Levo sempre um pouco
de ti nos meus olhos
assim cortina entreaberta
banho depois de foder
Trago sempre comigo
um raio da tua luz
tua cruz a cortar-me
as costas onde aportas
Lavo sempre em mim
tua boca suja
de fermento químico
de invento cínico
De colchão d'água
que jorrou dos teus choros
engolidos pelo novo
tudo novo tu de novo
Renasço como ovo
protesto como povo
mas, em verdade,
nem me movo
Sigo comovido
pelos milhões de moléculas
microorganismos
arrepios arrepios arrepios
Retornar ao caos
espremer o pus
deixar sair de mim
o que de mim já não importa
Repartir os últimos cacos
de existência
que em mim sobrevivem
sobrevir-me de lamas
Sobrevir-me da fama
que cavei com pás de deuses
um milhão de infinitas vezes.
Paulo Acácio Ramos
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Dante Saraiva Pincelli
02.02.2016
Maravilha Maravilha Maravilha de nós dois!
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