segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Eu quero um Blues de Pandeiro!




Marimbondo no pé da vida

tava mais perdido
que cego em tira teima
tava mais confuso
que parafuso pra madeira 
rosqueando rocha
tava mais sem rumo
que sumo de boldo
na boca do bebê


Tava mais do que pra lá

ala la ô tava mais que papo caô
tava mais por for fora
que umbigo da vedete
pegava no tranco
e pintava o sete...
mandava água pra io-iô
se não me der apito
o pau vai comer.


Tava, não tô mais.

"tá ou não tá?"
mas se me der a chance, tô nele!
tava ou não tava?
tipo tábua de tirar cavaco!
tava ou trava?
índio que não tem apito
corre para a taba



Moça que não tem taba

homem sem tabaca
e tava na peneira
oitava perna bamba
se não der choro
com certeza dá samba.
acho que, neste caso, 
o bagunçado faz parte...
blues de pandeiro 
é uma antiga arte...


Dante Saraiva Pincelli & Paulo Acácio Ramos

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Histaminas



ah! o amor
esse eterno
despertador de suspiroso torpor vem lento

toma-te de assalto
ou leva um tiro
coração ao alto

cuidado que o amor
pode dar febre
e outras reacções alérgicas
euforia e alegria

cuidado com o amor
pois pode fazer acordar
mais cedo
com medo
na língua...
com um travo azedo


Dante Saraiva Pincelli & Paulo Acácio Ramos

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

"nosso filho"








(Dorah Andrade e Dante Pincelli)


Parece danada
De afiada;
De Havaianas coloridas,
Lambidas quentes e
E bem quistas

Deixa o machado
Malvado
De fora
E molha a lingua
E devora
traz o violão

em serenata serena
na tês da morena
que escurece ao entardecer
traz de tudo
que eu quero ter

Ter
Sempre o ter
E esquece o Ser
Que se revela
Meus
Nos versos
&
Teus.




Nosso filho? 
Nascido do acaso
 Sem descaso
 Dedicado
 A versos 
Nascidos do tesão da Vida.




Dante e Dorah, Dorah e Dante



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

"Às vezes parece que não, mas funciona!"





(Dante Pincelli e Paulo Acacio Ramos)


carameliza-me, caralho!
desboca-me e abocanha
molha-me, saliva-me, caralho!
despudora-me de manhã
enche-me de coisas doces
desmantela-me e desmonta
e enjoa-me, caralho!


ai, caralho
parece que não está funcionando!




sábado, 20 de fevereiro de 2016

"Corpoema" e "pé de acacios"








"Corpoema"

(Paulo Acacio Ramos)


este é o meu poema
e aquele corpo é teu
esse é o meu problema
esse teu corpo ateu

tuas partes tão sem rimas
meus versos tão sem rumos
tua língua métrica salivada
tua boca meu pau tua boca

teu corpo atua como um verso
tuas partes ascendem ao inverso
meu poema tua boca meu poema
meu esperma via-láctea universo

esse fôra então o teu corpo
e aquele poema seria o meu
que em corpoema se perdeu
assim se criou um problema




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'pé de Acácios"

(Dante Pincelli)


minha parte se desloca
meu poema provoca
no poema teu
meu corpo tenso

tristeza dos escritos
espera dos benditos
alegria de quem nem leu
o poema que se auto escreveu

sorrio num rio de moças
naufrago em rasas poças
não me curvo diante de um deus
poemas nossos, ossos meus

procuro uma rima fácil
num pé de Acácios
floridos de Prometeus
li, escrevi e nem doeu.




quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

"perguntas e respostas" ou "conversa entre poetas" ou ainda "vim de longe e tô com sono"



Quimas





(Quimas Silveira) 
de Friburgo
provocou:


Em um canto de mim
Há algo tão sombrio,
Onde só poderiam brilhar
Estrelas.






(Dante Picelli) 
de Macaé
respondeu:


as estrelas 
são tão brilhantes
que só poderiam
cantar em mim,
sombrio.




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Rai




(Rai Blue)
de Salvador
provocou:



Colidiram 
Numa tarde


Se destino
Ou desastre
Não se sabe


Eram dois planetas
Na rota incerta do dia
Contemplando a silhueta
Do sol


Ele era o sol que ia 
Ela a lua que vinha


Entre eles 
o vinho

Uma alcoólica alegria



Que percorria
As vias coronárias
Do acaso







(Dante Pincelli)
de casa
respondeu:




"gen"


câmeras de satélites
impulsionadas por poesia
e transmissão internética,
tornam a tua poesia
na minha poesia:

galáxias, macacos
barro, costela, genética...
.




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(Rai Blue)
de Salvador
começou e 
(Dante Pincelli)
terminou:






constato
com tato 


contatos imediatos
de grau indefinido
algo colorido...

colorido

na cor do pecado
pecado nosso
de cada cria...

você poetisa
me inspira
me inventa
me sacia...

todo amor
é feito de
poesia...





Dante












domingo, 14 de fevereiro de 2016

"garotinha"

O juca vem aí







(Dante Pincelli)



a garotinha mais bonita que já vi

não anda por aí

recebendo elogios
não corre em vazios
nos infindos vazios da juventude...


a garotinha mais bonita que já vi
é cheia de atitudes
e nem acha que é bonita
sua beleza saltita
na infinita graça que possui...



a garotinha mais bonita que já vi
brilha e flui
entre as ruas do Rio de Janeiro
ela tem cheiro de poesia doce
e, como se tudo fosse
por acaso, acidental
tem no corpo um quintal
com balanços, escorregas e gangorras
sobe e desce na zorra do meu olho...



a garotinha mais bonita que já vi
não faz nada pra ficar bonita
sua boca grita beleza
suas pernas são a correnteza
que me arrasta por aí, sem rumo...



a garotinha mais bonita que já vi
simplesmente existe em si
ela anda por aí
e ri
ah!
mas quando ela ri
se transforma na garotinha mais bonita do mundo.











quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Histórias de um carnaval no século XXI.

Comecei com um poema narrativo dos acontecimentos carnaválicos, daí , me parceiro irmão , respondeu, daí escrevi outro e ele respondeu, ele é demais.


Dante




"lanterna do olho da perna"
(Dante Pincelli)

foram tantas pernas
nas noites eternas 
de mais um carnaval...



grossas pernas
pós modernas:
me desgovernas em vendaval...



meu sonho hiberna
entre as pernas
do ombro da menina 
(uma em um milião)



robustas pernas
se fazem taberna
baderna que me beija
me encanta e dá a mão...



a perna se encaderna
em capa de pele lisa



minha mão?

sim, ela tá viva.








-quarta feira de brasas-2016-


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"retorna ao olho a vista"

(Paulo Acácio Ramos) furam tontas penas em açoites eternos de um festival do mais carnal... fossas de lágrimas pós-morenas: a governar um temporal... meu olho bigorna bate martelos pernas do escombro de um mínimo (um sem um irmão) roubadas as pernas no meio cavernas bandeira que beija me canta e me põe a mão... a perna desencadeia em sopro de pele brisa minha ou não mesmo assim, ela vive! na cinza de um quarta-feira em 2016


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'esquecer pra lembrar' (Dante Pincelli) esqueça as pernas apague os ombros arranque os cabelos desbote a pele murche a bunda... o que resta? a mais linda forma do ser: essência profunda brilhante e rotunda... meu encantamento me redunda... -Quarta feira de brasas- 2016-


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'nunca esquecer'

(Paulo Acácio Ramos) o que me sobra na pele explode na outra esqueça apenas esmague os escombros ataque os castelos desfaça o abraço desmanche e refaça... o que presta? o que a divindade te empresta... o que falta à forma do ser: ausência perfumada brilha, mareia e afunda... me entontece e desarruma meu desencantamento me universaliza... nas cinzas de uma quarta-feira - 2016


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Paulo




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Amor e Pás



Levo sempre um pouco
de ti nos meus olhos
assim cortina entreaberta
banho depois de foder

Trago sempre comigo
um raio da tua luz
tua cruz a cortar-me
as costas onde aportas

Lavo sempre em mim
tua boca suja
de fermento químico
de invento cínico

De colchão d'água
que jorrou dos teus choros
engolidos pelo novo
tudo novo tu de novo

Renasço como ovo
protesto como povo
mas, em verdade, 
nem me movo

Sigo comovido 
pelos milhões de moléculas
microorganismos
arrepios arrepios arrepios

Retornar ao caos
espremer o pus
deixar sair de mim
o que de mim já não importa

Repartir os últimos cacos
de existência
que em mim sobrevivem
sobrevir-me de lamas

Sobrevir-me da fama
que cavei com pás de deuses
um milhão de infinitas vezes.


Paulo Acácio Ramos 
Dante Saraiva Pincelli
02.02.2016