quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Delírio Doce



O manto que cobre
este rio que corre...
não se faz nobre 
pelo fato de existir
antes de tudo
morre sem poder antever o porvir
já não me dá banhos
de mãe-natureza
já não enche bocas 
com sua beleza...

o rio já não corre
morre e mata
peixes, gente, matas
em troca de sinistras
e nefastas bravatas...
Usam gravatas e assinam
Assassinam a Mata 
Licenciam barreiras rachadas
incertezas que cobrem rochas

o rio morre, 
o povo morre
o criminoso debocha...

cataratas de lama
lodo químico borbulha

o rio-animal sofre
o peixe-rio sofre
o rio-homem arrasta-se
sem forças
o rio-rio que adoçava
as bocas dos peixes
é só mais um descarrego

a nós, o medo
de que outros rios virão.

(Por mim já deu!)
(Por nós já deu!)
(Por uns Ateus!)
(Por outros Deus!)

outros amargos rios virão!


A oito mãos por:

PAR + Dani Da Terra + Dante Pincelli + Roberto Fernandes

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Golpe de Vista



queria saber de um detergente
para deter gente como você...

queria saber de um apagador
para tirar suas digitais do meu corpo
ou deixar ficar na pele
como a dor
como nódoas de café
num coador
queria saber
distinguir
que não é você na distância
entre tanta gente.

queria, urgente,
a fórmula secreta
pra fazer você sumir...

queria acordar
na hora de dormir

despertar
o ser inexistente
que resta em mim
sem sono
insano
assanhado pelo desejo
de lhe perder de vista
e depois distraído
pelas ruas
lhe ver em todas as capas
das revistas.

golpista!




PAR + Dante 11'2015

domingo, 15 de novembro de 2015

Templo que Corre!

Os deuses morrem
todos
da mesma doença:
tempo
...o tempo escorre
mofo
a sua sentença é:
nunca verás um deus.
O tempo
cansado
da tua existência diz:
adeus.

PAR + Dante 11'2015

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Dose Extra




(Dante Pincelli e Paulo Acacio Ramos)


  • sou feito de sonetos
    sinetas
    de livretos
    provetas
    retretas
    de poemetos
    terras de além-mar...
    provindas
    das longínquas

    liberdade
    é de outro lugar...

    sulfeto de cianureto
    sem panfletos
    sonatas
    retas
    perdidas
    de ver a metros portas
    de lugar nenhum
    nos corredores

    liberdade
    como mosto de lagar...







quarta-feira, 16 de setembro de 2015

É que partejar é assim...



Eu também sei que me faltas
que às vezes te evaporas
de mim para uma nuvem
da nuvem para o firmamento
mas meu coração ciumento
não quer andar na chuva
do teu esquecimento...

mas quando ressurges
na fumaça de uma noite insana
embarco numa nave
feita de pó de estrelas
e que viaja ao teu encontro
fico incrédulo
fico tonto...
e na insânia desse silêncio

me refaço
riso e braço
na insônia de acalanto
faço esperas de vapor
separo trevas
preparo trovas
e espero por ti a pingar-me suor
aparto as nuvens e as naves
e vejo-te estrela a luzir
para mim...

até ao reencontro
que é assim
sem freio
sem nuvem
sem fim.

PAR + Dante 2015



quinta-feira, 3 de setembro de 2015

"que a força esteja contigo, Gordinha."








(Dante Pincelli)


ela é mestra em assunto de academia
 em segredo de esquina
 sempre me ensina
as outras ondas
os outros mares...


deusa de templos
musa dos bares
 sempre aponta a direção
sugere a equação

compulsiva pela paz
no que diz, no que faz
 mas se tiver guerra
 troca bombas com o algoz...


ela senta pra ouvir história
 constrói castelos
 austeros e/ou efêmeros
 bebe etnias e gêneros
no café da manhã
vai à feira, à passeata
ao banheiro, ao Maracanã...

tem a coragem movida pelo propósito
 é um poço artístico
um espevitar holístico
 um misto de gente e beleza
o mundo é sua passarela...

a força que falta em mim
abunda nela.



25/07/2015

(1 mês antes do Juca nascer.)


domingo, 9 de agosto de 2015

"rimas ternas"






(Dante Pincelli)



queria um beijo
dessa tua boca poética
queria arrancar tua métrica
com línguA'fiada
e fazer uma versinho singelo
com rimas ternas
no meio das tuas pernas...




2015



sexta-feira, 10 de julho de 2015

"o Juca vem aí, lará lará lará"





que venha Juca!
cutuca que dá!

te apresento a tua casa
tua avó, teu pai e irmãos
e esta velha brasa
que me arde
mas nem machuca...

olha, Juca:
a vida pode ser linda,
tem Cartola é do Catete
bonecões de Olinda
Tambores de Olokun
Unidos da Tijuca...
também tem floresta na Tijuca
Pedra do Frade, Peito de Pombo
Canto  do Galo, pessoas amadas
tem que ligar as butucas...

sabe ,Juca?
a vida não tem sete estrelas
ela é cheia de baiucas.
tem gente que afaga
gente que chuta
gente boa, gente amável
gente desagradável
gente filha da puta...
 tem coquetel Molotov e de frutas
bola de golf, de volei, de sinuca
cabelo crespo, liso
claro, escuro
tem até peruca...

tem doce de leite, baleia jubarte,  paçoca
abobrinha, gafanhoto, mandioca
calêndola, gengibre, cevada
bala de tamarindo e de bazuca... 

tem beijo na boca
soco no saco
rolé de skate
tapa na nuca...
gente que abraça
que briga
que rebola
que batuca...

mas quer saber, Juca?
eu sou o cara (coroa)
que sempre vai estar aqui:
o ranzinza que resmunga
o aberto, numa boa
sem meia palavra
sem freio, sem trava
sem nó nem laço
sem arapuca...

pô, Juca!
a maior das minhas famas
é de ser uma pessoa
completamente maluca...
mas nem se preocupa
tua mãe me conhece bem
e ela é batuta...



Dante Pincelli

segunda-feira, 22 de junho de 2015

"a-mar-te"








(Zecafran e Dante)



olha pra fora,
tem tanta coisa boa acontecendo
e tem gente que fica aí perdendo tempo
discutindo coisas vazias
astronautas flutuam sobre a Terra.
há gente no espaço, o homem já foi à lua,
com a cabeça em Marte
eu ando na rua

olha agora,
tem tanta coisa se perdendo
e tem gente que fica aí acontecendo
discutindo o vazio das coisas
tucanos navegam sobre a Terra
agente de tempo e espaço a lua já aluou o homem
só sei amar-te.
eu ando na rua
pensando em você toda nua




terça-feira, 16 de junho de 2015

"a baleia vazia"







solidão espetando o medo
saudade rasgando a carne
tristeza mastigando os ossos...


diante do espelho
a lágrima
o silêncio
o vazio...




 (Dante Pincelli)

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Escolhas



...
prefiro morrer de noite
que ser teu servo pela manhã
prefiro quebrar-me de açoite
que ser um elo gasto
em tua torrente insana e vã
prefiro ser a vela
da nau n'areia
que perseguir o canto
de uma inútil e vã sereia.
prefiro ser corrimão
de escada de hospital
que deixar que me injectes 
teu destilado veneno
tuas agulhas enferrujadas
tuas falas analgésicas
Prefiro deslizar sobre 
lâminas afiadas num
Depósito de lixo urbano
que ser alvejante dos lençóis
que cobriram a ti
e teu outro amor
prefiro o dar
à dor ...
do que ressuscitar um amor.

Dante + PAR
 25.05.2015

terça-feira, 26 de maio de 2015

Sempre é Paliativo



resiliência malemolência mumunha
o grau exato contra quebradura
envergar é a lei com pica dura
meter a verga é que há de lei

disso eu sei
carregar o corpo já desistente
e uma alma empoeirada
que nem sequer existe
as almas não existem
isso é definitivo
isso de amar e para sempre
é que é paliativo

definitivamente
eternamente ou nunca
marque a resposta seta
cravada 
tatuada na nuca do poeta...
no nunca
diz a boca do poeta...
tão pouco
tão perto de quase nada.

e assim caminha
a humidade.

Dante + PAR
 23.05.2015

domingo, 24 de maio de 2015

Partes Íntimas



toda vez que leio as tuas mãos
na tela do meu computador,
suas linhas de fósforo verde
indicam o caminho errado que tomei
a conversa fiada que bradei
nossos instintos fora da lei...

e já não sei se quero continuar esse caminho
de não te tocar as partes mais íntimas
do pensamento
as pontas mais fáceis do tegumento
quando passa muito sem que leia
tuas digitais.

digito cálido , meu ser insiste
penso pálido, dedo em riste
ler-te aos prantos
é muito triste...


Dante + PAR
 22.05.2015

terça-feira, 12 de maio de 2015

I festival Stella Monteiro de poesias (rodada 7) (Final)

















Stella Monteiro






O tema desta 7ª e última rodada é

LIVRE







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"Pirulita"


(Izaura Carolina)






Macaé - Rio de Janeiro




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"quintal"


(Dante Pincelli)



no quintal da minha casa
quando, às vezes, me distraio
pardais dividem os pedaços de pão
colocados ao acaso
sempre no mesmo lugar
no quintal da minha casa...

no quintal da minha casa
quase todas as coisas tem asas
borboletas sobre margaridas e flores do mato
gafanhotos que devoram bertalhas
e toda a imaginação que voa à solta, sem pressa
no quintal da minha casa...

no quintal da minha casa
o peito arde em brasa
quando penso em fazer nada
ouvindo uma música silenciosa
tocando insistentemente
entre a mangueira e o banco da varanda...

no quintal da minha casa
me entorpeço com o cheiro da erva cidreira
olho o verde das bananeiras
às vezes, repico o sino
só pra quebrar a maravilhosa monotonia...

contemplo parado meu jardim
de trevo de quatro folhas...

esmiúço os mais longínquos
cantos do pensamento
e tento organizar o quebra cabeças
da minha memória
remonto todas as fases emocionantes
da minha história...

me aborreço e me alegro
no caminho de pedras
que montei enquanto chovia
e eu cantava
no quase perfeito
lado direito
de quem entra
do quintal da minha casa...



Macaé- Rio de Janeiro



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"Poema Sobre o Sangue do Poeta"

(Paulo Acacio Ramos)












"RIMAGENS"



Trofa - Portugal



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"rebuleada"

(Vinni Corrêa)



tocou o rebu
 rebuceteio
 tirou o buço
do zagueiro
 driblou buliçoso
o goleiro
 a bola rebuscou
matou no peito
 num rebuçado
 tiro certeiro
na torcida o rebuliço
 pelo gol do artilheiro



Rio de Janeiro - Rio de Janeiro



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"DANCE COMIGO"

(Jorge Luiz)



Quando você chegar
 Entre sem bater
Quando você for caminhar
Caminhe ao meu lado
Quando você voltar
Volta para mim
Quando você me olhar
 Me olhe com amor
Quando você me abraçar
Me abrace com calor
Quando você sorrir
Sorria só para mim
 Quando você me beijar
Me beije, com um beijo molhado
 Quando você me acariciar
 Me acaricie o corpo inteiro
 Quando você sonhar comigo
 Sonhe acordada
Quando você dançar na chuva
 Dance comigo
 Quando você me amar
 Me ame em 3 D.



Rio de janeiro - Rio de Janeiro



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"Estrutura"


(Izaura Carolina)






Macaé _ Rio de Janeiro



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"Urgência"


(S. Quimas)



É preciso urgência em escancarar as portas de nossas almas,
E de corações abertos e com um sorriso franco rasgado em nossos rostos,
Abraçarmos quantos puder e em todo o tempo em que vivermos.
Em nossas vidas sedentas de Paz Interior e famintas de humanidade.
É preciso urgência em resgatar o Amor, a Verdade e a Sinceridade
É preciso urgência em resolver as injustiças e as desigualdades,
É preciso urgência por atos heroicos em dizer “não” para tudo
O que ofende, discrimina, maltrata, escraviza e submete.
É preciso urgência em banir de nossa existência as banalidades,
A violência e as guerras, a indiferença com o sofrimento e dores alheias. As futilidades, o superficialismo que nos torna prisioneiros Do que há de menor em nossos espíritos e vidas.
Em fazerem o melhor e respeitarem toda a confiança que lhes foi depositada.
É preciso urgência em tomar as ruas e gritarmos a toda voz, Exigindo compromisso dos governos em atender às necessidades das populações, É preciso urgência no pão que alimenta a quem tem fome, Na água para aqueles que têm a garganta seca,
Que nos tornam incapacitados ao contato com nosso Deus Interior.
Na educação que valorize o homem e não naquela que o aliena, Na real e equânime oportunidade para todos para que se desenvolvam e progridam. É preciso urgência no Bem e no abandono de hábitos que nos corrompem, Enfim, é preciso mais do que urgência em nos tornamos verdadeiramente
Humanos.




Rio de Janeiro - Rio de Janeiro 




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"tasco"


(Zecafran)




 entao,
porque o mundo tem que ser assim?
um inevitavel drama,
onde a trama engole almas,
mas,quem disse que tem que ser assim?

quero um pedaço desse bolo,
minha fatia de felicidade...

dividimos o pão,
bebemos o vinho 
e cerveja também,

viver em harmonia,
a noite e o dia,
o agora 
e
 o que vem...





Niterói - Rio de Janeiro 




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"LÍQUIDOS METEOROS "

(RaiBlue)



. Dentro da concha do amor
a língua é líquido amniótico
mar que nutre as veias
as vias que veem o invisível.

No canto do olho
 um pássaro se aninha a outro
 e cantam juntos a palavra mais doce
despertando sereias que encantam as águas do corpo.

A fonte da palavra nunca seca
transborda e borda horizontes
além da linha que divide céu e mar

o infinito é uma mandala que não para de girar.

Paralelos os elos seguem
quasares espaço adentro.

Líquidos meteoros
Rá e Hórus
olhos famintos atirando raios
lanças de fogo no fundo do peito. .

Lua ao alcance das mãos.

 (Imagem: Melissa Cooke)





. Salvador -Bahia .



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"O duelo do solo"


(Redson Vitorino)


inócuo a cortaria
 Pra te ver gotejar sangue fora do mês

raspando teus pelos
E negando teus apelos

Eu te colocaria algodões no céu da boca

pra ter certeza de que suas lágrimas seriam doces quando caíssem

Eu te daria 7 palmos sem meu ego como adubo

Pra te ver florescer ao meio dia e lembrar do jarro que há dentro de mim



Petrópolis - Rio de Janeiro


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É com muito carinho e orgulho que agradeço a todos os participantes  e leitores 

deste I Festival Stella Monteiro de Poesias.

Que estejamos juntos nos próximos.



Grande abraço.

Dante Pincelli O Velho


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