terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

... e de repente, quase como sempre, assim se passou:



dia cinzento, céu rabugento, espiando no quarto
cama de dor, corpo sem par, TV, cobertor

meteu o pé na porta, abriu o peito, penteou a estima
botou o sorriso mais florido e saiu do inferno interior

correu para o inferno da rua na esperança de chuva
na espera de um revelador raio de sol abrasivo

mas se distraiu com pássaros enfeitiçados
que voavam poesia em orgasmos de sonhos

e as borboletas metamorfoseadas em queda-livre
a deixar rastros de luminescências coercivas

rasantes e evasivas dos olhos noite
açoites, Sibila, queda livre, inferno

que voltas dão os ventos que invertem os tempos
que trazem as tempestades que se lêem em teus olhos?

que intenções têm os raios a cortar a madrugada
e iluminando a fenda da descoberta da seda dos dedos?

o medo da liberdade sem magia e com ilusão
das mãos tecem segredos diluídos em devaneios

40º de sonhos camuflados no travesseiro
a espera é uma porta aberta em busca de sossego

esse calor insosso de suores intensos e alfazemas
diluição de metais em meios alcalinos e saudades

um boca a boca de dar dormências no couro cabeludo
tantas dobras tantas aberturas tantos segredos e tonturas

Peguei o sonho e o espanquei, morri em orgulhos mais uma vez
Mesmo respirando seu hálito... te deixei no abandono

abandonado e triste se entardeceu sem mim
daí morri, por um tempo que não pude medir

pedi perdão perdi pendão acordei com muito sono
olhei em volta ainda tonto e dei por mim no mundo insano.

Criação do Coletivo Uni-Versos Poéticos
BR - PT 24.02.14

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