quinta-feira, 22 de setembro de 2011

1º festival Beto Miranda de poesias (rodada 4)

Quarta feira, quarta parte, quarta dimensão, quarta nota musical, quarta pessoa da fila, quarta letra do alfabeto, quarta vogal, quarta avenida, quarta casa, quarta palavra, quarta, quarta, quarta?
No fundo, no fundo, o poeta sabe!!!
O tema dado para essa rodada é

QUARTA.



Cristal”

(Paulo Acácio Ramos)



Dança corpo
semimorto
neste entrudo
percussivo
abstracção do
abstracto
desconstruído
dói um corpo
que não sustenta
o arco celeste
em seus ombros
pescoço que estala
espalham-se
no chão
as vértebras
manhã clara
de quarta-feira
de cinzas.
Não sabemos bem
de onde, ou quando,
mas há de vir
de algum lugar
a vaga que levará
os restos dos
pesadelos, e
dos farrapos, e
dos grilhões da
esperança, a
qualquer momento,
em edição especial,
ou em programação
normal com o melhor
do carnaval.



"prato do dia"

(Thiago Cervan)

anuncia o quadro negro
colocado na calçada
do restaurante boca de porco
da esquina perto do escritório
que hoje tem feijoada

dia cravado
no meio do calendário mercantil
que conta quanto falta
pro simulacro do naco
de vida de fim de semana

quarta-feira cinza
em busca de
outros tons e algum pf
sem carne





“quarta”

(Dante Pincelli)

...........................................(Para leila Gross)


dançando você não tava!

aí telefonei,

sua voz acalmou

e trouxe presença

(queria saber teu cheiro)...


então, à noite,

dormi

e quase sonhei contigo.



“miércules”

(Dante Pincelli)

...........................................(para Leila Gross)


bailando usted no estava!

entonces telefonie,

tu voz acalmo

y trajo presencia

(queria saber tu olor)...


em la noche

dormi

y casi soñe contigo.






“A Partida”

(Camila Furtado)



Ah, a quarta...
A noite era tão nossa
E eu era tão tua
Éramos multidão.

Pelas pernas me sobe a vontade
De tê-lo de volta no horário nobre
De aturar teus ímpetos de lua
Quarto crescente
Sala
Cozinha
E banheiro.
Chão.

No sofá-arquibancada, hoje sobram lugares
Cerveja esquenta em cima da mesa de centro
Tira-gosto não cumpre seu papel e o gosto ruim não sai
A torcida faz, excepcionalmente, 90 minutos de silêncio.





Para a próxima rodada estarão os poetas

Maria Clara Coelha,

Lohan Lage,

Marcelo Asth

E Anderson Fortuna

que deverão escrever uma poesia sob o tema
FESTA.




As poesias devem ser enviadas pela mensagem do FaceBook até às 18 horas do dia 26/09 –segunda feira.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

1º festival Beto Miranda de poesias (rodada 3)


Chegou a hora dos poetas esquecerem as alegrias, esparramarem suas dúvidas, dores e angústias, pois o tema agora é o

PESSIMISMO.




Oh! Dia... Oh! Vida... Oh! Azar...





“Sem Título”


(Jan Neves)



Ao susto, crenças do abismo,
somaram-se fatos, crenças do destino,
que trouxeram ao ser o desatino

e sufocando o então élan menino
fez-se do atavismo e do temor insano
o pessimismo orbe-urbe-humano
,






“#2”


(Rafael Rodrigues)




quando
quase
tudo
certo
paro e
penso:



assim,
é isso mesmo?
isso mesmo -
assim?






“ENSAIO III”


(Ricardo Thadeu)




aquela meia-calça

aqueles óculos escuros


não há engano

nem efervescência


coloco a vida num copo

e deixo-a dissolver





“Sem título”

(Celso Baquil)



Ela cotu"VELOU" a minha "K"ostela e disse: estou ouvindo vozes
Levantei trôpego procurando a seringa literária
esse NEGÓCIO de ouvir vozes
só se for um FINNEGANS WAKE cheio de palavrões
sentei-me ao pé da cama
onde estaria a SERINGA?
Porque "SOUL" "TAO" Suburbano
Aguentar ELA
todos os dias
Antes
quando como era jovem
escrevia para mim assim:
Vou te clarear Lispector
agora velha feia
e TREMELIKANDO
"BAFA" SCHOPENHAUER
na gaveta
uma faca
luzindo










Na próxima rodada estarão os poetas:
Camila Furtado

Thiago Cervan
Paulo Acacio Ramos
e Dante Pincelli



As poesias deverão ser entregues até às 18 horas do dia 22/09- quinta feira, pela mensagem do FaceBook.


E o tema é:


QUARTA



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

1º Festival de poesias Beto Miranda (rodada 2)





Mão na nuca, no sovaco, na costela, na virilha, no pé... O tema desta 2ª rodada é CÓCEGAS...

AHAHAHAHAHAHA








“Sem título”

(Maria Clara Coelho)


que coisa é essa

que vem

biquebiquetrim
gargalhando com as mãos
xiquetiquevique

Some e volta
Ai

Onomatopeias
prosopopeias
epopeias

nada resiste
derrama água
levanta anágua
olho d´agua

Vixe maria
que tristeza boa
que cansaço torto

dentes e dentadas
suor de barriga
riso com lágrima
e tudo parece fazer sentido
e dá vontade até de inventar palavras





“Cócegas”

(Marcelo Asth)



Quando, às cegas, na noite tateia,
Meu corpo alegre em cócegas ri.
Teus dedos vêm contar-me uns segredos...

Me convulsiono, tímido a descobrir
Que esses dedos contam-me convites
Pra passear em ti a nos sentir.

Parte de mim treme terremoto
E de minha boca saem estrondosos risos,
Quando teus dedos por mim passeiam
Despertando a pele em teu terreno liso -
Que se disfarça em pêlos assustados
E se reveste cheia de bolinhas.

E de tanta cócega e cosquinha,
Me acostumo e controlo o tremor
Ao repousar a tua mão na minha.

E os dedos,
A tatear torpor...






“Cripta Fêmea”

(Anderson fortuna)


Arranho cada canto do teu corpo

Eu canto nos quatro cantos
Da Tua alma

Eu sussurro no Teu olvido

Gemidos sentidos

Minha língua úmida desliza
Nas suas

........c

u

..........r

..v

...........a

...s


Bela paisagem

Teus caminhos, vales e fendas
Ela roça nos teus mamilos
Eles penetram minha boca louca

Minha língua roça na tua roça
Tua plantação, tua mata
Ela te mata de tesão

Arranho o teu segredo

Faço cócegas no teu grelo, um ósculo

Ouço gargalhadas na tua caverna
Orquídea molhada

Borboleta no meio das pernas

Cripta fêmea incandescente
Enigma sem fim da eternidade
Mucosa gostosa
Que abrange todos os espaços

Cócegas no teu cóccix
Uma delícia de carícia

Em espasmos teu ser em êxtase

Sozinhos
na Ilha de Córsega


Te faço cócegas na Ilha de Córsega

Assim te preparo para o delírio, o lírio

Do meu falo teso de Corcel





“GARGALESIS”

(Lohan Lage Pignone)


Cocega-me,

O riso sinaliza o perigo
A invasão
Mecanismo de defesa
Deste corpo-prisão.

O alarme dispara:
Gargalesis.
As grades:
Sorrisos de ferro na vertical.

Cocega-me,
Permito-lhe
Assalta-me os dentes
E minhas velhas obturações
Assalta-me as lágrimas
Das risadas aos borbotões.

Cocega-me,
Quero rir em demasia
Mesmo
sem vontade, provocado

Por teus dedos híbridos.

Cocega-me,
Minha fisiologia responde
E os sovacos de minh’alma
Não sentem nada.



Para a próxima rodada teremos os poetas:

Jan Neves
Ricardo Thadeu
Rafael Rorigues

eCelso Baquil

Que escreverão sobre

PESSIMISMO.

As poesias devem se enviadas até segunda feira às 18 horas pelas mensagens do FaceBook.




segunda-feira, 12 de setembro de 2011

1º festival de poesias Beto Miranda. (rodada 1)

Compre seu ingresso, pipoca, bala, refrigerante, entre na sala, tapete vermelho, sente e relaxe, vem aí os poemas sobre CINEMA. Como no início da história da telona, aqui não tem áudio, é tudo visual, mas se você se concentrar direitinho vai ouvir cada trecho, cada verso dos poemas e se emocionar com a seleção de letras destes poetas.
Boa leitura.
Ação!






“Lanterninha”

(Paulo Acácio Ramos)



O que revela
Tanta fita
Tanta tela
Uma tarde uma bela
Um último tango
Um último imperador
Um império dos sentidos
Câmaras lentas
A lamber paisagens
Grandes planos
Psicoses e Pássaros
Caçadores de Andróides
Aliens e Interiores
Deuses e Monstros
Um banho de mar
Um banho de sangue
Toda a nudez
Bonitinha mas ordinária
Guerras de sexos
Amores de guerra
Luta luto
Tempos modernos
Morangos silvestres
Gato puta
8 ½ Decamerão
Penumbras de sombras
Nos olhos
Tela que queima
Vento que tudo levou
Murros e beijos
Imagens em movimento
Barbarella Emmanuelle
Cinderela.



" la mala educación"

(Thiago Cervan)

volver e vou ouvir
dentro do compasso
trinta e cinco por dezesseis milímetros
a harmonia do movimento do som da foto
poltrona pipoca coca
mão no ombro
mão no cabelo
mão na coxa
beijo
lanterninha

the end




“Sessão das duas

(Camila Furtado)


Deleite para teus olhos
Meu coração, poesia na tela
Que chora, ri, se desespera.

História clichê
Que hoje em dia
Ninguém ousaria filmar
É drama, suspense, romance
Roteiro clássico para um film noir.

Imagens em preto e branco
Que o tempo emudeceu
sequência mal elaborada
Na qual o mocinho morreu.

Eu, que pouco sei atuar
Dei o melhor de mim
Enquanto você já sabia
Que não haveria vida após o FIM.




“heróis e beldades”

(Dante Pincelli)

já fui Gordon

Drácula

Tarzan

Carlitos...


tiro

grito

coma

casa

olho

facho de luz...


atendi ao discreto
charme da burguesia...


corri

em busca

do cálice sagrado...


me alistei

no incrível exército

e Branca Leone...


mas hoje

só quero

assistir ao filme

entre

a Minnie Driver

e a Camila Pitanga...




Para a próxima rodada, teremos os poetas:
Marcelo Asth

Lohan Lage

Maria Clara Coelho

e Anderson Fortuna


E o Tema será: CÓCEGAS

os poemas para a 2ª rodada deverão ser entregues até às 18 horas de 15/09, quinta feira.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

“as horas vão passando”



o dia veio calado

toquei a solidão sorrateira

olhei pra todos os lados

a verdade era aquela

certeira...


o relógio rodopiava lento

nenhuma esperança de afago

o olho vazou sonolento

a boca tremeu por um trago...


a noite mostrou suas garras

trazendo o teu corpo liso

meu corpo alarmou algazarra

num festejo, todo desejo

contido...



2003

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"como?"


como falar de íntimo
se meu tímido de mudo
embebe?

como falar de desejo
se meu bocejo
o engole secreto?

como falar de paixão
se meu verbo
não vinga ação?

como falar do querer
se meu medo
pensa te perder?

como falar de final
se meu início
sem ritmo
rebusca o real?

2011

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

"as meninas pro mundo"


no triste e claro de um dia,
tudo que existia ficou cinza:
partiram pra conquistar
o amplo do mundo,


singrando em cores

os mares das ruas...


deixaram de consolo

bonecas de pano,

pianinho desafinado,

livros em frangalhos,


cada uma levou na bagagem
um pedaço encantado de mim,


agora meu coração

(na mão das duas)
pulsa confuso

do lado de fora.


perdi o medo da morte,

pai que se preza

não morre,

vai na frente

preparar terreno.

tudo o resto

é pequeno...


2011

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

“virginiano coração”



vou lembrando
e lambendo
teus beijos surpresa.


vou lendo

e olhando
teu olho alado
pedindo pedidos
de largas libidos.


vou filmando
teus passos
de requebros redondos
roendo meu rosto
e me remetendo
a remotos deleites.
de tempos
que nem consigo lembrar


vou de coloridos selos
entre os cajus e vermelhos
dos teus cabelos,
que voam e vão
em direção
ao meu virginiano
cor-ação.


2011.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

"de tudo um pouco"


pura poesia

se serve fria

se come em cortes

se degusta lento

manjá dos céus.


poesia crua

sem reboco

revela o oco,

o âmago

do poeta nu.


poesia por um fio

trapezista sem rede

mergulho no vazio

arrepio da platéia.


poesia galéia

mistura sã,

heteromogênica,

marido e irmã

ímã do olho vago.


poesia de trago

pinga no papel

mareia os sentidos

fumada às cinzas

cheirada pela carreira.



2011