segunda-feira, 24 de setembro de 2012

II festival Beto Miranda de poesias. Rodada 4/ Máscaras


O tema escolhido pela poetisa
Cinthia Kriemler foi:



Máscaras






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"O Rosto que ninguém viu não está atrás da Máscara que Todos Conhecem"




(Paulo Acacio Ramos)












Trofa-Portugal







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“2ª pele”



(Cinthia Kriemler)





“Para de rir, menina, te aquieta!
Senta direito, fala com jeito
Não encara, não escancara
É pra comer com a boca fechada
Seja educada!”


E de tanto comer lágrima
afogar a dor da alma
a gente vai, lentamente
aprendendo que é fraqueza
impureza
dizer o que vem à mente
E menina obediente
a gente entreabre a gaveta
para enfurnar o que sente
mas encontra
lá no fundo
tecida em brilho e deboche
uma máscara colorida
que sorri por toda a vida
o riso que é descabido
o amor já tão carcomido
o beijo que é proibido
E é tão gêmea essa pele
(que esconde a face e o instinto )
que chega a fingir que é
dor a dor
que deveras sinto






Brasília-DF









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"quem sou?"



(Dante Pincelli)





sou o sonho...
quem é sonho
não se ilude,
sonha ilusões...



sou o novo...
quem é novo?
eu, de ontem
trespassado, ex amado,
com foto
na parede da memória
de alguém que morreu
porque esqueceu de viver...



sou o tempo
o vento
sou teu rosto no ex-pelho
cansado, suado
quase transparente...
sou pré demente...



sou teu sexo
agudo
atiçado
na língua, no dedo, no olho...



sou o olho
que olha sem ver...



sou o apito
da fábrica de fumaça
cinzenta...



sou um caminho
amarelo e roxo
que nos leva
da solidão ao insano...



sou este e aquele ano
em que todos os aviões
cairam de tédio
por não serem pássaros...


sou os aviões
o tédio
os pássaros
(sem asas)...



sou de concreto armado
sem alicerce
estrutura de merda,
sou o desgosto
da tua mãe
que queria te ver doutor...



sou
ato
ação
ator...



sou a onda
do primeiro baseado
da manhã
(hirishima-nagasaki)...



sou a bomba
sou a lua minguante
sem luz nos cabelos
(as trevas)
sou os pelos pubianos
de cachos incandescentes
nas trevas...


sou as trevas
do quarto
na hora do sexo...


sou as trevas
do olho
na hora do gozo...


sou o gozo
no riso
no olho
no espaço
no colo...


sou o colo
sem cabeça
recostada...



sou teus dentes
brilhando na noite
em que vimos o cometa...
pois é,
eu sou aquele
cometa
rasgando
o céu da tua boca...



sou o destino

numa parede de sonhos...


'sou o ar
o átomo
o rio
que passa sem pressa'*...



sou a chuva
que secou
o teu rosto
pálido
no varal...


sou um varal
de roupas e poesia...


sou a poesia
que soa
ao mais leve toc
do peito em chagas...


sou as chagas
os charcos
do teu peito
desfeito
desnudo
mudo...



sou o ócio
o prefácio
da obra prima
que foi transcrita
de trás pra diante...



sou as balas
dos fuzis bolivianos
nas ventas do ernesto...



sou a overdose
da elis
da janis
do jimi
eu não presto...



sou o momento sensato
do teu dia todo
me querendo a noite...



sou o teu palhaço
com a boca
pintada de sangue...



sou até a loucura
embora eu saiba
que
'a loucura
é um sopro
no ouvido'**...







*-Beto Miranda
**-Chacal






Macaé-RJ







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“FOTOSSENSÍVEIS”



(Edweine Loureiro)





Faces felizes,
fartas,
falhas,
finas,
firmes,
fálicas,
flácidas,
funestas…


Faces em festa,
flertando,
fitando frestas…


Faces fotogênicas,
furtadas,
floridas,
feridas…


E o futuro?
Fácil!


Faça-o Face…
Faça-o Fake…
Fisgue a Fama,
enfim…


Ou o Fim.





Saitama-Japão







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Imagem da internet







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“A JANELA”



(Jorge Luiz)




O mundo é uma janela
Por trás o mascarado
vislumbra o revelado
na penumbra da corruptela.


Negra cabeleira esvoaçante
seda íntima deslizante
na face aparente rubor
corpo desnudo
seios carnudos sedutor.


Movimentos lânguidos maliciosos
narcisismo espelhado
triângulo felpudo desenhado
curvas esguias sinuosas.


Formosas coxas roliças,
bumbum redondo arrebitado,
excita o mascarado
no teatro original entre as treliças.


Tal Fulano alquebrado
mente ativa, esmera
acamado e paralisado
uma fresta seduz e tempera.


Da janela
o olhar
amar sem abraçar
a ninfa tão bela.



Atriz, não meretriz
se delicia na sedução
a seqüela do anfitrião
merece ser feliz.





Rio de Janeiro-RJ







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“As dez máscaras”



(Ana Gouvin)





E por que tê-las:
cai a primeira: ela é festeira
cai a segunda: meio moribunda
cai a terceira: perde a estribeira
cai a quarta: agora se farta
cai a quinta: borda e pinta
cai a sexta: se faz de besta
cai a sétima: perde a métrica
cai a oitava: de tudo aprontava
cai a nona: pois de si é dona
a décima cai: e por aí sem máscaras, ela vai.
Todos agora podem reconhecê-la.






Rio de Janeiro-RJ







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“circo real”




(Zecafran)





diante do espelho
olho minha mascara matinal
cabelos molhados penteados
me visto pego minha pasta e vou ao encontro de outros palhaços
na esquina o guarda malabarista
no elevador o ilusionista
na empresa o domador
e a menina que sonha com o amor trapezista
na vida equilibrista





Niterói-RJ







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        "aquela que ainda bem que só tem uma, pois duas eu não ia aguentar"




(Ricardo Prins)





        e não me apareça aqui
        com sua não-cara torpe
        sua máscara mais cara
        mais mal lavada
        cheia de mentirosas verdades.
        mas cara,
        minha cara
        sua máscara me inflama o peito
        de matar
        é de matar
        acho melhor eu colocar a minha.






Curitiba-PR







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“Valor”



(Vinni Corrêa)




Enquanto a moeda tem duas faces e o mesmo valor para qualquer uma das duas que sejam mostradas, o homem tem a mesma face para qualquer valor que mostre.





Rio de Janeiro-RJ







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“Eu sou astrólogo”



(Izaura Carolina)
 


















Macaé-RJ





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A poetisa Ana Gouvin
escolheu como tema para a 5ªrodada do II Festival Beto Miranda de Poesias,



“OLHOS ”



Os trabalhos devem ser enviados, preferencialmente, pelas mensagens do Facebook pra:



Dante Pincelli O Velho



e, no caso de formatação diferente, arquivo fotográfico etc
envie para  o e. mail:



dantearte@hotmail.com



Os trabalhos de vem ser enviados até sexta feira, dia 28 de setembro, às 12:00 h, impreterivelmente.







Orgulhosamente.

Dante Pincelli







 



 


8 comentários:

  1. Poucos e Bons e vamos que vamos meu povo...

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  2. Os poemas dos colegas sempre abrilhantando este Festival pelo qual nos apaixonamos cada vez mais...

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  3. Que bela rodada, um excitante e elegante "baile de máscaras. Amei.

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  4. Gostei muito da rodada. Muito mesmo. Tantas formas de sentir...

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  5. (Jorge Luiz)

    É muito bom participar desse baile de poesias.

    Obrigado aos poetas dançarinos.

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  6. Retificando, você colocou poetisa Ana Gouvan....é Ana Gouvin.(please)

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  7. Pronto, Aninha Gouvinzinha, tudo em seu devido lugar, desculpe-me.
    Aproveito para parabenizar a todos, sem exceção, que estão participando deste festival.
    Poesia se faz com gente e vcs, são essa gente bela que torna possível a poesia ganhar vida e ter pernas próprias para escolher seu caminho.
    Meu humilde poema desta rodada foi escrito em 1984, em meio as confusões da cabeça de um jovem sonhador e cheio de dúvidas...
    Ah! Eu vivo por isso...

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  8. É bom saber que nesse imenso universo ainda existem amantes de uma boa poesias.

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