quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Deitando em Mim



Prevejo-te a adivinhar-me
A fazer-me esquecer-te
Desvelo-me em segredos
Revelo meus azedos.
Atiro-me em ti
Azul meteórico.

Não guardo segredo
Sou o arvoredo
Que dormiu mais cedo
Pra não curvar-se
Ante a ventania.
Retiro-me em ti
Azul metafórico.

Sou jabuti
Antônio, eufórico.
O tempo é simbólico.

Deitas sobre mim, essa cara
De embolia pulmonar
E doença terminal,
Como se fosses uma semente
Que não brota.
Pois que caiu sobre a pedra bruta.
Deitas sobre mim esse olhar
De dinossauro faminto.

Deita…
Deita sobre mim
Algo que seja teu
Tão-somente teu.

Deita sobre mim e esquece
Ou finge que esqueceste
Mas, ainda melhor,
Esquece tudo o que fingiste.
Eu, sob teu deitamento
Finjo que gosto

E nesse gostar pretendido
Ser um ser que devia ser
Ou que querias ter…
Mas não, apenas não.
Não há qualquer possibilidade.
Não há mais quase nada.
Que se possa pretender
Que estivesse a contento
E ao sabor do vento…

Nenhum possível movimento.

Nem um possível envolvimento.

Paulo Acácio Ramos + Dante Saraiva Pincelli
141430112016

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