segunda-feira, 23 de abril de 2012

I concurso Língua'fiada de poesias (Baseado na imagem)

Poetas e poetisas, para a próxima rodada escrevam uma poesia com o título:

"Onde estará a rainha que a lucidez escondeu?"


ou seja, todas as poesias deverão ter o mesmo título.




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Atenção:

Os poetas Erato poeta e Turrinnha, por terem vencido a rodada anterior, receberão um livro de contos de Nilto Maciel: “Luz Vermelha Que se Azula.”
Expressão Gráfica Editora, 2011
E
Um par de ingressos para o
Centro Cultural Sobrado 70,
Para cada um.




Para o vencedor desta rodada (IMAGEM) e para quem acertar quem será
o vencedor e mais se aproximar da pontuação (de 24 a 60 ponto) 
 Revistas
COQUETEL.

(Os comentaristas devem dar seus palpites logados)

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O tema desta rodada é :

Escrever uma poesia tendo como base a imagem abaixo










Apresentação Simone Prado:


A imagem e a lente dos olhos: a poesia surge desse curto espaço, nasce do click do obturador, daquilo que não se esquiva diante do olhar. Os olhos debruçam sobre dimensão da imagem: insight! Não há como voltar vazio, incólume. E escrevendo, o poeta cava sentidos e palavras: verdades próximas daquilo que enxergamos, repudiamos ou temos por solução. Nesse processo de escrita, o homem se identifica e faz as pazes consigo mesmo.






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Os concorrentes
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"Origami Abstrato"




(Turrinha)




Na folha torturada

Letras calcinadas

Vento varreu!

Nem o PO É MAis visível...




Insepultos poemas

Assombram

Em tintas invisíveis!

... aerosolúveis.                                                                                       




Retorcida

Ferida

Letras exiladas.

Kafka, metamorfoseado,

Degusta o que sobrou

De poesia...










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“Palavra-Tempo



(Reyú Maôro)



Folha em branco
Tempo é pouco
Palavra seca
Som é oco


Folha vazia
Tempo é curto
Palavra fria
Som é mudo


Folha torta
Tempo é escasso
Palavra morta
Som no espaço


Folha incerta
Tempo à toa
Palavra quieta
Som destoa


Folha aberta
Tempo é raro
Palavra desperta
Som é claro


Folha esquenta
Tempo voa
Palavra adentra
Som ecoa


Folha ativa
Tempo pára
Palavra viva
Som dispara


Folha escrita
Tempo acalma
Palavra grita
Som é alma


Poesia é o som da palavra-tempo que sai da folha.









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 “MIRAGEM”


 (Erato poeta)



Ante a luz branca do sol, 
tudo é ardor, calor e torpor.
Paisagem moldada pela língua frágil do vento.
Na ânsia de aguar o seu beijo, 
rasteja pela areia a serpente
e saliva a farejar a leitosa presa.
No deserto tudo é miragem,
secreção de desejo.








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“DA POESIA QUE TENTEI ESCREVER E SÓ SAIU AUAU”



(Emanuel Ferreiro)


Menina que vive tirando da boca do pobre
Ela passa, ela arrasta e disfarça, ela some
E eles ficam perdidos, pedindo o seu nome


Menina que vive tirando da boca do pobre
Ela instiga, ela intriga, ela alisa, ela morde
E me deixa esperando amarrado num poste


Menina que vive tirando da boca do pobre
Ela ama, ela inflama, ela chama, ela foge
É uma coisa, outra coisa e descoisa num porre


Menina que vive tirando da boca do pobre
Ela dança, ela encanta, ela mata de choque
E o mundo, aturdido, ainda ama essa esnobe


Menina que vive tirando da boca do pobre
Ela pede, ela ganha, ela perde, ela pode
E depois vem dizer que eu sou bicho de sorte


Menina que vive tirando da boca do pobre
Ela é anjo, é demônio, ela é sonho, é insone
No céu é quem manda; no inferno se esconde


Menina que vive tirando da boca do pobre
Ela inspira poesia, ela pira e se vira pra longe
O que sobra é o gostinho sem prato, só fome








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“A dor do papel não sai no jornal”


(Andrade)


Folha de papel é violentada
Após reagir à tentativa
De invasão de um rascunho que,
Um dia – livre e impune
Ainda seria chamado de obra de arte.








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“DOS AMASSOS E SUAS IMPLICAÇÕES INADEQUADAS”


(Annie Alexandre Guerra)



Reconstrói-se continuamente
a ideia de papel.


Entretanto, desta vez
o devir exagerou.


A mutabilidade dos conceitos
não permite uma folha
tornar-se um preservativo.









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“ORIGAMI KAMIKAZE”


(Scott B. Coffe)


Era o pássaro de papel
cujas asas
para nada serviam.


Era o suicídio do homem,
perdido na geometria
dos signos.


Era a fúria de uma guerra
criando exércitos
de dobraduras.


Agora, folha em branco,
homem sem forma,
sem dó.


Dobrado, amassado,
no silêncio
e só.








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“Horizontes”


( Bené)


Do alto do horizonte
Com olhar descansado
Uma montanha coberta de neve.


Sem horizonte
Com olhar triste
Mais parece uma folha
Amassada
Talvez uma despedida
De amor.







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“Reciclagem”


(Cachorro de Rua)


uma folha de papel amassada
ja foi morada de algum presente
algum pertence
uma surpresa quem sabe
ou até pode ter embrulhado uma fruta
quem sabe uma ideia
ja tenha desfrutado do teu corpo
jovem e sem rugas
na mão de uma criança pode ser um brinquedo
lugar pra se pintar,colorir ou desenho
e quando mais nada lhe restar
será reciclada e se tornará nova
pronta pra ser rabiscada








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“CARTAS”


(J)


Cartas descartadas
Emboladas jogadas no canto
Guardam prantos e saudades
Da realidade que me apavora
Chora a remetente
Eu, descrente, não leio
Tenho receio dos conteúdos envelopados
Calado, não tenho olhos de raio X
Algo me diz o que não posso ver
E crê na curiosidade fraquejante
Olhar penetrante
Revela
Ela, me invadindo em pedaços de papeis
Infiéis conceitos me curvam
E turvam a minha visão
Entro em colisão, entre a vontade e o orgulho
Entulho, falo entre os dentes para as missivas
Decisivas vontades da incerteza
Acorrenta a presa ao amontoado
Selado em sua origem
Tenho vertigem só de olhar
Fico a vagar com os olhos na porta
A rua é torta e vazia
Só a lua alumia a estrada sem volta
Dou volta em torno da razão
O clarão na lareira me aquece
Floresce a chama das cartas
Descartadas e seladas








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"sem murilo"


(Sofia Amindsen)


com

PUTA
dor








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" Ad eternum"


(iniko)



no guardanapo
a infância


no guarda-louça
os cacos de família


no guarda-chuva
o ocaso


no guarda-roupa
o nu


na guarda-baixa
o jab


no guarda-comida
a anemia


no guarda-costas
o medo


no guarda-jóias
a dizimação da áfrica


no guarda-meta
a nostalgia


no aguardo :
o poema










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“desperdício”

(Dante Pincelli)

tratado de paz
não assinado
em tempos idos,

carta de amor
negada fria
aos prantos
de quem não recebeu,

jorro de sangue
que nada manchou
morte secreta
do pseudopoeta..

ao longe
um índio chora
e se pergunta:
foi pra isso que derrubaram a árvore?
Abr/12

13 comentários:

  1. Voto em Erato Poeta e na sua Miragem com 57 pontos...

    ___________________________________________

    Lixo

    passei horas a escrever
    para te mandar um recado
    que agora é uma bolinha
    de papel amassado
    sem nada escrito do outro lado!

    PAR - PT

    ___________________________________________

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    Respostas
    1. Ah, duas pequenas coisas...

      Anti a luz branca do sol... NÃO!!!
      Ante a luz branca do sol... SIM!!!

      ...

      Ad eternum... NÃO!!!
      Ad Aeternum... SIM!!!

      ...

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  2. Voto no Scott, 55 pontos.

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  3. lindos, queridíssimos
    adorei todos os poemas, muito interessante a imagem sugerida e as imagens criadas pro cada um desses fofos!!!
    continuem assim maraaaavilhosos!!!!

    um beijo da Elke

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  4. Annie Alexandre Guerra, sempre clássica e inteligente amei seu poema..

    Scott sou ate suspeita em falar, Seu poema é animal muito bom.. legal que achei o título bem original, ai me empolguei e li o poema. Depois resolvi ver de quem era.. ai me veio a exclamação... É o cara! E o apreciei sem moderação, rsssss parabéns.

    No geral os poemas são todos Marasss, parabéns a todos.

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  5. scott....muiito bom.....

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  6. Adorei a rodada e a maluquice da Sofia, me lembrou um personagem insano que criei há muito tempo.
    Insanidade e literatura não se separam.
    Parabéns Sofia pela coragem.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. turrinha ...

    "nem o PO É MAis visível"...

    quase senti a tortura
    me fez sentir duas sensações
    ao mesmo tempo que sentia dois gostos gostosos...
    se não fosse invisível... teria visto também...

    parabéns, ótima costura!

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  9. Hoje não vou de água, nem de cerva... Vou de Scott, sem gelo: 56 pts.

    Abs!

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  10. Aposto em ''Horizontes'' com 55 pontos.

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  11. Gostei tanto de "Origami Abstrato", mas tanto! O meu voto vai para ele: 56 pontos.
    A última estrofe, Turrinha, foi de lascar, rs. Amei todo o poema!!!

    Boa Sorte a todos, e PARABÉNS!

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