domingo, 19 de maio de 2019

Copia e cola (em mim)



Há uma epidemia grave
de paladares exóticos
eróticos
na papilas exibidas 
daquela língua
que nunca pude beijar.

Porque não pude alcançar
teus lábios tão bons.
Porque tudo era um maio
sem rosas e sem neve...
Tudo era silêncio e a
nave não partia.

Ao mesmo tempo o tempo,
(ah! esse ladrão de pulsação.)
distancia outras bocas
lábios e dentes
bochechas e palatos
saliva e palavrão

e no meio, um rio (es) caudaloso
um mar inequívoco
um oceano
oceano de ócio por anos!

Por dentro aqui
uma enchente de lágrimas doces
doces como as mil saudades
que guardo pra ti...

Saudade dessa boca
de língua lata-latina
dessas mãos de escrita
condensada e convincente
dessa cabeça de poucos pelos
e muitos Paulos.

Devaneio fértil...

Desejo de um corpo
que se apresente nu e
inteiro à espera que eu
o toque de surpresa.
Que o trate leão e presa.
Um corpo de sensações
e saudade desesperadas.
Um corpo que não é meu 
por distância e não quero
por distração. Que queria
meu e não possuo e queria
possuir mas não tenho.
Queria cobrir de saliva
de poemas e palavras
de silêncio.
Cobrir de mim agora e Dantes.

PAR & Dante