sexta-feira, 31 de março de 2017

Ave Mão



A minha mão sabe 
O que procura em teu corpo
No meio de todo esse teu
Um bocado do que for meu...

A minha mão desce
Rumo torto
Aos poucos se lembrando
Do que não esqueceu

Eternamente nua a tua mão
Sobre a minha, como uma ave,
Aninha...

Ternamente crua
Minha mão
Lê a tua
Linha após linha
O que de tua vida
Ainda pertence à minha

E assim dadas
Nossas mãos seguem distraídas 
...
Pelas ruas!

Paulo Acácio Ramos & Dante Pincelli
211230032017

terça-feira, 14 de março de 2017

Ouvi dizer que me amavas


Pouco me importa
se tu me gostas,
se trazes nas costas
as contas de amor
que jamais fizemos...

Que guardes em malas
empoeiradas de solidão
os restos desse amor
que já jazia em nós...
Antes mesmo de sê-lo.

Cofres de sete chaves
como quiséssemos guardá-lo
protegê-lo de nós e de si mesmo,
como quisessemos usá-lo
antes mesmo de abrí-lo.

E, num átimo, parí-lo,
dividí-lo, mastigá-lo, absorvê-lo.

E guiar-se, perder-se
novelo...

Paulo Acácio Ramos & Dante Pincelli
181405032017