sexta-feira, 19 de agosto de 2011

"navegante"


parto do porto dos teus olhos

em nau de velas cheias

quase naufrago imprudente

no mar vermelho da tua boca.


circundo o arquipélago

dos seios de bujarrona

rodamoinho no umbigo

sigo singrando

por negras algas

até à gruta alagada

encimada por farol.


já no outro oceano

maremotos alquebram

a mim e ao meu barco

frouxos, fracos

e lá, no abismo abissal

já não há velas

nem convés

nem casco

restou de pé

o mastro.




2011



Poesia enviada ao concurso do blog Autores s/a.

3 comentários:

  1. maravilha! Navegar é preciso, viver não é preciso...

    parabéns pela trajetória no concurso!

    Marcelo

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  2. ASTH, afinal, estamos na final.
    Super poesias para o leitor mais desatento.
    Chuva de poemas.

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  3. Mudança repentina de maré
    tempestade à vista talvez
    sem fôlego e submerso em desejo
    sou náufrago em teu corpo outra vez.

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