quinta-feira, 25 de setembro de 2014

"Cosmogonia de Deuses Desnudos" ou "Eternamente Um"



Estamos no empate
no desate de qualquer poema
fora de cena 
nos enganamos

Em tempos de espera
em eras priscas
taliscas de espaço curto 
em abortos de versos
em universos paralelos

E tudo isso é tão pouco
tão medieval como subir uma escada
como andar a disputar 
castelos com espadas.

como atirar pedras em muralhas 
como catar migalhas do chão

ou andar por aí bêbados 
de querer ver embriagados 
de desejar estar com vontade 
de ficar quietos e não fazer mais nada
se não beijar. 
é disso que as bocas não falam 
é isso que bocas que se querem não dizem
somos como os dois lábios da mesma boca
a trocar de salivas a trocar de lugar
às vezes inferior a tremer
outras superior a mamar
mas sempre, sempre 
como um todo
entregando-se a quem queira querer

como se por entrega 
quisesses dizer desejo
como se por desejo 
fosses dizer segredo
como se por segredo 
os dois fossem eternamente um.

PAR Dante
23.09.2014

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