(Paulo Acacio Ramos e Dante Pincelli)
Temos
conversa de compadres que nunca mais acaba
conversas
de abracadabra, sem padres, sem madres, sem deuses
Papo de
irmãos que nunca chega a ter um fim definido
papo
infindo, de irmãos chegando e partindo
Jogo de
bola de toma lá dá cá feito de passes certeiros
certeza
que embola o meio campo, mas nada, que um drible não resolva
Reverberações
silenciosas de ocultas horas de sonhos
Sonhos
que ecoam sob os colchões dos cadáveres da poesia
A
composição das nossas harmonias é dupla e fresca e clara
obra
prima, rima rara, morro acima, iluaiê odara
Dobramos
versos em cordas e fios de cabelos afinados
despenteamos
os acordes menores num solo de xilofone rachado
Retesamos
nervos e músculos na luta proscrita das clavas
cravamos
setas incertas nos corações dos neo-estetas
No duro
depois do suor do fazer as palavras ditas a dois
feijão
com arroz, dois ovos fritos sob a gola do sobretudo do poeta inglês
Diante um
do outro sem ver sorvemos verões
sol-vemos
em brilhos e vírgulas, na cara estampada de feliz
Em nossos
corpos cansados das libações outonais
Tocam-se
num ínfimo átomo do distante momento
lua, sol,
dó, si e, lá, onde a curva faz o vento
Água, cal,
pedra, poesia, sangue, porra, suor e cimento.
O VELHO
PAR
TROFAS
MACAENSIS
MAI/13