terça-feira, 25 de março de 2014

"na ponta da língua"

(Paulo Acacio Ramos e Dante Pincelli)



(Foto: Leticia Cardoso)




Nu pelo apelo do telhado
pôs-se a pelo e nu pelo telhado
a galgar as telhas

pôs-se a ver a olho nu
o que não se vê em baixo
mas vê-se por baixo
quando se está nu em pelo
estirado ao longo pelo telhado
a nu...

há menos nudez
no nu que se expôs

há menos de nós
nus nos telhados

há menos telhados
nas lajes frias das cidades

há menos cidades nuas
pelas voltas do mundo
vigilância indomável
câmeras infelizes
procuram em vão
a minha clara nudez...

no que vejo de teu nu
infinito tão nu e tão bonito
há um gosto de belo
na ponta da língua
no canto do olho
que te vê nu
no telhado..

2 comentários:

  1. Maravilha, a nossa poesia tem mesmo tudo a ver uma com a outra, quando se esbarram fazem sons de ouvir para sempre.

    Beijos, meu querido!

    PAR

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  2. tambores ancestrais
    ecoando dentro da gente

    teclado de pianos siderais
    solos de guitarras transcendentais

    gritos ensurdecendo
    os mortos
    refastelando os tortos
    revirando os corpos...

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