segunda-feira, 8 de outubro de 2012

II festival Beto Miranda de poesias. Rodada 6/ Deuses




O tema escolhido pelo poeta

Edweine Loureiro foi:



“DEUSES”




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“SOBRE DEUSES E HOMENS”



(Edweine Loureiro)





Sozinho,
Caminho
Por um deserto.


Cansado,
Prostro-me.
Ferido.
Vencido.


Buscando respostas:
Em nuvens.
Em mitos.
Em ritos.


E o silêncio.
É tudo o que me resta…






Saitama-Japão







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“Guaraci”



(Izaura Carolina)





 









Macaé-RJ







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“Limbo”



(Ana Gouvin)






Uma humanidade sem humanidade
vidas jogadas as traças, estraçalhadas
pairando neste enorme breu
o que foi que aconteceu ?
o que houve com todo amor que te dei ?
fizestes escárnio, eu sei,
tratastes com menosprezo
perdestes por completo o zelo
e agora que te arrastas no chão é que vejo
falta-lhe muito de mim em vocês.
Arrancaram o que lhes restou de dignidade
escalpelaram com o pouco de ombridade
o que farás com esta sobra de mundo ?
joga tudo fora ou tenta ao menos uma oração ?!
não, não adianta mais nada
nem mesmo existe amor em teu coração
está tudo sujo, impregnado, imundo
não espere um milagre acontecer
vocês irão em vida padecer
no limbo, no limo de tua traição.
Não há mais para quem apelar
nem os Deuses no olimpo irão te escutar
é chegada a hora
agora só lhe resta petescere e esperar.
Que venha logo este castigo
não há no mundo abrigo que irá te salvar
bota logo tua alma em penhora
quem sabe por um milagre, nesta hora,
conseguirás o indulto para tua pele livrar.





Rio de Janeiro-RJ







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“Sem título”



(Angelo Colesel)





Lua nova,
época de mudar couves,
segundo minha avó:
‘crescem as folhas e não saem tantos brotos
avulsos’.


Do canteiro feito, mais de vinte mudinhas alinhadas...


Já não há mais alinhamento aos dias que se perderam, lá
ficaram estagnados com os sábios
ensinamentos.


De tudo resta mistério,
da lua,
só a face que não me convém.


E Deus que tudo guarda, o homem não explicou
nas santas escrituras,
tal influência-
da Lua que governa os loucos ( e controlava as couves), mas
se não há mais o canteiro,
de que me serve a Lua Nova?


Rogar aos céus mudas novas e novos canteiros,
ó Deus,
porque há tanto mistério? Há de esperar novos deuses?


Estou cheio, entender o não permitido,
os enigmas e o mistério...


As couves acabaram!






Imbituva-PR







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“Deuses”




(Maria Mestriner)






Eu chamo de Deuses , as estrelas, Sinto uma grande emoção ao vê-las , estrelas fulgurantes do espaço, eis a luxúria, brilho e beleza.



Eu chamo de Deuses, os oceanos , sem fim, fica mais lindo quando estamos sós.
Eu chamo de Deuses as sementes , que devemos plantar , árvores, flores e amor.



Eu chamo de Deuses, O Sol, quando levantas no céu em todas as manhãs
em tua beleza incomparável acima da Terra, beijas com amor todos os povos .



Os Deuses nunca morrem, mas apenas dormem o sono em jardins das Hespérides repletos de flores de lótus além do amanhecer dourado.






Americana-SP







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“Hoje é dia de fim, bebê!”



(Cinthia Kriemler)






atrás da primeira porta
o leão furioso de Judá
rompe as amarras
do livro dos sete selos
e arranca
de uma vez
sete segredos
: quatro cavalos coloridos de fome
guerra, conquista
morte


atrás da segunda porta
visões históricas
histéricas
de corpos que definham
pútridos
jorrando pelos
poros, bocas, bundas, falos
trapaças
apostas, blefes
ranger de dentes


atrás da terceira porta
Deus — Todo Poderoso
Alá [o Magnânimo]
Shiva /o Destruidor/
e um astronauta imaginário
(da intrépida trupe de von Däniken)
rosnam mantras, rogam pragas
profetizam a partilha das 144 mil
almas em espólio
imaculadas


após o último portal
o metal afinado
de seis trombetas
improvisa em jam session
o final do juízo
e seis sera(fins)
bêbados de apocalipse
varrem do salão
— com suas asas enormes
cavalos e eleitos


...num canto do Nada
soa em silêncio a sétima trombeta





Brasília-DF







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"Deu-se Adeus aos Deuses"



(Paulo Acacio Ramos)




Houve uma vez
Um deus.
Podia fazer
Tempestades grandes
E jogar mundos
Para o esquecimento.
Seu desejo era realidade.
O fogo das profundidades
E o centro dos furacões
Eram seus como são
Os cometas no céu.




Deixou um dia
Recair sua ira
Sobre os homens
E os lugares
Onde tivessem estado.




Foram tantos danos
Que somente um pássaro
E dois caracóis ficaram.




O pássaro tinha consciência
Que não era um deus



E os caracóis não gracejariam
Sobre algo assim absurdo.




O pássaro, um dia, cagou
No ombro do deus.
Que era divino demais
Para perceber.




Era um deus.
Ainda que tivesse
Merda sobre ele,
Embora sentisse,
Ao longe, um cheiro
Exterior à sua divindade.




Como deus que se preza
Sempre gostara
De lugares públicos
E odores estranhos
Dos corpos alheios
Em missas dominicanas…
Em claustros solitários…
Em assembleias da república…
Em reuniões catedráticas.





Trofa-Portugal







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“A GUERRA E O INFERNO”




(Jorge Luiz)




O inferno de Dante veio muito antes
Do nosso inferno começar
Também não foi vivido por Maquiavel
É divina a comédia com inferno purgatório e céu
Maquiavel fez a Arte da Guerra, muito fascinante.


Hoje o nosso inferno parece eterno
Não tão eterno como parecia o de Dante
Não é Maquiavélico
Porque Maquiavel fez a Arte da Guerra
E não a guerra com arte.


Ares promoveu a guerra
E Afrodite com seu amor não conseguiu acabar
Eirene tudo fez para a paz conquistar
Hades surge do nada e tudo encerra.


Com Afrodite o amor renasceu
Eirene promoveu a paz enterrando a guerra
Eis que Hades emerge do fundo da terra
Removendo Ares do planeta, com o aval de Zeus.





Rio de Janeiro-RJ









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"respostas"



(Dante Pincelli)




procuro as respostas
em todos os deuses
da minha gaveta.





Macaé-RJ







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“Culto à Afrodite”



(Vinni Corrêa)











hoje é Lua Cheia
é dia de culto à Deusa
seus cabelos a vinha cacheia
Afrodite esta noite me usa


jamais darei a recusa
a esta beleza que me permeia
oh Vênus enche minha tusa
e em teu amor o meu semeia




Rio de Janeiro-RJ







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“dos deuses”





(Zecafran)






se entregar como um grão à terra
deixar a vida acontecer
deixa brotar um novo ser
a se alimentar do leite da terra
do sol e do ar
até ser colhido e cozinhado
num molho mágico
dos teus temperos
manjar dos deuses
que me confunde os sentidos





Niterói-RJ







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“Oh! Deuses”




(Eurico Wagner Silva)




Um raio
E das terras férteis nos vimos expulsar
Da árvore do conhecimento
Nossa causa a nos sustentar


Muitas seitas vieram nos separar
Guerras
Nas tréguas um Salvador apeou em Terra
Por nós morto
De novo nos vimos espiar


De pecado em pecado
Vivendo pra si mesmo, a esmo
Nos encontramos no mesmo lugar
Apoiados na ciência de que existir é labutar


Construímos conhecimento
De longe a real nos expressar
Continuamos à caça de poder nos explicar


Deuses
Entes ao Universo permear
Mesmo em minha solidão
Nas horas de fraqueza
Continuo a Lhes negar






Cambuí-MG













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“a deusa da minha rua”
(desculpe nelson gonçalves)




(Ricardo Prins)





a deusa da minha rua
tinha um quê de muito educada
os home que da casa dela saía
ela sempre levava na entrada


a deusa da minha rua
era só ostentação
tinha um monte de colar de pérola
que os home dava pra ela de montão


a deusa da minha rua
tinha cor de chocolate
porém só era doce de dia
 
à noite se ouvia: "me bate"


a deusa da minha rua
deusa nada romântica
falar pra ela de amor
era falar física quântica



a deusa da minha rua
é meu sonho de consumo
e como consumir não rima
um dia com ela eu durmo


a deusa da minha rua
enfim hoje vai ser minha
por alguns contos de réis
vamos juntos fazer naninha


ah, deusa da minha rua
me deste grande decepção
quando no cair das vestes
revelaste um grande culhão!






Curitiba-PR







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“Sem título”





(Andréa Amaral)









No dia em que eu tocar a sua alma feito o lampejo de um raio

Saiba que no meu olhar habita a flecha de um Deus.









Friburgo-RJ





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O poeta Jorge Luiz
escolheu como tema para a 7ªrodada do II Festival Beto Miranda de Poesias,




“CASTELO DE AREIA”





Os trabalhos devem ser enviados, preferencialmente, pelas mensagens do Facebook pra:



Dante Pincelli O Velho



e, no caso de formatação diferente, arquivo fotográfico etc,
envie para  o e. mail:



dantearte@hotmail.com



Os trabalhos de vem ser enviados até sexta feira, dia 12 de outubro, às 12:00 h, impreterivelmente.







Orgulhosamente.

Dante Pincelli










4 comentários:

  1. Belas visões crepusculares de divindades em vias de olvido...

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  2. Uma bela festa poetica que deixaria todos os deuses orgulhosos de que, mesmo contra Suas vontades, provamos da arvore do conhecimento...
    Parabens, Poetas!

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  3. Onde todos os Deuses encarnam para suas poesias compartilhar. Somos um pouco Deuses por algumas almas tocar, temos muito dos Deuses por saber que sem poesia não há caminhar. Cada vez mais brilho a cada rodada. Parabéns a todos estes "Deuses" que habitam dentro de nós.

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  4. Concordo, Ana. A cada rodada, mais brilho. Um banquete de poemas.

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