queria ser um grande poeta
de seletas poesias inquietas
que ao menos, se aproximasse
do que me inspira,
que acertasse onde mira...
mas não sou assim
então escrevo poesias ruins
mesmo quando falo de coisas maravilhosas
poemas ralos, tênues prosas...
se o meu destino me concedesse
a criação de um poema que merecesse
agraciar os teus olhos lisos
e os teus ouvidos florescentes
em versos precisos
e rimas comoventes...
sem dúvida eu escreveria
a mais suntuosa poesia
sobre a escrita deusificada
o melhor de tudo o que existe
rima habitada que persiste...
como sou um poeta banal
escrevo um poema trivial
prestando uma homenagem
sinceramente comovida...
partindo de imagens que ficaram retidas
na minha memória envelhecida
do tempo em que o bem escrever
andava do meu lado direito
e tudo o que eu sonhava era perfeito...