quinta-feira, 29 de novembro de 2012

"dias e Dias" (Para Tania Dias)







há dias e Dias...

dias pra chorar
Dias pra rir

dias pra esquecer
    Dias pra lembrar
dias pra lamentar
Dias pra comemorar
dias de chuva boa
de sol bronzeante
de vento fresco,
não importa o dia
pra se querer mais e mais 
Dias
em mim...
2012

Receba este poeminha com todo o carinho do seu velho amigo e admirador.



terça-feira, 27 de novembro de 2012

“olhente”



Foto de Izaura Carolina




lentes de ver o teu cheiro
oleiro modelando em afã
talismã, gozo inteiro
lascivo toda manhã...

amplidão
vista sobre meu ninho
mansidão
beijo com gosto de vinho...



o tempo é puro suborno
saltitando em torno
e o olhar, mero adorno
o foco está na palavra...

esperava voar
ao anoitecer
despertava do sonho
antes de se dar...


desenhando segredos que somem
na memória dos homens
corpos livres num só...

eu vi...


olhei pelo filtro
grande angular
abertura veloz
toda luz
revelar...

o zum  traz você pra mais perto...
meu olhar deserto.
2012 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

"sou imortal"

Em comemoração do aniversário da minha eterna musa, Izaura Carolina.



Izaura

Izaura


dizer teu nome já me deixa leso
quando repito feito uma oração
que pela vida comovido rezo
ajoelhado sobre essa canção


Izaura

Izaura


tocar teu corpo me deixa completo
nada me falta, sou imensidão
o sal da terra, a vida no deserto
a água viva da evolução


Izaura

Izaura


Izaura, um pequeno beijo
mata meu desejo
de ser teu igual

Izaura, um mero sorriso
vem como um aviso
que sou imortal...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

II Festival Beto Miranda de Poesias- Rodada 11/LIVRE


Publicação extra.









“O Olho do Furacão”




(Anderson Fortuna)





Centelhas surgem da nada
Do vazio que abrange um deserto
Cintilando
Explodindo
Em versos e poesia


O tempo então transparece
Transcendem as vozes
Que rasgam o ar


Ponho-me entre ventos





Rio de Janeiro-RJ



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Esta poesia de Anderson Fortuna chegou a mim muito tempo depois de ter publicado a última rodada do festival, por isso publiquei-a somente hoje, encerrando assim, este festival, com chave de ouro.

Mais uma vez agradeço a todos os participantes dessa festa incrível.

Orgulhosamente

Dante Pincelli


 




segunda-feira, 12 de novembro de 2012

II festival Beto Miranda de poesias. Rodada 11/Tema livre








O tema desta última rodada do
II Festival Beto Miranda de Poesias
é



LIVRE


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“O velho poeta e o tempo”



(Izaura Carolina)


















Macaé-RJ








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“sobre as novelas”




(Dante Pincelli)






represento ao vivo,
enquanto cativo,
corações desesperançosos...
assim,
sigo pisando em ovos.






Macaé-RJ







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“IMIGRANTE”



(Edweine Loureiro)





Lembra do lar,
distante…
E segue adiante.





Saitama-Japão







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“TEMPO ORAL”



(Jan Neves)





Na eira do barro,
um coração na boca engasga
e não reclama da barreira em lama
que rasga o morro
e apaga a chama antes do socorro!





Rio de Janeiro-RJ







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“Toda calmaria tem sua ressaca”



(Vinni Corrêa)






Toda calmaria tem sua ressaca
Embora bubuio na lua do corpo
Passo rente e não vejo nada
Em um beijo que oscila neste porto


A hora pode se perder no espaço
Mas os segundos cabem em cada momento
Ainda que alguém diga o abraço
Não há luz e trevas a um só tempo





Rio de Janeiro-RJ







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“o mar, a pedra e o homem”



(Zecafran)






eu sou a pedra

a pedra que o mar espanca

eu sou o mar

o mar que a pedra enfrenta

eu sou a terra

a terra que floriu a pedra

eu sou o ar

o ar que te sustenta

eu sou o homem

o homem que te inventa





Niterói-RJ







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"A Rena do Nariz Vermelho e o Bambi"



(Paulo Acacio Ramos)






A linda e maravilhosa rena...
Que se chamava Rodolfo...
Queria participar de um filme especial...
Voltado para a data de Natal!


Então, ela fez testes...
Em ambientes campestres...
E não foi aprovada...
Pobre coitada!


Mas, perto da sua cidade...
Surgiu a oportunidade...
Para fazer uma parte pequena,
Num filme pornográfico,
Porém cheio de poema!


Ela pensava que iria fazer o papel
De uma rena infeliz,
Que tinha um vermelho nariz!
Porém, seu ânus era apertado...
Pois, nunca fora violado!


Para o teste ela foi recebida
Por um cavalo da cor do maracujá,
Que disse logo para ela
Que era necessário fazer o teste do sofá!


Assim, o ânus desta Rena
Com cheiro almiscarado
Ficou vermelho e arreganhado!


No meio da tal filmagem...
Do filme de sacanagem!
A rena com seu espírito aberto
Conheceu o Bambi de perto!


Assim, surgiu um amor...
Entre estas duas criaturas
Abertas em flor!
Como a rena não aguentava
Emprestar o seu ânus para tanta sacanagem...
Ela resolveu fugir com o Bambi
Bem no meio da filmagem!


Assim, fugiram para a distante e fria Lapónia!
Hoje, o Rodolfo e o Bambi
trabalham para o Pai Natal
Na distribuição de presentes,
Num trenó que cruza o céu.





Trofa-Portugal







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“Navio das flores”




(Maria Mestriner)





Um navio cheio de flores
De alegria e saudade
Acharemos no caminho
A promessa
A direção
O horizonte a chamar
Nossas vidas a contar
Nosso supremo segredo
Nossos antigos amores
Navegando no oceano das pétalas, feitas das cores de nosso sentimento de procura.
Embarcaremos
Todos juntos
Nesse navio de flores





Americana-SP







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“Miscelânea (tudo junto)”



(Ana Gouvin)





Solto minha lingua afiada
revolta de teu desamor
amor bandido,
oculto para sempre.
Te distancio de mim
homem incoveniente
te deixo sem os dentes
não há mais mordida voraz
por debaixo de tuas máscaras
findou, agora jaz.
Enfim, liberta
aberta ao mundo
de olhos esgazeados
ao regalo que a vida me dá,
e que todos os Deuses
de repleta generosidade
vem me presentear.
Não eram castelos de areia
e sim, sólidos sonhos
fantasias concretas
adornadas de verde
e perfume jasmim
um lugar onde todos os pássaros
levam suas melhores cantadas
suas toadas...todas para mim.
E agora, depois de toda outrora
guardo na mente as lembranças
deste lindo festival
que termina no fio da lente
para sempre
aqui fora um lugar aprazível
mas aqui dentro,
no meu coração
um belo carnaval.





Rio de Janeiro-RJ







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“Antropofagia permitida”




(Angelo Colesel)






Lança sua teia de fibra prateada,
enrosca-me e prende este pesar;
devora-o e libera sua secreção em nova vacina.


Reata a adrenalina deste órgão pungente, e
devora-me com seu nefasto desejo,
eu absorto,
alio-me a esta antropofagia de gostos:


- no impávido desejo nos consumimos em
barbárie sublime...


Renascemos como guerreiros laureados
na glória do gozo!






Imbituva/ PR







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“EU E A RAPARIGA”




(Jorge Luiz)






Da ponte que me leva
Quem me leva sou eu
O rio que deságua
Enxágua a anágua na gamela
Ela na janela me olha
Olhos compridos
Despidos com malícia
A delícia do olhar me ensaboa
Uma canoa só para amar
Remar rio à dentro
No centro do rodamoinho
Um friozinho na barriga
Eu e a rapariga, em pré-amar
A amar na correnteza do rio
Erigiu-se em águas, a deusa do amor
Com uma flor saudou os flutuantes felizes
Raízes em maturação fecundada
Levadas pelas correntezas vazantes
Os amantes rumo ao mar infinito
Fica o dito por não dito, carente da verdade
Na liberdade das seduções
Corações impregnados com a maresia
Longe das fantasias, a deriva
Nativa flor do meu querer
Quero viver ao teu lado
Arrastado para horizonte
Na fonte do amor eterno.





Rio de Jeneiro-RJ







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“Sem título”



(Marii Brandão)





Minha voz secou
As notas desafinaram
Mas ainda estou aqui
Mas ainda canto.


Minhas pernas paralisaram
Meus passos tomaram outro rumo
Mas ainda estou aqui
Mas ainda caminho.


Meus cabelos caíram
Meus fios  mudaram
Mas ainda estou aqui
Mas ainda penteio o que resta.


Meu resto se purificou
Minhas grades ainda me prendem
Mas ainda estou aqui
Mas ainda procuro a chave.


Meus olhos afogaram-se
Mas minhas lágrimas não escorrem
Mas ainda ando
Estou aqui!
Mas ainda digo:
-Estou aqui!
Mas ainda mudo:
Estando aqui
Mas um dia eu fujo
Pra longe daqui.






Cruz das Almas-BA







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“Ao acaso”



(Andréa Amaral)






Os fatos ocorriam sem origem sabida,
com meio geralmente turbulento,
sem diagnóstico do fim.
E assim ocorriam as mutações...
Com intervalos de cachoeiras,
cheiro de mato e céu azul.
Relaxar era consequência, inevitabilidade;
e sem saber o porquê, a intuição.
Trajetória incerta, vagante,
feito vagalume no ar.
Registrar.
Na memória e na solidão
Escrever no chão.
Em vão?
Sem papéis,
possível revés...
e encontrar,
deixar correr,
dar vazão,
inflamar-se de tesão,
nas águas se perder,
nas águas se encontrar,
sem medo de se permitir,
o mistério do fluir.
Os ciclos do viver.
Noite ou dia?
Não importava, jamais.
Os fatos ocorriam sem origem
ou hora marcada.
É o que basta.


Nova Friburgo-RJ



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“O lixo”

(Lohan Lage Pignone)



Nasceu o filho de uma puta
Lá do morro.
Rebento do mundo
Desde o princípio.
Na lixeira da esquina,
Foi encontrado por um bicho.
Abriu o berreiro,
[Esse protesto que ecoa e se dissolve no ar.

O bicho era um homem
E o lixo, meu Deus, uma criança.


Trajano de Moraes-RJ



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“Noite sem porém”

(Redson Vitorino)



Um balcão
e uma garrafa
Um homem
e uma desgraça


Petrópolis-RJ



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“E agora?”

(Cinthia Kriemler)



Olha pra mim!
não finge que eu sou parede
não passa correndo
não desvia a rota
não acelera o passo
quando eu te toco o braço
com a minha mão que tem cheiro
de resto, de podre, de incesto
não tampa o nariz
quando eu abro a boca
sem dente
e o cheiro da aguardente
misturado à cola
vai na tua cara
desviada, indignada
de moço elegante, inteligente
que foi bem na escola
e subiu na vida
e subiu na torre
e olhou pra baixo
e cuspiu nos insetos
insistentes fetos
que teimam em não morrer
Olha pra mim!
eu ainda estou aqui
sobremorrendo
lentamente
te obrigando
(des) humanamente
a sentir medo do meu nada
que cerca o teu desprezo
Olha pra mim
olha bem, porra!
e me diz agora
: quem de nós é o inseto?


Brasília-DF
 



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Escrevi um monte de coisas pra agradecer a todos vcs, mas nada pareceu digno das suas pessoas, portanto resolvi terminar com um escrito de 1992.
Sintam-se homenageados em cada palavras que disse naquela época.



"quando releio o que escrevo."

escrevo, me invento, me reverto no inverso de cada verso que arremesso por extenso, penso, esclareço, meio tenso, meio leso, meio a esmo, exclamo, chamo, amo em cada fina linha que, de minha, passa a tua, nua e insinua o desate, o empate de cada fato, boato, de cada lógica, andrógena, alucinógena,,, me permito cada palavra no oco âmago de cada pensamento que invento e que alimento em cada rota sem sentido, em cada sopro no ouvido, agudo, ativo e então, só então, nasce o escrito, tornando-se real e dito o que andava tão somente escondido e aflito,,, eu escrevo e me reescrevo como escravo das letras que pingam lentas no peito frouxo ou na unha mínima do planeta,,, meus sentidos passam afazer sentido e lido com o que faço, mas se quiser, desfaço cada laço atado por meus escritos,,, escrevo enquanto cresço e leio o que mereço quando releio o que escrevo...

Bjs.

Dante Pincelli