segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
"Amor Tecido"
Meu amor por que me dás essa dor
de distância tão sozinha e dura
por que me deixas à tua espera
em adoração lenta e insegura?
Meu amor, por que somes
quando mais te preciso
por loucuras que me consomem
entre o mundo dos mortos e o dos vivos?
Meu amor, por que me deixas
assim de pau duro sem teus orifícios
assim enrolado nos meus próprios vìcios
a respirar de memória teu acre perfume?
Meu amor, por que insistes em não vir
quando as folhas já caíram de tanto outono
quando não sei mais onde ir
quando o que me resta é o infinito do sono?
Meu amor, por que me fazes queimar
assim lentamente em teu lume
navegar perdido e sem mão no leme
mergulhar de cabeça na lama que geme?
Amor de verdade, não se teme.
PAR + Dante
29.12.2014
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
"Fado-Fode-Fundo"
não consegui comer direito
fiz só uma boquinha
colher na boca
no oco da cozinha
e esse beber demais
deriva de quê amigo?
do oco do teu umbigo
do vazio dos teus mentais...
os vazios metais
que retinem na bigorna
encharcada de nada
em trompas esquerdas...
posso tratar de ti
dar-te carinho e afeto
posso dar-te tudo
que tenho de mais concreto
posso beijar-te uma eternidade
por-te no colo e mais tarde
dar-te de mamar, alimentar-te
de peito aberto e pele morna
de certo que careço de muito
de curto, de circuito
de energia vital
e um vitral na janela
e nela ver mais cores
no mundo lá de fora
posso tratar de dar-te
posso tentar completar-te
posso ser rima e arte
nas pontas dos teus cílios
posso tratar de ter-te
posso fazer-te minha parte
mais adorada e gostosa
na melhor de todas as fodas
no mais bem cantado fado.
O Velho PAR
24.12.2014
Postado por
Paulo Ramos
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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
"pintura"
(Zecafran e Dante)
ela pintou o o ponto....
pintou pensando...
pincelando as palavras
em meu pensamento
como as pessoas arrumadas
morando em apartamento...
ela pintou o ponto
no oco, no centro
e do lado de dentro
do meu apartamento,
percebeu pasma
que eu tinha me mudado...
pintou pensando...
pincelando as palavras
em meu pensamento
como as pessoas arrumadas
morando em apartamento...
ela pintou o ponto
no oco, no centro
e do lado de dentro
do meu apartamento,
percebeu pasma
que eu tinha me mudado...
Postado por
Dante Pincelli O velho
às
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Zecafran
sábado, 20 de dezembro de 2014
Ledo Verso
As flores em teu corpo
tem um outro cheiro
assim de quem é inteiro
como se fosse canteiro
Cheirar botões na refinada
língua de Camões
canhões não impedem
o gosto de ter-te aromático
Cheirar-te aos montes
como versos Drummond
como pedra de tropeçar
pedra de saltar acrobático
Num necessário Pessoa
de essência poético-húmida
incenso que sopra suas rimas
como cheiro doce nas narinas
Florbela de unguentos febris
que a brisa nos trás benfazeja
e deixa na pele perfumes
que fazem sonhar perdido por ti
Fazer de teu aroma vício
e jurar-te fidelidade à pele
e tocar-te delicadamente
como um soneto Vinícius
Narinas pra que as quero
bolero à luz do luar
numa breve rima me esmero
num ledo verso do VELHO PAR.
Dante + PAR
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
Girando na Espera
o planeta é torto
e roda roda roda louco
enquanto isso espero
espio o vazio
espeto a solidão
escolho outro riso
viro qualquer coisa
que gira no planeta...
o planeta é louco
e gira muito e gira pouco
não troco um minuto
a tua espera
por um século
a girar na pouca esfera
quem me dera
fosse tão perto
o aqui e o aí
que me doesse menos
a dor daqui
que não soasse em ai
que não marcasse a ferro
que fosse fácil
esticar as pernas e tocar
o outro lado da terra.
Dante + PAR
16.12.2014
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Nós Marinheiros
Se se pode amar alguém que esteja longe
então amo-te por que longe
amo-te por que longínquo
amo-te com o afinco das distâncias...
podes continuar, meu querido!
domingo
à tua espera para poder continuar
sábado de esquina
quarta de esperar
quinta na quina do coração
se se pode amar
alguém de outro mar
amo-te de me afogar
nas profundezas esquivas
atlânticas colossais
rota de amores e corais
à tua espera para poder respirar
à espera de me poder afogar
na tua boca
num boca-a-boca
de encher os pulmões do nosso ar
desesperar pelos caminhos do mar
que a lado nenhum
nos deixa chegar
içar as velas
Naufrago só,enquanto isso
Naufrago de mim à tua procura
naufrago de ti na minha loucura
loucos os dois a nadar contra marés vivas
águas vivas caravelas sentinelas
nossos mastros a apontar o zênite.
a escavar os diamantes
que habitam os fundos
das cavernas em nós
nós de marinheiro
nós de marinhar
nós de amar no mar...
PAR + Dante
16.12.2014
sábado, 6 de dezembro de 2014
"Intranquilidade"
o trinco trava
e tranca
as tramas
que transitam
em meu trauma...
e turvo traça o trevo
e dá quatro voltas
e salta feito truta
nas águas turvas
do rio troante.
tremo mas não temo
as tramoias da trapaça
puro truque
pernas trocadas
bocas calado-coladas
troca de acentos e
dança de cadeiras
trinta vezes trinta
ou trezentos e trinta e três
trabalhos dobrados
e filhos mal-criados.
PAR + Dante
05.12.2014
sábado, 22 de novembro de 2014
"reclamando o que falta"
(Dante Pincelli)
reclamar da vida?
é possível.
ao menos nessa fresta
na testa do tempo
que escoa aqui, agora...
lá fora outro fluir
outras metas e medidas...
quem sabe FALTA,
em caixa alta,
o que encaixa
e vicia,
o que bate
e acaricia,
o que diverte
e irrita,
ouve
e grita...
não reclamo,
mas me falta
o que me saltita.
(22\11\14-11:39 h)
Postado por
Dante Pincelli O velho
às
11:36
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