quinta-feira, 14 de julho de 2011

“noite sã” (para Aderaldo Luciano)


o gabiru

espreguiça

a noite abafada...


a suçuarana

espreita atenta

o pasto ressequido

de bezerros magros...


o chão rachado

esfumaça o pó

no lacrimoso dos olhos...


o homem

esfria os calos

na raiz melancólica

do sorriso de esfinge

de sua companheira...


o menino no oitão,

de barriga rasgando,

chuta a lata

de azeitonas distantes...


o denso do céu

corisca zangando

mas a chuva não vem.

2011


Dedico este escrito ao escritor, amigo e assessor para assuntos sertanejos:

Aderaldo Luciano.

Nesta rodada do concurso de poesias do AUTORES S/A, restamos 11 poetas e o tema agora é O SERTÃO.Publico aqui um dos exercícios a respeito do tema.






3 comentários:

  1. Ai meus tempos de sertão.

    ResponderExcluir
  2. Os tempos de sertão são eternizados por poemas como este. Simplicidade que um poema deste porte exige. Tudo em seu lugar, comum. E assim é o sertão: um lugar comum-maravilhosamente brasileiro.

    Parabéns, meu caro. Belo poema.
    Abraços,
    Lohan.

    ResponderExcluir
  3. Lohan, fico abestalhado com seu imensurável elogio, não sei se pulo, não sei se rio....
    Sertão é desafio.
    Dante Pincelli

    ResponderExcluir