Para a próxima rodada, os poetas deverão
escrever uma poesia contendo as palavras:
“LUMINÁRIA, PRETENSIOSO e AGLOMERAR”
“LUMINÁRIA, PRETENSIOSO e AGLOMERAR”
(somente o verbo ‘aglomerar’ pode ser escrito em
qualquer tempo e pessoa, as outras
palavras devem ser escritas como aparecem
acima)
E enviar até segunda feira dia 14 de maio
às 23:59 h.
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O vencedor desta rodada, bem como o comentarista que acertar o vencedor e mais se aproximar de sua pontuação (de 24 a 60 pontos)
ganharão prêmios surpresa.
ganharão prêmios surpresa.
POESIA
BASEADA NUM LUGAR
Cantar a canção de um lugar, colher seu
cheiro, andar seu segredo como um arame fino esticado na lâmina do tempo, sem
sombrinha pra reagir, sem medo de cair, sem arrependimento...
Cada lugar que vemos, vivemos, gozamos, é
uma parte inseparável de nós, atam nós por toda a nossa existência.
É sobre um desses lugares que os poetas escreverão aqui, saudosos, gloriosos, incomparáveis lugares, que seja onde e quando forem, sempre serão dentro do peito
É sobre um desses lugares que os poetas escreverão aqui, saudosos, gloriosos, incomparáveis lugares, que seja onde e quando forem, sempre serão dentro do peito
nostalgia, euforia, carnaval.
“Canção do Exílio”
(Gonçalves Dias )
-fragmento-
Minha terra tem
palmeiras,
Onde canta o
Sábia;
As Aves, que aqui
gorjeiam,
Não gorjeiam como
lá.
Nosso céu tem mais
estrelas,
Nossas várzeas têm
mais flores,
Nossos bosques têm
mais vida,
Nossa vida mais
amores.
Em cismar,
sozinho, à noite,
Mais prazer
encontro eu lá;
Minha terra tem
palmeiras,
Onde canta o Sábia.
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Os concorrentes
&*&*&*&*
Os concorrentes
&*&*&*&*
“HEARTLANDS”
(Emanuel
Ferreiro)
Viver...
Viver
no céu dos teus olhos
Não,
mas eu não sou ele
Não
sou aquela nuvem
Que
viaja para o norte
Viver...
Viver
no céu dos teus olhos
Não
em qualquer horizonte
Mas
envolvido em teus braços
Mesmo
que seja num sonho
Viver...
Viver
no céu dos teus olhos
Não,
eu não poderia ir sem você
Não
haveria o que aprender
Meu
coração não admite morrer
Viver...
Viver
no céu dos teus olhos
Sim,
vou mergulhar nesse rio
Que
ele me conduza até você
Que
ele me conduza até você
Viver...
Viver
no céu dos teus olhos
Mesmo
que seja num sonho
Que
viaja para o norte
Viver...
Viver
no céu dos teus olhos
Meu
coração não admite morrer
Que
ele me conduza até você
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“À
la Recherche de Chez moi”
(Reyú
Maôro)
Mudaram
as estações
Tudo
mudou
Parte
do bairro se escondeu
Sobraram-me
as Lembranças:
Sopros
de essência que não captam toda a riqueza de uma real-idade
Meus
sentidos trazem o Novo em um Velho conhecido
O
gosto do churros de carroça
Tem
a vivacidade de ‘Petites Madeleines’
Revivendo
as casas coloridas, o chão de calcário preto e branco e a grama verde do parque
Guinle e o chafariz cinza do Largo do machado e as rodas de choro vermelhas da
São Salvador e as rodas de capoeira negra do mercado azul e o apontador de jogo
do bicho da esquina e as ruelas multicolores por mim jamais percebidas e os
vizinhos nunca esquecidos, porém jamais lembrados...‘Tudo isso toma forma e
solidez’ passando pelo canudo amarelo, saindo de minha água de coco
transparente
Les
sens chez moi
L’essence
c’est moi
Laranjeiras,
satisfeito sorriu para mim...
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“TARDE
EM RIACHÃO”
(Scott
B. Coffe)
Quero
passar a tarde
na
casa de minha avó.
Ela,
matando muriçocas,
reclama
da sorte.
Eu,
brincando se ser poeta,
peço
um cafuné.
Meu
avô conversa com os anos.
Oitocentos
gatos cochilam no sofá.
As
flores de papel murcham
na
estante da sala.
O
menino entre memórias
pede
à avó que faça um mingau de aveia.
E
a tarde nunca passa.
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“CASA
POEMA”
(Erato
Poeta)
Deitado
nas palhas das palavras me fiz poeta.
Na
casa guardiã do meu corpo.
Casa
poema, casa casulo, casa castelo.
As
janelas azuis segredavam o céu quando fechadas
e
quando abertas, voavam como borboletas
destremeladas
pela manhã.
Alecrins
perfumavam pés
e
o aroma do limoeiro esverdeava a tarde.
Casa
da minha infância,
lugar
onde eu voltava, depois de imaginária errância.
Minha
casa livro,
onde
eu lia nas paredes o enigma das sombras.
Rodeada
de pés de beijos, escurecia lilás.
Ensinou-me
a ser caracol e a levá-la por onde for.
Ensinou-me
que habitar a mim mesmo é o caminho
primeiro
do amor.
Sou
casa poema,
onde
no alpendre dos sonhos quaram palavras.
As
mesmas que ao me vestirem, me despem.
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“Nascente”
(Sofia
Amundsen)
Quero
viver pra sempre num dia nascente.
Sem
nuvem.
Com
um sol nascente no horizonte.
Onde
frio e calor se complementem,
onde
músicas e idéias de esperança
floresçam
eternamente.
No
ritmo das fracas ondas avermelhadas do mar.
Quero
viver num dia nascente pra sempre.
Sem
nuvem.
Onde
velhos que entenderam a essência da vida,
cortem
estradas de barro com meia e tênis.
Quero
viver num dia nascente, até morrer.
Até
porque o sol nascente lembra um pouco do poente.
No
dia nascente vou sempre dar risadas.
Vou
rolar na areia fria mal socada...
Com
um cão branco a me circundar,
sorrindo,
esbaforido de tanto brincar.
Quero
viver pra sempre no sol nascente,
onde
o poente nunca vai chegar!
Onde
ninguém vai me deixar.
E
as comidas de minha mãe vão ter gosto de manhã,
gosto
de café da manhã.
E
eu vou lanchar com um copo na mão e um prato ao meu colo.
E
em volta o mato, molhado de sereno.
E
nos ares o cantarolar dos pássaros.
Minha
mãe de vestido velho, batido, cheiroso...
aconchegante.
No
céu o sol nascente.
E
em baixo um cão branco que me circunda contente,
Babado...
E
nos ares o cantarolar de pássaros...
Nascente
pra sempre!
E
o poente nunca vai chegar.
E
ninguém jamais vai me abandonar.
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“BAHIA
DE SÃO SALVADOR”
(
J )
Bahia
de todos os santos
Terra
dos Orixás
Misticismos,
corpos cruzados e patuás,
Nas
ondas do mar, Iemanjá tem seus encantos.
Mercado
modelo atrelado as devoções
liberdades
religiosas postas em tabuleiros
vendilhões
negociam santos guerreiros
De
além mar, terreiros de candomblés, tribos e nações.
Jorge
Amado fez poesias com evocação
A
sensualidade de Dona Flor, que a todos seduzia
Salvador,
cidade das festas e folias
Caymmi
fez das dunas de Itapuã o seu divã
Olodum,
filhos de Gandhi e afoxés,
Baianas
com seus axés deslumbram a Bahia,
Desfilam
na praia de afrodisíaca maresia
Molecas
com dengos e cafunés.
Gal,
Gil e Caetano, formavam os novos Baianos
Caminhando
na tropicália da nova geração
Anos
da musicalidade, era de transição
Raul
Seixas deixou saudades há 10 mil anos.
O
Pelourinho é patrimônio tombado
Ruas
do anonimato aos sons dos tambores
Pedras
do passado lavadas com sangue e dores
No
tronco, no dorso, sibilante chicote orquestrado.
Eleva
o elevador Lacerda, tornando leve as tristezas
Da
Cidade Baixa a Praça da Sé
No
alto, a Igreja do Bonfim, fiéis têm a sua fé
Lavam
as escadarias do sincretismo, das alegrias e purezas.
Salvador
de além mar, da África vem a tradição
Um
dia, na noite hei de voltar
Como
preto velho cirineu ou orixá
O
mar que nos separa, é o elo de ligação.
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“Tapera
Imaginária: Impalpável Poeira de Sonhos”
(Turrinha)
Ruazinha
única, intangível
Espreguiçando
braços norte/sul
De
impossível casario abstrato
O
aço e concreto de meus novos pés
Não
pisam mais!
O
teu cheiro característico
De
mil dálias e tachos fumegantes
Cicatrizou-se
sobre a fumaça
Das
fábricas. Lembranças corrompidas.
O
vespertino balé dos burricos
No
ritual de exorcizar fantasmas
De
cangalhas e chibatas
Inviabilizava
o trânsito. Saiu de cartaz...
De
localização inexata
Pois
que a norte do sonho
Além
da curva do imaginário,
Retorno
não há!
Sem
correspondente para o teu nome,
No
meu neo-dialeto urbano,
Razão
porque rebatizo-te: SAUDADE!
&*&*&*&*&*
“o
caminho”
(Cachorro
de Rua)
um
caminho no campo
bem
no meio de uma serie de morros
como
corcovas de camelo
por
onde corria o menino
num
sobe e desce de tobogã
no
final uma rampa
de
uns três metros de altura
a
beira do rio onde os homens
tiravam
areia
era
correr e se jogar de cabeça
nas
aguas barrentas
que
deixavam os cabelos duros
um
mergulho prum outro mundo
pescar
traíra, piaba
pegar
cana
enganar
o ronda
só
não dava pra enganar o tempo
que
fazia o menino crescer.
&*&*&*&*& *
“Origem
Imperial”
(Andrade)
Da
Feira,
Os
paraíbas
Da
Barreira do Vasco,
Bala
perdida
Do
Museu Nacional,
Histórias
vencidas
Da
Quinta,
Mulheres
da vida
Do
apartamento ocupado,
Infância
tolhida
Dos
meus pais,
Trabalho
e dívida.
Do
primeiro amor,
Primeira
ferida
Do
274,
Gente
espremida
...
Das
recordações,
Saudade
garantida.
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“CAMINHO
DA SAUDADE”
(Annie
Alexandre Guerra)
Como
descrever a infância
no
lugar que tem gosto
das
flores que comi?
Entre
as doze casas de uma vila,
agora
caminho e escrevo.
Represento
em versos
cada
lágrima que
por
ela cai de saudade.
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“Enfeitiçada
pela Vila”
(Bené)
Terra
de Noel, que saudade!
Da
fábrica de tecidos,
E
das mulheres que obedeciam a suas chaminés.
Da
malandragem sadia,
Do
samba de primeira,
Das
conversas nas calçadas,
Serenatas
nas noites de estrelas...
E
como era lindo o Boulevard!
Ponto
de encontro dos poetas
Sonho
poético da minha mocidade...
Quem
sabe um dia eu lá,
Quem
sabe um dia...
&*&*&*&*&*
“quintal”
(Dante Pincelli)
no quintal da minha
casa
quando, às vezes, me
distraio
pardais dividem os pedaços
de pão
colocados ao acaso
sempre no mesmo
lugar
no quintal da minha
casa...
no quintal da minha
casa
quase todas as
coisas tem asas
borboletas sobre
margaridas e flores do mato
gafanhotos que
devoram bertalhas
e toda a imaginação
que voa à solta, sem pressa
no quintal da minha
casa...
no quintal da minha
casa
o peito arde em
brasa
quando penso em
fazer nada
ouvindo uma música
silenciosa
tocando
insistentemente
entre a mangueira e
o banco da varanda...
no quintal da minha
casa
me entorpeço com o
cheiro da erva cidreira
olho o verde das
bananeiras
às vezes, repico o
sino
só pra quebrar a
maravilhosa monotonia...
contemplo parado meu
jardim
de trevo de quatro
folhas...
esmiúço os mais
longínquos
cantos do pensamento
e tento organizar o
quebra cabeças
da minha memória
remonto todas as
fases emocionantes
da minha história...
me aborreço e me
alegro
no caminho de pedras
que montei enquanto
chovia
e eu cantava
no quase perfeito
lado direito
de quem entra
do quintal da minha
casa...
Andrade meu querido você conseguiu novamente, muito bom, parabéns. Seu poema tem belos acontecimentos ritimicos, amei! Um abraço. Voto 58.
ResponderExcluirErato Poeta seu poema é bem visual, nos transporta ao feixe de palha, para deitado ouvir poesias, muito bom, amei! Um abraço. voto 56
Parabéns a todos.
Voto na residência poética das palavras...
ResponderExcluir"As mesmas que ao me vestirem, me despem."
de Erato Poeta com 57 pontos.
Scott, Turrinha, Bené, Erato... Nossa que difícil.
ResponderExcluirFico com Erato Poeta com 57,5 pontos.
EU
ResponderExcluirNas calçadas pisadas
de minha alma
Passadas de loucos estalam
calcâneo de frases ásperas
Onde
forcas
esganam cidades
e em nós de nuvens coagulam
pescoço de torres
oblíquas
só
soluçando eu avanço por vias que se encruz-
ilham
à vista
de cruci-
fixos
policias
Obrigado ao primeiro anônimo. Fico feliz por curtirem o meu poema.
ResponderExcluirEssa semana vai ser difícil manter a ponta, rs.
Abraços poéticos,
Andrade
Por nada querido vc merece 1º anômimo.. Abraços.
ResponderExcluirTodos merecem! Rodada super apertada. Belos poemas!
ResponderExcluirErato, vc é o ganhador da rodada, isso é, se a tal Maria de Lourdes não ferrar tudo! Parabéns a todos.
A Maria de lourdes é a mais sensata dos jurados, não fica fazendo média como uns aí.
ResponderExcluirContinue assim Dona Maria.
Voto em Bené: 57 pontos
ResponderExcluirDante, seu poema foi o fechamento perfeito para uma rodada excelente! Lindo poema!!!
ResponderExcluirObrigado Camila, esse poema é de 1989, quando eu morava em Belford Roxo, e é tudo verdade, talvez seja este (a verdade) o ingrediente que o faça soar tão bem.
ResponderExcluir1989, ano que nasci...
ResponderExcluirAposto no Erato Poeta, com 56.
abs!
Parabéns a todos os Escritores, Lindos Poemas, Valeu Dante pela iniciativa, Viva a Poesia!
ResponderExcluirJorge Luiz
ResponderExcluirParabens Dante, todas as poesias são muito bonitas.