Apresentação Paulinho Marques:
“FIM DAS CONTAS”
Tudo
que conseguimos
Está
sobre a mesa
Nesta
que estamos debruçados
Podemos
esquecer as outras
Aquelas,
juntas, não couberam a metade.
Tivemos
coisas que guardamos
Por
um tempo, debaixo do tapete
Que
já não cabia mais nada
Agora
que estamos sem tapete
As
coisas estão todas sobre a mesa
Expostas
Cada
qual em seu destaque.
Conseguimos
tudo isso!
Achas
pouco?
Multiplique
por nós dois
Dividir
no fim
Não
é justo!
Por
que só agora?
Deixe
também este peso pra mim
Não
sou eu o dono do peso?
Fique
você com a leveza
Aproveite
e leve as penas
Não
deixe nem as menores
Que
leve seja o seu caminho.
Ficarei
com o peso
Os
sentimentos
Em
corações pulsando
E,
o restante,
Em
nossos cérebros
Dissolverá
com o tempo
Pois
a memória é liquida.
Nesta
conta não cabem todas as coisas
E
agora?
Só
nos resta fechar as contas
O
erro não poda ser novo, de novo
Não
podemos asfixiar os resultados.
Já
passamos de 50
Dependendo
da dose
Talvez
não suportemos
De
velho, os velhos exercícios.
Nesta
conta cabe
Nossa
incapacidade de se ver no outro
Se
ver outro
Por
outro, se ver
Não
conseguimos ser espelhos
Muito
menos expectadores
Os
cérebros dos meus dedos das mãos
Sabem
coisas
Deliciosas
e profundas de você.
Meu
outro dedo, muito mais
Este,
sabe coisas
Que
ninguém saberá da mesma forma
Mesmo
que reforma.
Precisamos
fechar
Rapidamente
nossas contas
Pois
nem mesmo as lembranças dos meus dedos
Levarão-me
a tentar de novo
Somar
com você
Em
outra conta
Que
o destino pode nos propor
Tudo
que conseguimos
Está
sobre a mesa
Aqui
fechamos nossas contas.
(Paulinho Marques
escreveu inspirado
em seus próprios questionamentos a respeito
de seu relacionamento conjugal
e nas páginas
82 e 83 do livro “A
caverna” de José Saramago.)
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Os concorrentes:
&*&*&*&*&*
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“Mãos
dadas”
(Sofia
Amundsen)
Mãos
dadas no meio da rua
menino,
você é minha
o
sorriso a atenção fugidia
menina,
sou toda sua
sim
caminho ao teu lado
você
que eu reconheço
se
carinho o teu afago
se
me precipito no beijo
eu
revejo o azulejo
esse
pouco de doce
essa
banda de queijo
me
levito em tuas árvores
e
agraceio os teus gracejos.
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“MUSA”
(
J )
Deusa
de pele alva e macia,
Lábios
desenhados, escarlate rubor
Sorriso
íntimo provocador
Ao
sedutor, seduzia.
Peignoir
de seda desliza
No
corpo insinuante e esguio
Exalando
perfume, causando arrepio
No
olhar a meiguice eterniza
A
mulher transformada em sedução
Hipnotiza-me,
como a serpente ao passarinho
Envolvido
nos encantos, me aninho
No
colo, junto ao coração.
Quero-te
no divã das minhas poesias
Esculpir
com versos, a tua beleza escultural
Deusa
de Vênus, minha sina irreal
Atemporais
sejam minhas alegrias.
Deito
em ti meu olhar
Amo-te
dos pés a cabeça
Antes
que o sol amanheça
E
dissipe a musa no ar
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“Vigília
dos Segredos”
(Erato
Poeta)
Somos
dois meninos
que
nadam nus nos rios de nossas infâncias
e
se escondem no corpo e na alma um do outro.
É
no amor que eu me encontro
e
é no caroço a brotar no meu peito que repousa o amor.
Brincamos
de ocultar nossos desejos
e
depois os revelamos um ao outro
como
uma taça bebida a dois.
Sacio-me
de seus lábios e dos meus vem sorver o orvalho das manhãs.
A
noite desmaia serena no corpo da tarde.
Há
segredos no céu da sua boca.
Sobre
o meu leito debruça o amor
e
vela os meus sonhos com a calma de lamparinas.
Como
o serenar de madrugadas ele derrama seu cuidado sobre mim.
Sou
eu o objeto de sua vigília.
O
amor me comunga na sua fé mais pura.
É
quando durmo que vem a lua abrir seu olhar ao mundo
e
mesmo fechadas a janelas, vivo a certeza do amanhã.
Servil,
o amor me cobre com seu manto tecido em linhas de delírios e loucuras.
Por
me servir, o amor é maior que eu.
&*&*&*&*&*
“DA
(IN)UTILIDADE DO POETA”
(Scott
B. Coffe)
Escrever
poemas de amor
não
é tarefa para poetas:
Os
poetas
existem
para fingir suas dores
e
ver o primeiro amor passar
Escrever
poemas de amor
não
é tarefa para poetas:
Os
poetas
existem
para ir à guerra
e
dedicar poèmes a mulher amada
Escrever
poemas de amor
não
é tarefa para poetas:
Os
poetas
existem
para viver a boemia
e
jurar fidelidade num soneto
Escrever
poemas de amor
não
é tarefa para poetas:
Os
poetas
existem
para observar os pássaros
decifrar
enigmas e (sobretudo)
escrever
poemas de amor
&*&*&*&*&*
“O
amor nos bastidores”
(Bené)
Abriram-se
as cortinas do passado
Mandei
as estrelas tornarem o palco
Iluminado
de reminiscências.
Assim,
Recordo
o meu amor por você.
Que
pena! As cortinas se fecham...
Mas
o amor fica na coxia
Da
memória.
&*&*&*&*&*
"Do
Instante em que o Amor Acontece"
(Turrinha)
Teus
olhares brincam
De
esconde-esconde nas esquinas
E
ruas de meu rosto.
Passeiam
de mãos dadas
Enfeitados
de brilhos
E
sombras, furtivos
Nas
minhas pupilas.
Colhem,
daqui e dali,
Um
sorriso torto
Do
pomar dos meus bigodes
E,
saciados, retornam elípticos
À
sua órbita de sonegação.
Por
vezes, de tão sensuais
Se
atrevem a levantar
Saias
de cílios
A
desnudar possibilidades
Num
can-can irrestível
Arrstam-me,
num aluvião,
Olhos/cérebro/coração
Em
correntes elétricas...
Nesta
imponderável conquista
Neste
mútuo reconhecimento
De
cumplicidades
É
que reside a fase mais memorável
De
todo amor.
&*&*&*&*&*
“A
Travessia d’ÔAMOR”
(Reyú
Maôro)
Meu
coração palpita, DENTRO!
Suas
mãos me tocam, FORA!
Meu
sentimento se agita, DENTRO!
Seus
beijos sufocam, FORA!
Meu
coração se agita, DENTRO!
Suas
mãos me sufocam, FORA!
Meu
sentimento palpita, DENTRO!
Seus
beijos me tocam, FORA!
Meu
coração sufoca, DENTRO!
Suas
mãos se agitam, FORA!
Meu
sentimento te toca, DENTRO!
Seus
beijos palpitam, FORA!
Meu
coração te toca, DENTRO!
Suas
mãos palpitam, FORA!
Meu
sentimento sufoca, DENTRO!
Seus
beijos se agitam, FORA!
Suas
mãos me tocam, DENTRO!
Meu
coração palpita, FORA!
Seus
beijos sufocam, DENTRO!
Meu
sentimento se agita, FORA!
Te
Quero, DENTRO!
Ouço-te,
FORA!
Te
Sinto, DENTRO!
Suspiro-te,
FORA!
&*&*&*&*&*
“Visagem”
(Cachorro
de Rua)
que
bom seria se eu pudesse pelo verde dos teus olhos caminhar
correr
de braços abertos
e
no deserto do teu corpo delirar
correr,
voar
ver
miragem
sonhar
com a mais linda paisagem
pra
não ter que despertar
&*&*&*&*&*
“DOS
SONHOS E UMA CONSTELAÇÃO”
(Annie
Alexandre Guerra)
Ponho-me
na torre a cantar,
Entrego
meu desatino às estrelas.
Decerto,
perdi o senso!
Todavia,
acredite:
Quando
próximo das estrelas estiver este hino,
Pedirei
àquela mais enamorada
Que
me guarde com um afetuoso destino.
&*&*&*&*&*
“Quando
o amor acaba”
(Andrade)
T E A M O!
TE AMO...
TE AMO?
Restou nada.
&*&*&*
"Contexto"
Portugal, Trofa, 28
de Maio de 2012.
Tantas lembranças,
memórias e recordações, tantos cacos de cristal no chão do estômago, essas
fotografias amarelo-negras nas paredes do tórax, e esses recortes de muitos jornais,
neurocirurgicamente separados e tão espasmodicamente reagrupados.
Lembrar de amores
que desapareceram na correnteza; lembro-me de ter tocado, furtivamente, o teu
cotovelo enquanto me contavas um fracasso emocional dos teus. Passo as mãos no
topo, vazio, da minha cabeça, a lembrar do tempo em que reclamava de ter que
cuidar da cabeleira. Lembro, também, vagamente, um por-de-sol nas pedras nuas
da praia, tuas costas douradas, tuas costas desertas, tuas costas a destilar o
sal.
Recrio na boca o
seco absoluto do (palato) planalto central e bebo rios de olhares à minha
volta... é como se todos os que amei estivessem, sempre, a flutuar sobre a
minha cabeça, a cuidar-me, a guardar-me, a impedir-me de esquecer. Recupero nas
narinas as cascas das laranjas que descascava para ti, as sardinhas, as rosas,
os enterros e a chuva a pesar nos ombros.
Dei meu coração e,
alguns, esqueceram-se de lhe dar corda. Abri o meu peito e, muitos, não me
quiseram habitar. Muidei meus hábitos alimentares e comi meus amores (perfeitos)
até vomitar (bulimia romântica). Amor não é só borboletas e vacas pastando.
Amor também é caganeira e genitália mal lavada. Quando amo, estou sempre entre
o pau duro e a vontade de vomitar. Amar é muito mais do que a maioria pode
dizer sobre amar.
As memórias a serem
regurgitadas e a trazerem à boca o ácido da perda, o oco do esquecimento
(alzheimer romântico) e tantas vezes fui eu outros, tentando ser eu mesmo.
Ao fundo, em
crescendo, ouço as 33 variações sobre uma valsa de Diabelli, de L.W. Beethoven,
versão do Uri Caine. Lembro-me de passar uma enormidade de tempo a olhar para o
diamante no pescoço de Bastet, no British Museum. Templos inteiros, paredes,
tectos, mosaicos, uma profusão de expressões, um excesso de formas.
Podes beijar-me ou
dar-me um beijo, a opção é tua, escolhe tu que eu deixo; ou, por outro lado,
podes, simplesmente, beijar-me. Só quero isso, assim, simples e excessivo, um
beijo, nem que seja magro, seco (anorexia romântica), roubado (cleptomania
romântica), um beijo que desidrate a minha saliva.
Paulo Acacio Ramos
&*&*&*&*&*
Olá caros Poetas e Poetisas.
Com a sua autorização
gostaria de postar, juntamente com as notas da última rodada a sua verdadeira
identidade, idade, cidade...
E gostaria que vc me enviasse um depoimento a respeito do concurso (o que vc achou dos jurados, dos concorrentes, da organização e os pontos positivos e negativos, até a próxima quarta feira , dia 31/05.( lembrando que sua sinceridade é capaz de ajudar a melhorar os próximos).
Aviso que seu depoimento estará sujeito a
edição para não ficar destoante do blog e comprido demais para não cansar o
leitor, afinal blog é veículo moderno, precisa ser dinâmico como a vida doida
da gente. Seja breve e objetivo.
Não mudarei uma palavra, apenas cortarei partes se assim julgar necessário.
Obrigado por tudo, pela participação, pela dedicação, pela seriedade.
Não tivemos nenhum
incidente, mesmo que leve, envolvendo os senhores e senhoras, isso é ótimo.
Desculpem-me pelos erros
cometidos, mas prometo não cometer ‘os mesmos’ nos próximos concursos, se
houverem concursos.
Termino convidando a todos para participarem do II Festival Beto Miranda de Poesias que se realizará no 2º semestre deste ano no Blog Língua’Fiada (Fiquem de olho nas chamadas pelo Facebook).
Valeu!