, ali exumou silenciodolorosamente, desejos ainda não realizados e, alguns outros, sequer desejados... percorreu cada beco soturno de sua alma e, com calma, encontrou profundos oceanos que o naufragaram aos poucos como fios de orvalho; ficou sem ter prondeir... tomou uma caneca de vinho tinto vagabundo num único gole, depois outra, mais uma e, novamente, naufragou, só que agora o fizera num sono há muito adiado... morfeu-se pouco antes da meia noite e meia noite sonhou descompassado: necessitava profusamente de alguma uma, qualquer uma ( de dedos exatos ) mão afagadora e massagística,,, pensou que era vero, mas num átimo, duvidou desesperado,,, lágrimas arranharam e morderam sua garganta obturada de nada... no meio de uma manhã chuvosa, cinza-apático, acordou sobressaltado e, há poucos instantes dali, acalmou-se sobremaneira... conjecturou a sorte, a solidão, o não...negou o irreal... mais que queria, precisava um lastro: um cais, um barco, um mastro que fosse... estanteou a bagunça de sua memória e soprou a poeira à deriva... arquivou gracejos, sorrisos e simpatias em geral... a chuva parou... saiu se sentindo horrível e estava mesmo: odiava os passantes sumariamente... comprou um jornal, sentou-se na praça e, sem graça, não o leu, apenas forrou o banco com o caderno de classificados... olhou o relógio, levantou-se, largou o jornal sobre o banco e saiu em passos largos e apressados pensando que ainda tinha um encontro...
1991
Nenhum comentário:
Postar um comentário