domingo, 8 de maio de 2016

II Festival Stella Monteiro de Poesias. Rodada 4


Stella Monteiro




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"Janela Lateral"

(Izaura Carolina)



 
 
 
 
Macaé-Rio de Janeiro
 
 


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"consumir"

(Vinni Corrêa)


é como sumir
com o sumo
da sociedade



Rio de Janeiro-Rio de Janeiro



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"O sol"


(Zecafran)



O sol que vem de trás do mundo
  Transeunte vagabundo
  Vem a rosa despertar
  Vem beber no jardim
A madrugada
Que a moça poesia
Da janela viu passar...



Niterói-Rio de Janeiro

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"Caju"


(Jorge Luiz)




 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro-Rio de Janeiro
 
 


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"Tangerina"

(Alhadef)




6h.
9h.
Juntas numa tangerina
Os pedaços
Da casca,
pouco a pouco
Se aglutinam
Num canto do quarto
Esparramados

pelo chão
Como a roupa que eu queria
Que fosse tirada
Len ta mente
Começando

pelo dia
E acabando em outra vida.
Dois lados da mesma moeda:
Você tão romantismoclassicismoparnasianismo.
Eu sou moderna.
Você é rebuscado;
Sou acabada.
Você é
Poesia;

Sou prosa.
Não entendo teus enigmas;
Tu refuta minhas metáforas.
Sonho com o futuro,
Tu escreve odes ao passado.
Você é anacrônico,
Eu também sou

Macabra.
E é por isso que não existo aqui, só existo
Quando descubro
Qual das tuas linhas
Há de tratar de mim;
Vocé é raiz, Taverna,
Surrealismo que explana
Em mim;
Sou fruto,
Choupana
Sou partes

aos avessos,
Mas nao há
Outra metade.
Eu tenho varios gomos
Pra você saborear.




Fortaleza-Ceará



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"Vai aí, doutor?"


(Cinthia Kriemler)


vai uma graxa, doutor? pra me ajudar com a miséria desta vida de pilhéria?
só um trocado, senhor! se não puder dar em nota
umas moedas pequenas já enganam a fome, a dor
ah, e a cera sai tinindo! preta, marrom, incolor
 
 
vai uma bala, doutor? pra me salvar da cachaça do padrasto que me ataca?
só uma bala, senhor! se não quiser da mais cara
a pequena, mais barata, já impede a surra, a dor
ah, e ainda pode escolher! morango, menta, licor
 
vai uma transa, doutor? pra eu comprar o meu pão neste dia sem tostão?
só uma trepada, senhor! se não quiser da completa
diz a sua predileta,é questão de combinar
ah, e é tudo bem depressa! pra ontem, pra agora, pra já
 
vai aí, doutor, por favor! um dinheiro pelo amor
de Buda, Deus ou Alá
que se tu não me der uma grana 
eu vou ter que te matar
 
 
Brasília-Distrito Federal
 
 
 
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"100 % Reciclável"

(Paulo Acácio Ramos)




Trofa-Portugal




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"O nariz da minha mãe sangra..."


(Carvalho Junior)


enquanto o político derrocado
  posa de moralista na estação de rádio,
o nariz da minha mãe sangra.

enquanto jogam peteca a cidade e o caos
  nas fendas da ladeira vermelha do sono,
o nariz da minha mãe sangra.

enquanto o trânsito segue áspero
e a delicadeza murcha
nas hortas e palavras (dos homens?),
o nariz da minha mãe sangra.

enquanto as filas não diminuem
no número de desrespeito
e o farmacêutico vende pílulas antiamor,
o nariz da minha mãe sangra.

como se falasse com Deus,
toda vez que me toma nos braços
e me embala com o curioso cântico
— tingadonga-donga-donga/ tingandanga-danga-danga —
o nariz da minha mãe
morre o sangue e vive o sonho.


Caxias-Maranhão



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"quando releio o que escrevo."

 
 
 
(Dante Pincelli)



escrevo, me invento, me reverto no inverso de cada verso que arremesso por extenso, penso, esclareço, meio tenso, meio leso, meio a esmo, exclamo, chamo, amo em cada fina linha que, de minha, passa a tua, nua e insinua o desate, o empate de cada fato, boato, de cada lógica, andrógena, alucinógena,,, me permito cada palavra no oco âmago de cada pensamento que invento e que alimento em cada rota sem sentido, em cada sopro no ouvido, agudo, ativo e então, só então, nasce o escrito, tornando-se real e dito o que andava tão somente escondido e aflito,,, eu escrevo e me reescrevo como escravo das letras que pingam lentas no peito frouxo ou na unha mínima do planeta,,, meus sentidos passam afazer sentido e lido com o que faço, mas se quiser, desfaço cada laço atado por meus escritos,,, escrevo enquanto cresço e leio o que mereço quando releio o que escrevo...
 
 
 
Macaé-Rio de Janeiro
 
 
 
 
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Obrigado a todos os participantes deste festival, bem como a todos os leitores.
Sem vocês nada disso faria sentido.
 
 

13 comentários:

  1. Chegamos ao fim de mais uma festa colorida, sensual, sensível, linda festa proporcionada por vcs, meus amigos/poetas que de longe ou de muito perto, juntos fazemos do mundo (virtual) um lugar melhor, muito mais bonito.
    "Neruda pergunta ao carteiro qual o adjetivo que define melhor daquele mar ali em frente e o carteiro responde: Bonito..."
    "Dante vai ao inferno, purgatório e chega ao céu, vai em busca do amor , da beleza..."
    Ano que vem, se eu ainda estiver por aqui, teremos mais festa da poesia e, conto com vcs...

    Em tempo: O Poema da Cinthia tirou lágrimas daqui desses olhos velhos.

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    1. Muito agradecida a você, Dante, e aos amigos participantes desse lindo festival, que se encerra no dia em que passo meu segundo dia das mães sem ela, sem Stella.
      É muito lindo ver o esforço por manter uma memória viva, mas sem falar de passado, tampouco de presente, apenas pelas almas sensíveis que precisam se expressar e produzem, assim, as mais belas manifestações poéticas. Me faz crer que a memória aqui reside na beleza poética de cada um. Meu coração fica em festa. Gratidão a todos e todas. Gratidão a Stella, minha mãe.
      Com amor,
      Clarisse.

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  2. Eu sempre digo que não é qualquer um que tem a sensibilidade de abrir espaços assim, estendido a todos os estilos, para a poesia. A gente não vê quem se disponha a fazer um todo irregular, diferente, e por isso mesmo lindo. O que eu penso, o que você pensa, o que nós pensamos: tudo tem muito valor. A janela-incógnita-lateral da Isaura, os três versos certeiros do Vinni, o romantismo do Zecafran. O Caju suculento e sensual de Jorge Luiz, e a Tangerina igualmente sensual, realista e forte de Alhadef. O Amor dissolúvel e impermanente do Paulo Acacio, o belo, nostálgico e contestador poema do Carvalho Júnior e o igualmente belo poema do Dante, em que os versos sutilmente trabalhados são de uma sonoridade ímpar. Bom estar com todos por aqui, nesta taba de todas as tribos. Um prazer conhecer a variedade e a voz de tantos. Muito bom mesmo. E, também em tempo: obrigada pelas suas palavras, Dante. Muito importante para mim.

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  3. Sempre que queira, meu blog está aberto ´pra vc. Entre sem bater, ou bata, afinal, um tapinha não dói...

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  4. Eu só tenho a agradecer a todos pela convivência e interação poética que vence as distancias geográficas e nos faz ver além, conhecer novas pessoas e modos de poetar. Em nome do Dante agradeço a todos e mais uma vez deixo um abraço especial para a grandiosa Cinthia Kriemler. Maranhão de abraços, poetas!

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    1. O nosso blog é este, sempre que quiser, use-o sem moderação.

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    2. Um abraço grande para você também, poeta! Eu te admiro e respeito muito. A tua poesia me toca.

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  5. Eu só tenho a agradecer a todos pela convivência e interação poética que vence as distancias geográficas e nos faz ver além, conhecer novas pessoas e modos de poetar. Em nome do Dante agradeço a todos e mais uma vez deixo um abraço especial para a grandiosa Cinthia Kriemler. Maranhão de abraços, poetas!

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  6. Obrigado irmão dante
    gigante homem feito de letras
    Joga suas redes provocantes
    Pra pegar peixes curiosos. ....feliz de mais em estar na companhia de grandes mentes....obrigado pelos elogios....bjs a todos os irmãos

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  7. Me sinto muito feliz, em ter sido convidado e ter participado desse acervo de belas poesias, obrigado aos amigos poetas participantes, todos estão de parabéns, cada poesia uma mensagem, cada mensagem é um carinho compartilhado.

    Eu sempre gostei de praticar esportes, gostava de correr, mas, corria sozinho, eu não tinha parâmetros de comparação, para avaliar qual a performance das minhas corridas, fui convidado várias vezes para participar de maratonas e, eu não aceitava , porque, achava que quem estava participando de uma maratona tinha uma performance melhor que a minha e não era verdade, a verdade é que eu não acreditei nos meus méritos, assim deixei passar oportunidades que iriam me deixar feliz, em ter simplesmente participado...
    Um dia um colega, Sergio Muiniz viu minhas poesias e falou que um amigo dele, o Dante Saraiva Pincelli, estava promovendo um concurso de poesia e mandou eu me inscrever, passaram-se alguns dias e, ele viu que eu não tinha feito a minha inscrição, ele abriu o link e praticamente me obrigou a fazer minha inscrição, fizemos a minha incrição, participei e pra alegria, no meu primeiro concurso, tive a excelente surpresa fui classificado com o 3° lugar, fiquei extremamente feliz, eu não tinha parâmetros para saber se minhas poesias iriam agradar...Obrigado Sergio Muniz e Dante Saraiva Pincelli, se não fosse pelo incentivo de voces, já teria parado.

    Jorge Luiz

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  8. Eu voo com você, aonde quer que você flor...

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