segunda-feira, 19 de março de 2012

1º festival Beto Miranda de poesias (rodada 10)

A diferença dessa rodada é que não temos um tema ou uma imagem, temos palavras , que independente do quê os poetas vão escrever, devem estar contidas em seus poemas. São elas:


*Controle remoto

*Saudade

*Mezanino.





"CLICK"


(J Lais)


Saudade,

Tento detê-la com

o controle remoto.

Ligo se preciso e

desligo se necessário.

Mas, é efêmero este

remoto controle, que

ilude minha hipocrisia

por crer nesta praticidade.

Desejos ausentes e ardentes

de se ver, voltar, ter e possuir.

No mezanino as recordações,

deslizam a outros pavimentos,

Frustrando claramente a ação

desta tecnologia sentimental!



Rio de Janeiro - RJ






“Sem título”


(Jan Neves)


Era menino

E o mezanino

Era o melhor scope do cinema.

Dia de bala e cara melada,

Pipocavam sonhos, medos,

heróis e fantasias de amor;


Saudade que não cabe

No controle remoto

De um televisor




Rio de Janeiro – RJ





“sem freio”


(Dante Pincelli)


sou o olho da criança

procurando a próxima diversão

um controle remoto auto zapiável

não há saudade que me freie...


das escadas pro mezanino

dalí pro telhado

e de cima

um voo

razante

razoável

a queda livre

não me livra da dor

constrange-dor...



Macaé – RJ.





“Mezanino”


(Paulo Acacio Ramos)


Olhei para ti, nu,

e senti saudade...

quis ligar a televisão

,assistir uns pornos,

dedicar-te uma punheta.

Mas, não sei do

controle remoto.

O tempo do amor

é relativo e proporcional.

Proporcional à paciência

que se tem

e relativo ao respeito

que se dá...




Trofa – PT





“controle remoto”


(Zecafran)


controle remoto

remota saudade

que invade minha alma de menino

como o sol que clareia

as sombras do mezanino

queria ter um controle remoto

onde pudesse escolher

a programação de nossas vidas

onde a saudade vale a pena ver de novo

na tela quente do show da vida




Niterói – RJ





“Ínfimo”


(Arcelo Asth)


Eu, tão pequeno,

Belo porque ínfimo,

Por me envolver de melancolia

Fui criando minha saudade...


Saudade de mim,

Do que se foi

E do que nunca tive.


E fui pesando o peito,

Que ando sem jeito e energia.

Perdi o viço e viciei em mim,

No meu reino de sofá, TV e luz difusa.


E a mesa de centro,

Um mezanino pra mão alcançar.

E todas as minhas vontades

Querendo um controle remoto

Pra eu não me cansar.




Rio de Janeiro - RJ






“Admirável Brasil Novo ou As Barricadas da Mente”


(Anderson Fortuna)


Autômatos depreendem a rotina

De repente no subconsciente

No mezanino da mente

A propaganda ecoa


Símbolos comandam a massa

Que é amassada para fazer pizzas

Porque é assim que tudo acaba

Signos marcam o gado a ferro e fogo


À imensa distância

Eles apertam os botões

Do seu controle remoto

Estratagemas maquiavélicos

Cavalgam nas ruínas


Atmosferas emergem de seus corpos

Pálidas sentenças

Vertigens de toda saudade


As correntes são diferentes

Porém ainda estão presentes

No mais profundo

No labirinto das sua mentes


Mentecaptos e suas sombras

Dilaceram o espaço

Hackers subvertem os programas

E constroem suas barricadas criptográficas:


Elortnoc trono corno rolo elo olé centro norte ronco tronco rolé conto trenó cetro


Otomer morto metro moto remo roto temor morte reto tomo morô


Edaduas seda duas seu usa sua


Oninazem menino zen meio neon om onze mano


Então no âmago das fibras ópticas cerebrais

De cada Homem brota um novo mundo

Assim os seres humanos renascem do pesadelo

E manifestam a Luz da Imaginação



Rio de Janeiro - RJ






“Quisera”


(Vinicius Manne)


De onde vem, pra onde vai, como vim

Esse tempo, como venta

Comovente tentativa, embora vâ

Coração é lugar que se entra, mas é sem porta

Não comporta controle remoto, pois o tem interno

Quisera tivesse porta, controle

Saberia fazer entrar, sair

Saudade não faria casa

mágoa nem ficava

reintegrava a posse do teto da alma

mezanino do sentimento

todo mole, sem cimento

se derrete, entra na forma

mas não molda

Não obedece



Rio de Janeiro - RJ

**************************************************************



Caros poetas e leitores, agradeço a participação de todos e a colaboração para o sucesso deste festival que promete voltar no mês de julho, o blog ficou muito mais bonito e interessante com todos vocês poetando, comentando, se emocionando e me emocionando a cada rodada.

Agora cederemos espaço para o concurso Língua'fiada de poesias, que a julgar pelo festival, será um grande sucesso.

Esperamos que cada participante do festival, seja também do concurso.

Mais uma vez vos digo: Todos, sem excessão são responsáveis pelo grande sucesso dessa festa da poesia.


Obrigado!





Atenção: Comentários ofensivos, desrespeitosos, de cunho político partidário, homofóbicos, racistas etc etc etc, serão sumariamente deletados do blog.

terça-feira, 13 de março de 2012

1º festival Beto Miranda de poesias (rodada 9)


A gente segue inventando MODA!















“Passarelando”


(Camila Furtado)


Não tenho modos

Não sei caminhar pisando em ovos

Não sigo tendências

Escrevo como posso

Afundo enquanto poço

Desconheço as cores da estação

Apenas ouso até desbotar.




Rio das Ostras – RJ





“À Moda de Augusto”


(Paulo Acacio Ramos)


Quando foi moda

ser libertino

deixei-me domar

pelo teu fascínio...

desfilei meu corpo

raquítico vestido

em tuas fantasias

...

passei por todas

as paragens de

autocarros

com o rufar

de asas de Anjos

a beijar tua boca

que me escarra.



Trofa – PT





“Modelos”


(Francisco Ferreira)


Tecem teias e tecidos

tramas surreais

nas passarelas sinuosas.

Tangidos modelos

finos fios de porcelana

humana, esqueléticas

pavões anoréxicos.


Bulímicos regurgitam

entrelaces e saltos-agulhas

linhas, lãs e linhos

forjados de algodões alquímicos

em forjes frios.

Frágeis bonecas

multicoloridas, alimentando

o famélico mercado.

Tântalos modismos

... e modistas.


Micro-universos paralelos

De ditaduras endócrinas

ambulantes cabides

ósseos...


Passos quebrados

esquálidos

zumbis!



Betim – MG





“bife”


(Dante Pincelli)


de que vale

os trinques da roupa nova

sobre o caquético do meu corpo?


um táxi amarelo

um bife à milanesa

uma serigrafia pop pop pop

uma magreza só...


sobe-me torto

arranha o gogó

e liberta-se,

finalmente todos podem saber:



foda-se a moda.




Macaé – RJ




“A Casa Caiu”


(Anderson Fortuna)



Tá ligado cumpadi?

A casa caiu

E só você não viu

O papo é reto e não faz curva

A pista tá salgada morô?

A chapa tá quente, 1000 graus

É pura atividade

Então desenrola aquela situação

Senão vai virar caô

É vapt-vupt mano

Isola os cabeças-de-bagre

Vê se te orienta

A moda roda

Tudo roda na mandala da vida

Na manda bala da vida

Minha língua é um chicote

Feito de gíria

Que se transforma

Fazendo a cabeça

Meu ritmo é sinistro

Que vê, comédia?

Então bota a cara




Rio de Janeiro – RJ




“Que moda é essa?


(Zecafran)



é moda de viola

camisa de gola

botas de vaqueiro

calca jeans e cinturão


é moda de biquíni

cortininha

asa delta

cavadinho e cavadão


agora é moda iphone

ipod e gps


a fome não sai da moda

a morte trágica no transito

a miséria dos barracos nos morros

a criança desaparecida

explorada e consumida

a política sem vergonha

os hospitais sem recursos

a polícia que mata.




Niterói – RJ




“sem título”


(Jan Neves)


A passar ela

Os olhos nus

Vestidos trans

Parentes caros

Moeda da estação

Vislumbrou

Olhos nos trans

Na passarela

Uma saída

Pela contramão

Da moda




Rio de Janeiro – RJ




“Modamundo”


(Marceelo Asth)


Do Oiapoqui a Paris

A moda dita,

O mundo adota,

A roda diz:


/ Mude a /

/ Mídia em /

/ Made in /

/ Mede um /

/ Moda on /


/ Abra-se! /

/ Feche/ oui / quê? /

/ Fashion quem? /

/ Flash em quê? /

/ Flesh fresh! /


/ Se mete no métier /

/ Meat in the showcase /

/ Case com um italiano /

/ Bella mia /

/ Bulimia /

/ Náusea /

/ Now! /

/ Enjoy! /

/ Já enjoou… /

/ New! /


/ Bikinis from Brazil /

/ Bermudas from Bermudas /

/ Très très chic /

/ Parfum de ma boutique /

/ L'acqua di Fedore /

/ Um chiqueiro /

/ Brega e Chique /

/ Attack on the tacky /

/ Cartão, dinheiro ou cheque? /


Modamundo,

Modagigante,

Modaemoferta,

Liquidação:


/ Coleção Verão /

/ Quem não viu, não vestiu /

/ Toda a moda fecha /

/ Desfilando no passado... /

/ Summer Collection /

/ Somem com a old-fashion /

/ Remodela a loja /

/ Quero o estilo alheio /

/ Diet shake soja /

/ Off sale /




Rio de Janeiro – RJ




“Invenção de moda”


(Lohan Lage Pignone)


A moda boi

A moda clássica

A modinha

A moda de viola

A moda muda

Cega

Todo moderno dia.

A moda romântica

A moda real

A moda dos surreais

Dalí em diante.

A moda das medidas

Magras.

A moda brega

A moda da novela

A moda sem modos

A moda do medo

Do démodé.

Inventar moda

Fazer a arte

De fazer parte


Da parte de outra

Parte.

O modismo

Moda puxa moda

Toda gente se acomoda.

...

“Cansei de ser moderno”

Quero ser Drummond.




Trajano de Moraes – RJ




“Retalhos que retesem”


(Vinicius Manne)


O tempo cobra da cobra

que se cubra de pele nova

Todo ano o tempo muda a pele

O tempo muda a moda

ha uma dança da mudança da moda

Os que se ocupam de mudar a moda

ficam a cata de pedaços de velho

para torna-la nova,

retalhos que retesem

Nada se cria, tudo se cola




Rio de Janeiro - RJ






“VESTIDO BRANCO “


(Rodrigo Ribeiro)


De rouge no rosto

atravessa o corpo que traz o vestido branco, exposto.

Veste nuvens, branco colosso.

A música é branca,

as faces brancas,

a luz branca.

A mão de pintar automóveis

revive jorros de tintas.

Desenham-se no branco vestido,

serenas flores, de vivo matiz.

Depois da maçã, as folhas servem somente às árvores.

A tarefa têxtil das palavras veste o mundo.

De vestido branco e campânulas.




Belo Horizonte - MG






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Para a próxima rodada, os poetas devem enviar suas poesias a mim, pela mensagem do Facebook até segunda feira, dia 19/03/2012.

A poesia deve conter as palavras.


Controle Remoto ,

Saudade,

Mezanino.




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