sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Esqueleto



Como uma cover de santa Rita Lee
em êxtase grito:
bem dizia o maldito anjo Cazuza:
"Eu sou poeta e não aprendi..."

Amar o mar de destroços
deixados pelo niilismo de Raul
Sérgio Sampaio pondo paio 
no feijão dos  malditos...

berros, uivos e gritos
um mar de Elomar e 
Geraldo para navegar 
Vital até Xangai.

borrões, manchas e riscos
despetalar qualquer Florbela
desempoetar qualquer Pessoa

urros, rugidos e uivos
um Quintana, um Drummond
e mais um bocado de Melo Neto

navegar em dirigível de chumbo
salpicando gotas ínfimas 
dos repertórios do Velho PAR

barca de Caronte
voo de Belerofonte
rapto de Ganímedes
descer ao inferno ou
subir aos céus
com versos que 
começam meus e 
acabam teus
seguem nossos
como corpos fundidos

como um mantra de Neruda
ou um canto de Ana C
como eu a pulsar
dentro de ti
ou tu a derramares em mim.

PAR + Dante
 22.01.2015

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

"Sim, vem mesmo e podes ficar-me o tempo que nós quisermos"



Vivo, penso, canso... quase desisto.
Olho,rio, troco... sigo sem quê...
Bato minhas asas de barro
sobre o escárnio dos que pesam no chão.
Bato, sofro, rolo... quase me afogo.


Diz isto... ou diz aquilo!

Olho para um rio que troca seu fio e
Asas que me trazem o céu
para os olhos cansados
de tanto não, não sei, não.
Afogando-me, bato os braços
sofro falta de ar e rolo no barro...


Barro, berro,birra... quase inexisto

lua, escada, concreto... quase descaminho?


Me arrasto, voo, aterro chão sem asas,

desejo dois ou três dias
e um canto de cama,
um rodapé de tua casa.
Daqueles reservados 
a quem se ama e espera!


Enquanto isso teço uma coberta de espera

em retalhos sutis de ansiedade.


Enquanto isso teço uma coberta de tempo

em retalhos sutis de ansiedade.


Se assim pudera e assim fora...

ai quem me dera, meu amor
quem me dera, quem me dera.
Uma colcha dos retalhos
da tua escrita, dos desenhos
da tua pele ou dos nós do teu cabelo
que resiste, brando, ao vento.


PAR + Dante

09.01.2015