já quis ser tudo
já fui nada
não me iludo
sobrevivi à estrada...
hoje, 'sou qualquer coisa
que gira nesse planeta
suor de papéis
em uma gaveta'*...
sou brilhante
sou multicolorido
sou opaco, frustrante
desbotado, fodido...
'sou o ar, o átomo
o rio que passa sem pressa
sou o corpo que não pára
e a cabeça que não pensa'*...
sou fino, educado
penso, logo existo
sou o destino desgovernado
sou soldado, sou o cristo...
sou um tempo que virá
sou a medida do amor
sou a morte do sabiá
que ao morrer desafinou...
sou tímido na razão
sou amigo do chacal
sou a voz e o violão
a extinção do animal...
sou a promessa desfeita
o carnaval que não brinquei
sou ateu e sou a seita
como deus não funcionei...
sou o jogo de empate
a ilusão de melhorar
o martelo, o alicate
sou o fio, o tear...
sou qualquer coisa agora
lá fora, não sei mais
sou o olho quando chora
ou tenho amor, ou tenho paz...
1993
*Beto Miranda, 'sou qualquer coisa'.
Muito boa!
ResponderExcluirObrigado Stellita!
ResponderExcluirAdorei.
ResponderExcluirValeu Ana.
ResponderExcluir