta
Agora de sua essência se afasta
Cedendo todas as suas margens
Às invasoras que se dizem marginais.
Outros seres a possuem
Sem permissão.
Objetos pontiagudos,
Nas mãos de homens mudos
Que só dizem em poesia
Maculando a honra daquela
Cuja dor lhes é de serventia.
Poetas,
Réus sempre absolvidos
Pela absorção das palavras!
Bate o martelo:
Toda letra fere,
Mas toda palavra cura
Justifica-se em juízo
A dor e a desonra causada àquela que outrora
Era pura.
Diz-se que é ofício sagrado,
Desta mulher mariana, que recebe em teu ventre
Um filho nunca rogado.
À folha, resta o sangue
Azul, negro, vermelho
Que discorre poeticamente
Pelo alvo corpo passivo
Causa marca, permanente:
Território do (minado).
A poesia adoece a folha
Quando o verso dilacera ferida
Aberta às moscas,
Carne crua, fétida.
A violência se faz vã
Poeta condenado, e o rasgo
No coração, nos membros,
Súplica dolorida!
De cada canto,
De cada fibra,
Arrancaram-lhe a vida.
Corpo esquartejado
Relegado ao vento
Espalha-se pela eternidade
Como folhas de outono
Em plena invernia
Poética.
E, de vida própria, nunca se resta nada:
Mais uma página virada.
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“Temporal”
(Cachorro de Rua)
sentado calado
prestando atenção
no temporal
nafaisca e no trovão
minha mãe no quarto
reza ave maria
pedindo a DEUS protecao
o cachorro molhado na varanda
e o vento açoitando o portão
o tempo passa, o silêncio chegou
minha irmã maria já se deitou
meu pai acende um cigarro
dá um trago e polui o ar
e a terra de hoje
e de eras passadas
girando a gente, levando pro nada
e a terra de hoje
e de eras passadas
girando a gente
poesia e dor
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“Máscara de dor”
(Bené)
Dor, que penetra nas almas
Dores que se disfarçam em diversas
Máscaras.
A dor do parto é só alegria!
Dor do abandono é tristeza...
A dor da morte é poesia
Que oculta o grande mistério
Da natureza.
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"Poetar"
(Turrinha)
Não fosse a ansiedade pungente
E minha alma calaria!
Mudo espírito
Contemplativo, apenas...
Não fossem os veios abertos
E as angustiasjorrantes
Meu cérebro –porão desabitado –
Jazeria fechado
Silencioso e úmido.
Não fosse o carpir infatigável
Seleção de joios
No trigal da existência
E minha pena repousaria
No umbral das penas.
Mas a dor coabita e copula
Em minha mente
Gerando as tais flores de revolta
E poetar é preciso.
Não fosse o medo ancestral
Da fera, da solidão, da morte
E a implícita ameaça da danação eterna
E bastaria o caderno de folhas virgens...
Me calava!
Inerte, posição fetal
Larva, coliforme, unicelular
Mas viver é imperativo!
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“habitação“
(Sofia Amundsen)
a vida nasceu há pouco
tímida e apaixonada
como beija flor
a tinta pintou-se agora
antigo corpo lembrado
buscando assumir-se.
o vento assobia eterno
riscando a sequidão dos anos
nunca é tarde, nunca é cedo
o tempo sopra.
coração é coisa vaga
frágil tambor alçante
vodu de sangue a agulhadas
mais resistente de um sonho.
poesia copa de árvore
moita escondida no céu
habitada por tudo que vive
quer barulho ou silêncio
simplesmente habitada.
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“DOS CACOS QUE VOCÊ DEIXOU PRA MIM”
(Emanuel Ferreiro)
Dor
Toda minha dor
Incolor
Cor
Toda minha cor
Dissabor
Sabor
Todo meu sabor
Fecundador
Fé
Toda minha fé
Anterior
Antes
Todo meu antes
Intimidador
Íntimo
Todo meu íntimo
Desamor
Amor
Todo meu amor
Soldador
Sol
Todo meu sol
Causador
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“GRÃO DE POESIA”
(Erato poeta)
Quando escrevo, me doo.
Sinto ferir-me debaixo do braço a palavra paixão.
A artista sonha com um vestido de lâminas,
adereço de prazeres.
Ador é o seu estandarte, Pietá da beleza.
Ama e se apraz do amor em cama de pregos.
Acrílicas gotas de sangue cintilam feito fagulhas.
Para o pescoço da poesia um colar de agulhas.
As palavras são pulsares de dentro,
onde as ondas calejam ostras que produzem pérolas.
A dor é grão de poesia.
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"Sadô, o poeta"
(iniko)
Pelos olhos vívidos do ouvido silencioso
Que materializa o processo
Ele
Separa
Letraparte
Por letraparte
O sadomasoquista penetra pelos orifícios
Sem vaselina
Causando sensações variadas
Ele concebe estruturas complexas
Pra parnasianos e burrocratas dos lugares-comuns
Acostumados com poemas safadinhos
E jogados ao léu sem rigor estético algum
Como esta rima pobre, fraca e proposital realizada agora
Ele não sofre
Caga sua poesia com sua hemorróida sangrando
E espera que o líquido que sai de seu cu peludo
Acerte o rosto de alguém
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“A TINTA DE ESCREVER”
(Annie Alexandre Guerra)
Era uma doce anciã sentada.
Quem, feito ela, foi infeliz, compreende,
quando a alma inquieta
usa-se todo sangue do corpo,
como uma tinta de caneta,
para escrever versos.
Quis o tempo a tinta acabada.
A doce anciã descansa sem cor,
sem dor, nem sangue
na sua casa rosada.
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“DESVÃO”
(Scott B. Coffe)
Adorno-me com uma farsa:
a trapaça dos versos.
Faço da dor minha comparsa
e com ela atravesso.
Nego, pois negar é meu fado.
Finjo, pois fingir é meu ofício.
E a dor sempre comigo
à beira do precipício.
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“A gravidade de um suicídio”
(Reyú Maôro)
A alta velocidade
De um momento eterno
Rasga meus olhos
Sufocando-me.
Arrebenta meus pulmões
Aproximando-me
Do Vazio
Céu me toca
Cabeça a mil
Chão distante
Corpo constante
Céu me chove
Cabeça explode
Chão me chama
Corpo inflama
Céu me empurra
Cabeça urra
Chão me aguarda
Corpo flutua
Céu pára
Cabeça-vácuo
Chão me crava
Corpo espalha
Em poucos segundos
Deleito um Vazio cheio de Emoções
Findam Emoções cheias de Vazio
Dor vira poesia
ATENÇÃO!!!
A poetisa Anie Alexandre Guerra
ganhou um par de ingressos para um evento a ser escolhido por ela no SOBRADO 70- Rua Bento Lisboa-70 A- Catete- RJ.
https://www.facebook.com/sobrado70
Então fica assim:
Todos os poetasque vencerem uma rodada,
assim como
todosos jurados
serão agraciados com um par de ingressos, válidos por tempo indeterminado e que pode ser transferidos a uma outra pessoa da escolha do poeta ou do jurado.
(Entrem em contato comigo pelo Facebook ou e-mail
Para que possa providenciar o acesso de todos ao Sobrado)
Solicitem a amizade do
Sobrado 70 no Facebook
E fiquem por dentro da programação.
O Jurado Felipe Neto Viana, gentilmente cedeu seu par de ingressos do Sobrado 70, para o leitor que acertar quem vai ser o vencedor desta rodada e mais se aproximar do total de pontos.
Mas vc precisa comentar logado, ou seja pela sua conta Google.
Arrisquem-se!
O vencedor desta rodada ganhará um livro de contos de escritor Nilto Maciel.
"sem título"
(Dante Pincelli)
poesia que soa
ao mais leve toc
no peito
em chagas...
dor,
muita dor,
ato
ação
ator.
houve um "erro" na postagem do meu poema;
ResponderExcluirsegue abaixo corretamente, queridos
Abs.
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habitação )
a vida nasceu há pouco
tímida e apaixonada
como beija flor
a tinta pintou-se agora
antigo corpo lembrado
buscando assumir-se.
o vento assobia eterno
riscando a sequidão dos anos
nunca é tarde, nunca é cedo
o tempo sopra.
coração é coisa vaga
frágil tambor alçante
vodu de sangue a agulhadas
mais resistente de um sonho.
poesia copa de árvore
moita escondida no céu
habitada por tudo que vive
quer barulho ou silêncio
simplesmente habitada.
Sofia, tentei encontrar o tal 'erro' no seu poema , mas não consegui, portanto envie-me uma mensagem pelo facebook indicando somente o trecho em que está o erro.
ResponderExcluirObrigado.
Acho que foi aqui, nessa passagem, pelo que observei:
ResponderExcluir"poesia cop
a de árvore"
O certo seria:
"poesia copa de árvore"
Não vi outros erros, deve ser esse.
Gostei da Annie porque fez um poema simples e bem feito. O poema que fala do cu é imoral pra concorrer.
ResponderExcluirAté logo
Bené.
O Sobrado 70 tem um imenso prazer em apoiar este concurso de poesias!
ResponderExcluirno mês de abril não haverão eventos na casa, mas mês que vem a programação volta a ativa!
Não esqueçam de adicionar o sobrado aos amigos no facebook para receber as atualizações.
boa sorte aos poetas!
coisa doída
ResponderExcluiressa tal de poesia!
Sofia to torcendo por você!!! muito bom =)
ahh sim, vou arriscar
ResponderExcluirsofia com 54 pontos!
Bené dando show na poesia e no comentário... ahahah...
ResponderExcluirSobrado 70 de vento em popa, de dedo em riste, apontando as direções da cultura nacional de vários países...
Carioquices deslumbrantes, bom gosto, gente bonita, comida boa e saudável, ambiente amplo, vista de cinema e, a não menos importante, cerveja bem gelada.
Eu arrisco um palpite no poema ''Sacro ofício'' do Andrade, com 57 pontos.
ResponderExcluirAndrade com 56,5 pontos.
ResponderExcluirAposto na Annie ''tinta de caneta'' com 55 pontos.
ResponderExcluir..."As palavras são pulsares de dentro,
ResponderExcluironde as ondas calejam ostras que produzem pérolas.
A dor é grão de poesia."...
Excelente... faço votos que ganhe com 58 pontos
Desculpe-me Sofia Amundsen, o blogger deve ter quebrado a postagem e eu nem percebi.
ResponderExcluirJá concertei e te asseguro que pros jurados , seu poema foi certinho.
Grato.
Um Abraço.
Fiquei totalmente dividida: não gostaria de estar na pele dos jurados! Que beleza!Parabéns! Abraços
ResponderExcluirComentário no mínimo reacionário do tal do Bené. Que cada vez mais a poesia seja imoral, profana e sacana.
ResponderExcluirVibrei muito com a poesia de Andrade, “sacro ofício”!
ResponderExcluirMe emocionei com "A tinta de escrever", que delicada poesia. Linda!
Vou deixar o meu pitaco: 57,5 para "sacro ofício"!
Um abração a todos!!!
Si.
Poesia de beleza não tem que ser imoral não. Vai que uma criança leia isso o que ela vai achar? É poesia ou sacanagem?
ResponderExcluirVamos ver quem vai mais longe se é o seu cu ou a minha moralidade.
Até logo
Bené
Quem disse que a poesia deve ser bela? Leu em qual manual? Pound diz isso? O tiozinho que vende hot-dog na esquina? A Igreja?
ResponderExcluirMeu cu vai muito longe, aliás, já foi e já voltou. Sua moralidade não vai pra lugar nenhum, porque a moralidade é estática e burra.
Até logo não, não ando com reacionários e faço questão de manter-me distante deles, pois como qualquer acéfalo sabe, eles não acrescentam nada para a humanidade.
Cervan
Eu aposto 54 pontos no Andrade.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA poesia "sacro ofício" do Andrade, é significativa e revela a inspiradora sensibilidade do poeta. Quero apostar 60 pontos pra esta magnífica poesia.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu estou torcendo por você Andrade 60 pontos!
ResponderExcluirAposto 60 pontos para o maravilhoso poema de Andrade: Sacro Oficio.
ResponderExcluirTive que transcrever este poema de Paulo Acacio Ramos:
ResponderExcluirSe não dói não vale a pena ser poema
poema
remédio
para a dor
dor
odor
doutor
contador
portador
doador
rimador despudor
trovador polidor
poemador destruidor
imperador
tudo para
incorporar a dor
triturador
para remediar
a dor
rimar dor com a dor
coador
ralador
esfola a dor...
PAR - PT
“DESVÃO” (Scott B. Coffe)Compartilha com os pensamentos do velho e bom Fernando Pessoa - "O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente..." Achei bem colocado suas colocaçãoes. Se Fefe, tivesse vivo, te daria os parabéns; assim, por nós o parabenizo. Arrisco 57,5.
ResponderExcluirkkkkkk achei bem colocada suas colocações.. é ótimo, meio que derundante, Fefe que me perdoe. E você Scott finga que não viu isso. Um abraço.
ResponderExcluirNão quero mais papo sobre isso e vamos ver quem é o sem cérebro.
ResponderExcluirAté logo
Bené.
Mais uma rodada extraordinária, por tudo o que ela apresentou até agora. Parabéns aos participantes e boa sorte a todos.
ResponderExcluirvou fingir que nem existo
ResponderExcluirIniko: Poesia pra penico.
ResponderExcluirBené: poesia com chulé.
annie...linda poesia
ResponderExcluir...cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é!
ResponderExcluirhttp://lh3.ggpht.com/_6hoR_0hyYLc/TK9Qh6U86BI/AAAAAAAAAa8/-g6XYULWRPQ/nassara-para-desopilar.jpg
ResponderExcluirSCOTT, meu caro, você pensa logo... existe...
ResponderExcluirScott, você pensa logo... EXISTE.. Valeu.
ResponderExcluirScott é bom com gelo de água de coco.
ResponderExcluirAgradesço aos srs jurados o toque sobre as falhas no poema gostaria dentro do possivel que fossem corregidas falhas futuras....meu teclado esta com serios problemas ....sou comerciante e so paro de trabalhar na madrugada ou em alguns casos quando almoço bem rapidamente....mesmo assim esta sendo um grande prazer em participar desse maravilhoso evento onde temos a oportunidade de mostrar nossas criaçoes....mais uma vez obrigado a todos...parabens aos amigos poetas por tao lindas criaçoes
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