sábado, 18 de fevereiro de 2012

1º festival de poesias Beto Miranda (rodada 6).


Rodada diferente, agora são 7 poetas amalgamados, olhando pra diversas direções e pintando o blog com seus versos fartos de brilho, velhos poetas novos.
Leitor, prepare-se para se fundir poeticamente ao tema:

AMÁLGAMA






Para Todo o Mal Amém”

(Paulo Acacio Ramos – PT)


O Outono não me dói
como me doem as ausências
a sopa a deitar seus fumos
amalgama da nossa essência
cheiros de vida e desconforto
perfumes de decomposto
rios de merda a cobrir o rosto...

Quero que aprendas a respirar
quero que prendas a respiração
quero que aprendas a mastigar
quero que arranques os dentes
quero que reines sobre todos
os corpos independentes
quero que te aprendas a masturbar
quero que uses preservativos
quero que bebas conservantes
quero tremoços com cerveja
quero que cheires o chão que pisas
quero que cheires as usinas
quero dar-te os peidos das vacas
quero que esqueças
quero que esqueças tudo
quero que esqueças tudo que aprendeste!



“o-fusca”

(Dante Pincelli)


noite chã

de asfalto e rodas...


o néon refletido

na marmita

de farinha que amalgama

a água rala do feijão

e o pálido, frio e cadavérico arroz...


um tamborim tracaracatraca

ao longe

enquanto a cuíca engasga

confete na garganta...


os pés soldam o concreto

em mil novecentos e setenta e sete...




“Amálgama da vida”


(Lohan Lage Pignone)


Amalgamado amor
A liga dos sentimentos que grudam
no céu da boca das relações.
Amalgamado almoço
O bolo alimentar, as glândulas salivares,
As fezes que eram ditas refeições.
Tudo sinto por ela.
Tudo sinto por dentro.
Ódio, saudade, excremento.
Intestinos que clamam
Pela ingestão do carinho
O olhar amalgamado
Conhece a lágrima do outro
Que sequer a derrama.
O amálgama dos órgãos
Põe a orquestra em movimento.
O corpo, o amor, o tempo:
O amálgama da vida.




“AMÁLGAMA”

(Marcelo Asth)



Corpo e alma
perispírito
amálgama
corpo em chama
gama a alma
clama
chama
química
que me queima
teima
funde espiritual



“um mais um”

(Ricardo Prins)




"ó doce rainha do tempo
far-te-ei parte d'eu mesmo..."
isso assim dizia ele,
como quem diz o doce a esmo
no cair das belas máscaras

e pasmo, parnasiano e cansado
por dois momentos irritado,
ouve o humilde interlocutor:
"és pois, então casado?"
veio a funesta pergunta.

"venha, venha pois ser d'eu rainha"
mas ela sabe que sem ser dele "a minha"
haveria assim de sê-lo. e sem sê-lo,
sem selo, nem contrato ou trato -
não, apenas dar um trato. uma noite.

e, de misturar-se pois na água,
fica no azeite o nada.
finda-se a mistura falsa e vazia,
sem nem um gosto de tudo
nem a sobra
nem gosto
nada.



“NINHO”

(RODRIGO RIBEIRO)




O pássaro constrói o seu ninho.
De barro, saliva e sereno.
No ajuntar da matéria,
o canto vira casa.

O pássaro põe no rio mais que o bico.
No bico um pouco do rio,
no ninho um pouco do bico.
O ninho é amálgama do amor.




AMÁLGAMA


(Jan Neves)


Funde meu caminho ao teu qual gêmea alma,
Enxerga com meus olhos e me leva a ver teus sonhos,
Me afaga o coração em tua apaixonada palma
Sopra em minha pleura teu fôlego risonho

Mistura minha alma à tua em calma,
Embora em mim transborde a insone chama,
E faz de nosso encontro a liga ufana
Da mais completa e verdadeira amálgama



O próximo tema será

MARAVILHA


AS POESIAS DEVERÃO SER ENVIADAS A MIM ATRAVÉS DAS MENSAGENS DO FACEBOOK ATÉ TERÇA FEIRA (28/02).


14 comentários:

  1. Demasiado Emocionado, agora, para fazer Comentários... vou digerir e volto logo.

    Até Já!!!

    Uma Vénia Demorada e Sensível aos meus Pares.

    PAR - PT

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  2. Realmente caro Paulo, me emocionei muitíssimo tbm, acho que nos superamos nessa rodada, os poemas estão maravilhosos...
    Parabéns a todos nós.

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  3. Amalgamou-se as emoções, de todos, e geramos um presente, uma pérola nesta concha que se diz blog. Adorei todos, com destaque para o o-fusca de Dante e para o 'Ninho' do Rodrigo Ribeiro que, na minha opinião, foi o que mais delicadamente descreveu o amálgama - talvez o mais perfeito - da natureza.

    Obrigado, grande abraços amalgamados a todos!
    Lohan.

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  4. Sim, estou vendo belos poemas Hoje. tema "Fusca" trota no vagar cotidianno, muito bom mesmo. meus parabéns a tiurma!

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  5. porque a minha Pó-EMA num foi classificada A Isaura do MOmento NUM gostou sempre fui Pó e TINHA analfabeto

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  6. "SOUL" par letrinhas ou Dante "IN" Ney York City comigo?

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  7. Uau! Que bela leva de poemas temos aqui! Demorei os dias de carnaval para chegar até aqui, e não é que na cinza quarta feira os poemas me vieram a calhar?! A-M-E-I!!! TODOS! Destaco especialmente "Para todo o mal amém" e "O-fusca", realmente sensacionais...

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  8. Bom dia,

    Fico contente pelo retorno do festival. A quarta feira de cinzas revitalizou meu espírito que esses malditos carnavais matam. Agora me sinto pronto para ler e comentar sobre qualquer texto.

    Nessa leva li alguns bons poemas. Não me lembro bem sou péssimo para guardar nome, mas esse Paulo Acacio seria o portuga do certame do Autores S/A? Sendo ou não, tenho de dizer que 'Para todo mal amém' foi um poema que me trouxe à mente a palavra superação. Superação no conteúdo e do autor.
    Gosto das palavras que exalam os cheiros fortes em poesia.

    O anfitrião do festival não errou a mão. Foi certeiro com o título e o seu amálgama alimentar foi descrito como uma pintura. Arroz de marmita é exatamente assim, é triste.

    O 'Amálgama da vida' confundiu corpo e alma, propositalmente, eu acho. Bom. O tema até que foi bem tratado. Mas esse amálgama entre corpo/alma poderia ter sido descrita com maior intensidade. Pecou no final caindo de ligeiro no clichê do que é vida, tempo, e essas baboseiras todas.

    Poemas que tem como título o tema em pauta às vezes me incomodam. 'Amálgama' começou me causando uma impressão kardecista, não sei que diabos senti. Reli e não teve como: tive que consultar o meu Aulete Digital para saber o significado de perispírito (que palavra!). O poema foi salvo pelo jogo de palavra 'gama a alma'.

    'Um mais um' tem as suas três primeiras estrofes melosas e chatas. O último verso da terceira estrofe inicia o processo catártico. O trato, a mistura, o azeite com a água, o amálgama. E o poema termina bem.

    O 'Ninho' do Rodrigo foi o poema mais singelo da leva. Leve, ágil, bem amalgamado. Gostoso de se ler.

    O 'Amálgama' do Jan Neves foi o ponto fraco da leva. Tedioso. Não teve uma estrofe que desse uma guinada no poema, como ocorreu no 'Um mais um'. Essa 'pleura' foi de Camilo Castelo Branco para lá!

    Fico por aqui. Essa é minha verdade. Vou aguardar a nova leva do festival.

    Cordialmente,
    F.N.V

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  9. Parabéns aos escritores pela Criatividade. Um Abra Aço a todos os Amalg Amantes da Poesia...

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  10. Achei todos muito lindos, mas gostei demais do poema do Paulo Acacio, forte como pedra e do Dante, sutil cena cotidiana de uma cidade e o Ninho do Rodrigo, que distribui leveza ao leitor.
    Parabéns a todos.

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  11. ainda bem que o festival voltou!!
    agora com critica apurada e tudo mais!
    muito bom

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  12. Estou atônita com a qualidade das poesias que aqui estão! Inebriantes, lindas, sensíveis, Queria poder ouví-las... Parabéns, queridos poetas e obrigado por tão lindo presente!

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  13. Obrigado a todos os que gostaram e elogiaram o meu humilde "o-fusca", escrevo pra vcs, sem leitor a poesia é só um amontoado de letras num canto da memória do poeta.
    Não tenho dúvida nenhuma ao afirmar que esta rodada foi a que teve a melhor qualidade de poemas.
    Estão, estamos todos de parabéns.

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