segunda-feira, 7 de abril de 2014

Nu Desde Nós


quero ver-te sempre nu 
e feliz e sentir-me feliz 
porque estás nu 
e por que posso 
escorrer meus olhos 
sobre ti e a tua nudez
 deleitar-me 
na descoberta 
lenta de cada dobra 
e extremidade
beber com as retinas 
a tua humidade...

a tua humanidade,
tua nudez
é tão humana
quanto um rio
reafogando
um corpo solto
morto na corredeira
posto na geladeira
nu...

quero ver-te sempre nu 
e feliz e sentir-me nu 
porque estás feliz.

nu, atrás da porta
nu, num veleiro mediterrâneo
nu, comendo pão
num café parisiense
nu, porque nu sou inteiro eu.
nu e porque não
nu e porque nunca nu
nu e por não estar vestido
nu por nunca ter perdido a luz
nu e porque não dizer
vestido da própria nudez.

nunca perto
nunca longe
mas sempre nu
como a essência
dos pensamentos
a indecência
dos inocentes
pornográfica e
deliciosamente
nu.

despido de mim
faço como tu e dispo-me
de ti também
como se deve despir aquele
que ama
aquele que quer
aquele que deseja
faço como tu
e dispo-me da minha 
e da tua nudez.

despido de estupidez
assim se faz o 
intenso e imenso nu.

Paulo Acácio Ramos e Dante Pincelli
07.04.14

2 comentários:

  1. Quanto mais converso com esta nossa cria, mais gosto dela, mais gosto e gosto que me enrosco! PAR

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  2. Coisa linda, nossa última filha.
    Geremos outras, muitas outras.

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