quarta-feira, 8 de abril de 2015

I Festival Stella Monteiro de poesias (rodada 2)


     Stella Monteiro


O tema desta rodada é :

VENTRE

Proposto por Rai Blue.





Foto de Dante Pincelli
Dupla exposição-1987.






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"Evento"

(Paulo Acácio Ramos)



Quem abre a porta
Não está à espera
 De ver a face
 De quem vem
De trás
 As facadas
 Desferidas no ventre
As entranhas
Desfraldadas
 Vento que chia
 Nas frestas…
Quem abre a porta
 Não está à espera
 De ter a face
 Lambida
 Pelo vento
 O cheiro das samambaias
 A passar
 Por baixo da porta
 As dobradiças
 Abafadas
 Pelo ranger
 Das roupas que secam
 Quem abre a porta
 Não está à espera
 De levar com a porta
Na cara.





Trofa - Portugal 



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“CONCESSÃO”





 (RaiBlue) 





 Escavas minha mais íntima terra 

Com mãos boca e dentes



Minhas ancas

 Darão o ritmo do teu coração

Delas arrancas 
O segundo
 Terceiro
 Quarto
 Movimento

Fazes-me sinfonia inacabada 
Na partitura do teu corpo sedento

Na tua parte dura
 Eu amoleço

E cedo seiva fruto e semente
 Do ventre à tua garganta

Anda!

Essa noite Ainda serei tua potranca 
Para que me montes
 E me domes


Tomes os fundos do meu território
 Feudo que te concedo
 Meu obediente vassalo .


 



Salvador - Bahia



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"bendito fruto"
(Dante Pincelli)


te adentro lento
te toco fora
te empurro dentro
aumento o ritmo
e
quando lá
bem fundo
no cerne do
teu íntimo
aquele desejo
incontido
de
nunca mais sair
e
ser o bendito
fruto
do teu ventre...
sem renascimento possível.



Macaé- Rio de Janeiro




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"VENTRE"

(Jan Neves)



Entre o umbigo
 E o períneo
Vem o menino

Materna Idade
 Fogo que arde
 Esperma em liberdade

Falo entre lábios
Pelve em relva
 Gozos sábios

Nasce
 Morre
 Vai
 E
ventre


Rio de Janeiro- Rio de Janeiro




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"O Ventríloquo"

(Anderson Fortuna)


 
Do teu ventre emana o mistério
A centelha que rasga o espaço
As palavras que deliram o sonho
Do teu âmago verte o amálgama de todos os sentidos
Tangentes da alma
No teu ventre louco
O arcano Zero 0 alumia a alquimia, a senda
Então declama o menestrel
E reveste o castelo de ouro, prata e cristal
De todo brilho
Candelabros acesos
 Iluminam enigmas...





Rio de Janeiro- Rio de Janeiro



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"Réplica da réplica"
(Zecafran) 

 No ventre da fruta
a semente fértil
deseja a terra
para engravidar
replicar a vida
réplica da réplica...



Niterói - Rio de Janeiro



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"Ventre rubro"

(Izaura Carolina)







Macaé- Rio de Janeiro



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"Moção do ventre livre"

(Ricardo Prins)


 
Ó doce amada mãe de ventres mil  
Fez do menino infantil dentro de mim um homem
 (porque homem não é só o que come sem ter fome)
 Agora já foi, deixe-me ser livre e varonil
 Pra que, mesmo sendo homem, faça outros ventres mil

Onde estão teus ventres mil, ó minha amada 
Que, mesmo amada, a semente não abriu
 (porque homem que come nunca morre de fome) 
Me desculpe se ainda que puro, casto e varonil 
Falhei-te e assim e os ventres mil fiz co’a cunhada



Curitiba- Paraná




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"BEIJOS"

(Cinthia Kriemler)


gestação
vem
 trespassa as carnes
 flácidas que já não satisfazem
 teus desejos
 caminha dentro de mim estradas
 tontas — só mais uma vez
 faz dos rastros terra 
 de plantio e semeia no meu útero 
 cansado a tua lembrança
 para que eu possa (te) gestar
 saudade, eternamente
 no meu ventre-berço



Brasília- Distrito Federal



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"caixa acústica"

(Vinni Corrêa)


cordão umbilical
 vibra e no ventre
 soa o som do bebê


Rio de Janeiro - Rio de Janeiro



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"Ventre"

(S. Quimas)



De um ventre santificado nasci, 
Para morrer nos braços de outra, 
No serpentear de um quadril, 
Ventre que me recebe
 E me faz sonhar,
 Que me traz o Infinito,
 Na precisão de um segundo.
 Assim me entrego à sua cupidez 
E sacrifico minha alma 
A seus ilimitados prazeres,
 Fazendo-me inevitável prisioneiro 
Desse cálice que me é pródigo
 Em total sedução, 
Que se a mim derrama 
E tinge os lençóis da cama 
E de todo me tolda a razão.



Rio de Janeiro - Rio de Janeiro



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"Ao acaso Virgínia"

(Redson Vitorino)



Acendi uma fagulha dentro de mim com teu lodo
com alvejante nos olhos eu pude vê-la
 E era clara
primária que me ergueu
nas dobras da pernas rechonchudas
Sou graduado
se sou eu quem nego a estadia
 partindo desesperado com xícaras de porcelana
 um milhão de cabeças esperando a vez no teu útero
 com as mãos brancas por você eu estou
 Maldição do concreto que limita
milhas até cair mais uma vez
e nós estaríamos ainda mais longe


Petrópolis- Rio de Janeiro




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"Mulher de luz"

(Carvalho Junior)



por nove meses e um infinito amor ela nos abrigou na barriga,
 o filho não ingrato carrega a mãe no peito pelo inteiro da vida.


( do livro “Dança dos dísticos”)



Caxias- Maranhão


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O tema para a próxima rodada é:

SANGUE NAS FRESTAS DOS AZULEJOS

proposto por Paulo Acácio Ramos.







5 comentários:

  1. ta show o festival.....que poesia provocante e sedutora, da Raiblue......cavernoso o novo titulo...instigante,,,abrs guru ermitao...rss

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  2. Um excelente exercício para a Imaginação, uma festa para todos os sentidos...

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  3. Artistas de naipes e estilos diferentes enriquecem o jogo. Canastra real!!!

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  4. A cada rodada o que é bom, ainda melhor. Parabéns a todos os poetas que participaram. Um deleite para a alma as suas poesias.
    Luz e paz..

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  5. Cheguei!!!


    Que lindeza de rodada, essa, viu, Dante!!!

    Lindo como cada um vai descortinando caminhos diferentes para poetizar o mesmo tema.... como cada um sente de formas muito peculiares uma mesma palavra... Sua ideia foi genial!! Difícil escolher um poema... são tão lindos e cada um num estilo diferente que os tornam únicos e incomparáveis!

    Parabéns a todos !! E obrigada ZecaFran! Também gostei muito da sua 'Réplica da réplica"!!!

    Agora vamos ver o que virá para o próximo tema ( que já é super inspirador e desafiador!hehe)

    um beijo em cada um,
    (com açucar e afeto)

    RaiBlue

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