sábado, 28 de abril de 2012

Apresentação de uma jurada, comentários e notas (Imagem)

A jurada Maria de Lourdes Almeida é professora de língua portuguesa.





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Comentários e notas
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"Origami Abstrato"
(Turrinha)



Marcelo Asth
O papel é um território vazio - aqui inutilizado pela tortura -, mas mesmo assim povoado de tintas invisíveis. A folha reclama aqui que está viva, na voz de Turrinha. Poema fluido, de imagens boas e soltas. Ponto para o “PÓ É MA” que surge visível nas invisíveis tintas. 
Aqui eu só questiono o uso da imagem de Kafka para chegar à ideia da metamorfose. Quando se fala em metamorfose, quase sempre nos lembramos desse autor. Se uma referência é trazida, com tantos significados e possíveis aberturas, talvez pudesse se apresentar com mais firmeza ou até mesmo com outras palavras que possam melhor trabalhar a ideia - para não tangenciar uma possível gratuidade da escolha. 
Nota: 8,5



Felipe Neto Viana
 Turrinha fez por merecer a primeira colocação na última leva. De um tom baudelariano para kafkaniano: é notável o repertório do poeta. Inteligente e sabe brincar com a palavra sem beirar a incoerência. O poema e o tema proposto estão em sintonia.
Nota: 8,5



Camila Furtado
excelente jogo de palavras, esbanja criatividade.
Nota: 9


Nilton Riguett
Nota: 8


Stella Monteiro- 4,5


Renata Buzak- 4


Izaura Carolina- 5


Maria de Lourdes Almeida- 5



Total: 52,5



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“Palavra-Tempo”
(Reyú Maôro)




Marcelo Asth
O poema possui um ritmo admirável dentro de uma estrutura fixa, de poucas palavras. Essa estrutura consiste em apresentar o estado da folha, o tempo como prazo, a palavra como inspiração/ação e o som - que aqui, sendo apresentado como último verso da quadra, parece de quadro a quadro ser uma folha amassada, que passa pra seguinte, ou o som da tinta do poeta em atrito com a superfície da folha.
Rimas não jogadas pelo poema, a fim de cumprir pares. Mesmo se algumas rimas podem se apresentar como fáceis, nessa estrutura elas ganham novos significados, quando apresentadas em relação com os elementos que compõe o texto. 
Dispensável o último verso, querendo concluir o que já estava muito bem fechado. Título apropriado.

Nota: 8,5



Felipe Neto Viana
 O poeta Reyú criou o que pode ser 'poesia'. Primeiro expôs todas as hipóteses e como verso de arremate, a tese. Panoramicamente, o tema escapou pelos dedos do poeta. A imagem sugerida não gera uma tese muito menos um 'som da palavra-tempo'
Nota – 7,5


Camila Furtado
Boa construção, parece trabalhado com técnica. Muito bom.
Nota: 9


Nilton Riguett
Nota: 9


Stella Monteiro- 4,5


Renata Buzak- 4


Izaura Carolina-5


Maria de Lourdes Almeida- 3




Total: 50,5



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“MIRAGEM”
(Erato poeta)



Marcelo Asth
Se formos escutar o poema de Erato enquanto olhamos a imagem, poderemos nos entreter com as possibilidades infinitas que podem existir num espaço vazio. Poema direto que, para falar do vazio, encontra um caminho inverso, trazendo ao leitor uma atmosfera, várias imagens e uma escrita atraente. O título define, pontualmente, o que será revelado.
Nota: 9,5


Felipe Neto Viana
Erato Poeta surgiu como favorito na última leva. Tem força poética e sabe gerar versos de efeito como nenhum outro poeta do certame. Entretanto, nesta leva Erato decepcionou a começar pelo erro gramatical observado na palavra 'anti', que seria 'ante' - forma abreviada de 'diante', 'perante'. A imagem sugerida também inspira uma miragem através dos vincos da folha de papel e nesse ponto o poeta soube se empenhar. No término das re-leituras do poema creio ter sido insensível o bastante para não sentir o impacto tão esperado. Não fique mais a desejar, Erato Poeta. 

Nota -7


Camila Furtado
Bacana, mas não encontrei muita conexão com o tema...
Nota: 7


Nilton Riguett
Nota: 9


Stella Monteiro- 3,5


Renata Buzak- 4


Izaura Carolina- 4,5


Maria de Lourdes Almeida- 2,5




Total: 47



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“DA POESIA QUE TENTEI ESCREVER E SÓ SAIU AUAU”
(Emanuel Ferreiro)





Marcelo Asth
Fazer um poema inspirado numa imagem pode nos apresentar muitas possibilidades de como se enveredar num tema. Pode-se descrever a imagem, tentar sentir o que a imagem traz ao poeta, pensar numa associação de imagem, etc. 
O vazio da folha é traduzido e trazido neste poema como um vazio que essa personagem-menina deixa: Um “gostinho sem prato, só fome”. Uma folha amassada, em branco.
O verso que se repete ao longo de todo o poema se desgasta, pois a menina já se apresentou ao leitor. As facetas e ações da personagem aqui nos são interessantes.
Alguns versos, sobretudo os do início, são mais frágeis e trazem rimas pobres, apresentando uma personagem com traços de esboço, sem força, deixando o leitor “amarrado a um poste”. À medida que o poema passa – quando ela “descoisa num porre” -, ganha graça e tem mais coragem pra continuar, embriagado. “E o mundo, aturdido, ainda ama essa esnobe” é um dos sinais de fraqueza do poema. 
Aí, quando ele consegue firmar o pé no chão, há boas rimas, como em “boca do pobre” com “ela perde, ela pode” e “sorte”. A relação de oposição entre anjo e demônio nos é apresentada com riqueza: “No céu é quem manda; no inferno se esconde“.
Ao “Au au” que o autor diz ter saído do poema, relaciono com esse uivo de cachorro pidão e perdido, do personagem que sonha com essa mulher que não está nem aí. Mas é só uma leitura. 
Nota: 8



Felipe Neto Viana
O título me causou estranheza e o poema confirmou a minha (positiva) estranheza. Surgiu o Zeca Baleiro da competição pois fez me lembrar uma de suas canções: 'Você é má'. E essa menina má descrita seria a folha de papel? De acordo com a minha interpretação, a construção poética do poeta Emanuel surpreendeu mais uma vez. Amor não correspondido e poeta não correspondido pela poesia que busca incessantemente. A poesia acaba por encontrá-lo e o poeta Emanuel come pelas beiradas nessa corrida.
Nota -9


Camila Furtado
Me incomoda um pouco a repetição do mesmo verso, mas o ritmo conquista.
Nota: 8


Nilton Riguett
Nota: 8,5


Stella Monteiro- 3


Renata Buzak- 4


Izaura Carolina- 3,5


Maria de Lourdes Almeida- 3



Total: 47



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“A dor do papel não sai no jornal”
(Andrade)



Marcelo Asth
Poema direto e original. Aqui, apresentado o fato da imagem como uma notinha, virou manchete o simples. Personagens vivos e fortes: folha e rascunho com futuro de obra. O título preenche as linhas.

Nota: 10



Felipe Neto Viana

Salve a condensação poética. Andrade se confirma como um dos favoritos e apresenta nessa leva um recorte de uma notícia de jornal que faz remissão ao estilo da vanguarda modernista. Andrade é um típico poeta modernista na era pós-moderna e já demonstrou essa postura com 'Bilacacos da arte' e na leva dos haikais. O título suplementa o poema e o faz ganhar força com a paráfrase de 'Notícia de jornal', de Chico Buarque. Faltou um pouco mais de estranhamento no poema e por isso faltou a nota 10.
Nota: 9 



Camila Furtado
O título promete mais do que o poema pode cumprir, mas pude captar a intenção criativa.
Nota: 8


Nilton Riguett
Nota: 7,5


Stella Monteiro- 4


Renata Buzak- 3


Izaura Carolina- 5


Maria de Lourdes Almeida- 3,5




Total: 50



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“DOS AMASSOS E SUAS IMPLICAÇÕES INADEQUADAS”
(Annie Alexandre Guerra)



Marcelo Asth
O poema não é forte sem o título. Este, aqui, apresenta bem o que será abordado. A musicalidade dos quatro versos iniciais é fluida e harmônica, sendo quebrada com a constatação final, dada de forma mais dura e direta.

Nota: 9


Felipe Neto Viana
A poeta Annie não fez jus ao seu pseudônimo nesta leva. Empregou o melhor título da leva mas pecou no conteúdo apresentado. Me senti lendo um artigo acadêmico ou no mínimo uma paródia do mesmo. A poeta renuncia uma postura para adotar outro extremo. Tenha cabeça e coração, Annie, e busque o equilíbrio. Quando aconselhei ter cabeça não lembro de ter dito para se esquecer do coração. A rainha guerreira certamente perderá o trono nesta leva.   
 Nota -8


Camila Furtado
Boa alegoria, divertido, inusitado.
Nota: 9


Nilton Riguett
Nota: 6,5


Stella Monteiro- 3


Renata Buzak- 3


Izaura Carolina- 5


Maria de Lourdes Almeida- 4




Total: 47,5




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“ORIGAMI KAMIKAZE”
(Scott B. Coffe)





Marcelo Asth
O que pode ser o passado da imagem apresentada na rodada? O “era” dos tercetos iniciais soa poderoso. O “agora” desacelera, faz pensar – um fade out poético. As imagens construídas são precisas, num poema altamente musical.
Nota: 10


Felipe Neto Viana
Scott B. Coffe entrou na corrida. Escreveu um poema enxuto e muito inteligente e produziu uma sonoridade oriental e única no título. O exército de dobraduras o fez vencer esta batalha. Não sou de parabenizar para não correr o risco de criar comodismo nas produções dos poetas mas nesta leva eu deixo minhas sinceras congratulações ao poeta Scott.
Nota-10


Camila Furtado
excelente , profundo. Uma obra de arte.
Nota: 10


Nilton Riguett
Nota: 8


Stella Monteiro- 5


Renata Buzak- 4


Izaura Carolina- 5


Maria de Lourdes Almeida- 2,5




Total: 54,5




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“Horizontes”
( Bené)





Marcelo Asth
O horizonte faz mudar tudo numa percepção. Os dois horizontes aqui trazem no branco, o gelo e a dor. O que é frio. 
A primeira interpretação da imagem é bonita. A segunda quase cai na óbvia descrição da imagem da folha amassada, mas se salva levando o poema pra cima da montanha, ao trazer a possibilidade de uma despedida de amor.
Nota: 9,5



Felipe Neto Viana
O poeta Bené se recupera com louvor da última leva. Arroz com feijão no dever de casa e toda criançada está alimentada de boa poesia. A montanha coberta de neve e a despedida de amor foram as melhores interpretações da imagem sugerida nesta leva, além de ter pensado cuidadosamente nos signos que estabeleceram os contrapontos entre um verso e outro: 'do alto do/sem horizonte', 'olhar descansado/olhar triste'. O poeta Bené está de volta a corrida.    
Nota 9,5



Camila Furtado
Belíssimo, dá pra sentir a frieza das palavras.
Nota: 10


Nilton Riguett
Nota: 7


Stella Monteiro- 4


Renata Buzak- 2


Izaura Carolina- 4,5


Maria de Lourdes Almeida- 3




Total: 49,5




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“Reciclagem”
(Cachorro de Rua)



Marcelo Asth
A ideia da reciclagem é a ideia da função do papel. O poema fica num lugar raso, sem apresentar imagens que emergem na leitura, mas possibilidades que não voam muito longe quando abordadas com o “quem sabe”. É uma distância grande entre o leitor e a imagem. “Morada de algum presente” é um verso sólido, que mostra uma visão certa do autor, do que ele quer mostrar.
Nota: 7,5



Felipe Neto Viana
 Que me perdoe o poeta Cachorro de Rua mas a poesia anda passando por outra esquina, e não aqui. Mesmo a simplicidade exige o estranhamento e quando não há o estranhamento que haja pelo menos um arremate ou um título que valorize a ideia simples. A imagem sugerida foi 'lida' trivialmente. Se o poeta Cachorro de Rua ainda deseja vencer essa corrida, precisa ser mais dedicado no certame e exceder o que aparenta ser possível.
Nota-6,5


Camila Furtado
Delicado, bonito.
Nota: 8


Nilton Riguett
Nota: 7


Stella Monteiro- 4,5


Renata Buzak- 1


Izaura Carolina- 4


Maria de Lourdes Almeida- 3,5




Total: 42




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“CARTAS”
(J)




Marcelo Asth
O poema mostra o receio dos conteúdos das cartas. Mas o conteúdo deste poema também se mostrou com receio em se apresentar. Muitas palavras para tomar o assunto. Enxugar essa vertigem e torná-la mais certeira pode ser um caminho para essas cartas serem abertas com vontade.
“Cartas descartadas” traz um bom jogo de palavras, mas fica solto no meio do poema.
Nota: 7,5


Felipe Neto Viana
O poeta J segura a lanterna da competição e seu esforço para alavancar na corrida vai colher bons resultados. Escreveu um bom poema - que poderia ser mais sintético - e criou imagens latentes como 'tenho vertigem só de olhar / fico a vagar com os olhos na porta'; a dúvida e o receio estão bem postos. Este pode ter sido o começo de uma trajetória significativa para o poeta J no certame.

Nota-8,5


Camila Furtado

Bonito, mas faltou o diferencial em relação ao tema. 
Nota: 7


Nilton Riguett
Nota: 7


Stella Monteiro- 4


Renata Buzak- 2


Izaura Carolina- 5


Maria de Lourdes Almeida- 3,5




Total: 44,5




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"sem murilo"
(Sofia Amindsen)






Marcelo Asth
Uma imagem vale mil palavras, dizem por aí. Aqui as três palavras valem a imagem, no vazio, sem Murilo, com essa dor imensa, esse amassado. Computando essa dor. A oposição entre o papel e o digital nos traz mais que o poema.
Nota: 9,5


Felipe Neto Viana
A poeta Sofia resolveu se transmutar da água para o vinho e o vinho que aqui traguei foi de qualidade contestável (por falar em vinho, necessito de uma taça do meu legítimo Merlot). A dor foi tema proposto na leva que antecedeu a esta e poderia ter sido sublimada no poema desta leva. A poeta Sofia foi da subjetividade ao reducionismo infundado. Estou a procura da folha de papel no poema; será que estou cego ou se trata da embriaguez do Merlot que ainda nem degustei?
Nota-6


Camila Furtado
Travei na interpretação, tem alguma informação que eu não li no poema. Certamente está ali, mas não apareceu para mim
Nota: 6


Nilton Riguett
Nota: 7


Stella Monteiro- 1


Renata Buzak- 1


Izaura Carolina- 4


Maria de Lourdes Almeida- 2




Total: 36,5




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" Ad eternum"
iniko



Marcelo Asth
O que guarda é a falta, Iniko diz. Aqui nada falta e nem precisamos aguardar o poema. Aqui está ele.

Nota: 9,5


Felipe Neto Viana
O poeta Iniko criou antíteses valorosas e o poema está no aguardo de uma folha de papel que não esteja amassada. O poeta Iniko é o pós-moderno sorvendo a sua geração até a última gota e está preparado para vencer essa corrida: basta alimentar o seu cavalo com poesia-capim e não somente com capim. Se não entendeu, te explico na última leva do certame. No aguardo.
Nota-9,5


Camila Furtado
Também fiquei no aguardo do poema. 
Nota: 7


Nilton Riguett
Nota: 7


Stella Monteiro- 4


Renata Buzak- 4


Izaura Carolina- 4,5


Maria de Lourdes Almeida- 3,5



Total: 49



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O poeta Scott B. Coffe, por ter vencido esta rodada
Ganhará revistas Coquetel
e um par de ingressos para o
Centro cultural
Sobrado 70:
Rua Bento Lisboa – 70
Catete – RJ.


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Lohan Lage
ganhará revistas Coquetel
Por ter apostado em Scott B. Coffe
com 56 pontos.