Na luz que queima
que Espanca
que Caminha
que Lobato
A Língua arde
de lusa a crioula.
Até quando?
Até nunca mais
vai-se vendo!
A Língua lambe
e chama
pelos sons mais
antigonovos
esquecidomésticos
os sons que ecoam
o fogo do que
os comentários
deixam nas paredes
do museu.
Na luz emitida
por Pessoa
por Amado
por Hollanda.
Estala a estrela
no céu da boca
sem língua.
A língua de Andrade
a língua de Morais
a língua dos Anjos
e de Queiroz e de Melo Neto
e de Sá-Carneiro
que não se preservam
em museus
que não se confinam
em estantes
que nos contam do presente
passado distante.
Por hora
disfarça e chora
a língua de Paulo
e de Dante.
PAR + Dante
Poema intemporal sobre um incêndio no Museu da Língua Portuguesa.
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