madrugada lenta,
luz difusa,
espelho rachado.
em cada pedaço
do tempo em estilhaço
susto posto no rosto:
sou meu pai!
em rugas cínicas
saudade que não há,
no claro dos olhos
conselhos não dados,
no branco longo da barba
medos não curados,
sob o calvo da cabeça
poesias que não dediquei...
só entendi
sóbrio e solene
em minhas falhas
e minhas filhas
que ora vagueiam
no eito imperfeito do mundo,
levando junto
meu coração
intenso e farto
que descompassa confuso
(nelas)
fora de mim.
2011
Poesia enviada e postada hoje no concurso do blog Autores s/a, não sei ainda o resultado, mas a escrita deste deste texto me fez esparramar meus fantasmas todos em uma mesa, embaralhá-los e soprá-los pra longe como cartas na ventania.
Gosto muito deste teu escrito e gosto muito do do Príncipe Desavisado, também... creio que são os únicos dois que não apelam ao descritivo cansativo de uma relação que não precisa ser piegas nem chorosa... a figura paterna é tema para um poema épico, mas o nosso pai às vezes não dá nem para umas linhas.
ResponderExcluirAbração!
O Príncipe cometeu um grande erro, ele falou no Flamengo, o que faz seu poema perder o valor imensamente. hahahahahahaha
ResponderExcluirBrincadeira.....
Adorei!!! Dá pra sentir a presença de seu pai em cada linha, realmente um embaralhado de fantasmas, que deveriam ser jogados fora. Amei, como sempre profunda...vc está ficando cada dia mais belo!!!!!
ResponderExcluirJoelho