sábado, 26 de maio de 2012

Comentários e notas (O que não pode calar)

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Penúltima rodada, talvez a mais disputada até agora, com muitos empates e muitos versos preciosos.



O vencedor dessa rodada foi o Andrade e o comentarista que apostou nele com 56 pontos , foi o Lohan Lage Pignone, cada um ganhou um par de ingressos para o
Centro Cultural

Sobrado 70

Rua Bento Lisboa-70 A
Catete- RJ
Tel : (21) 2225-2160



Mais uma vez os jurados Nilton Riguetti e Renata Buzak não enviaram as suas notas a tempo de serem publicadas aqui, portanto recorremos à velha e boa média, para tornar a disputa mais justa.











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Comentários e notas:
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“O QUE NÃO PODE SER”




(Scott B. Coffe)



Felipe Neto Viana
Estamos próximos da linha de chegada e o nível de exigência pelo menos da minha parte foi elevado ao grau máximo. Scott: um poema conciso carece impactar da primeira à última estrofe. Você iniciou com brilhantismo o poema 'O que não pode ser', prometendo mais um poema ímpar neste certame e deixou escorregar na terceira estrofe em diante. Todos os elementos versificados por você são imutáveis: o canto do galo, o pulo do gato e o ego destruído do gago. Apesar de ter feito uma montagem cuidadosa dessas ideias, não gerou frissom, não empolgou em nada. Faltou intertextualidade e originalidade. Por que o homem vai querer calar o miar de um gato? E o canto do galo? Scott, por que calou o desejo de vencer o certame, grande poeta?

Nota: 7,5



Marcelo Asth
O poema trata do que é inevitável, do que apenas é. Estrutura sólida de constatações claras e bem realizadas, com imagens e linguagem adequadas. Não é um poema empolgante, mas cumpre com o tema da rodada.

Nota: 9



Camila Furtado
Poema versátil, inteligente e de uma lucidez incrível. Eu queria enxergar tanta poesia nos ínfimos detalhes do dia a dia, Scott enxerga.
Nota: 10


Média: 9





Stella Monteiro: 4


Izaura Carolina: 4,5


Maria de Lourdes Almeida: 3


Média: 4



Total: 51



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“som de alegria.”


(Cachorro de Rua)





Felipe Neto Viana
Todos os clichês do mundo marcaram uma reunião no mesmo horário e no mesmo espaço e esqueceram de levar seus chapéus e seus acentos. Cachorro de rua, definitivamente, como não poder calar a indiferença? Tudo o que você escreveu deve ser calado imediatamente. Cuidado porque a lanterna te aguarda, poeta.

Nota: 6



Marcelo Asth
Poema musical. Variado leque de imagens abordando o tema. Boa inclusão do verso do hino da torcida de futebol – ele entra na hora certa, com frescor. Creio que o poeta queira dizer uma coisa com os versos que começam com a letra “e”, mas acaba dizendo outra: “é” – verbo de ligação -, “e” – adição. Mas isso não impede a interpretação; ressignifica. A adição acaba sendo um melhor caminho. Bom final.

Nota: 8,5


Camila Furtado
Minha Nossa senhora dos clichês, valei-me! Não entendi essa regressão do Cachorro de Rua, que para mim vinha melhorando a cada rodada.
Nota: 7


Média: 7,5





Stella Monteiro: 4


Izaura Carolina: 3,5


Maria de Lourdes Almeida: 2,5


Média: 3,5



Total: 42,5




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“Estagnada”


(Bené)




Felipe Neto Viana
Percebo que de tanto elogiar esses poetas estão relaxando e justo na reta final do certame. Bené, não era o momento de vacilar no jogo. O poema se constitui sob a égide de um protesto e soa como um resmungo social. Você abriu as portas do zoológico e se conformou com metáforas razoáveis. O que me faz valer a confiança em seu poema é o estilo que permanece inquebrantável, sem perder o esteio. Abra os olhos ou poderá decepcionar bastante nessa reta final.

Nota: 7,5


Marcelo Asth
Poema rico, que fala por si mesmo. É de mensagem forte, de fácil identificação da parte de quem o lê. Estar num berço esplêndido resgata o hino e ao mesmo tempo uma impotência – somos bebês famintos e dependemos dos maus pais. Bené vira uma personagem alegórica chamada Brasil e assiste formigas – imagem metafórica espetacular. E o bebê ri, como todo brasileiro...

Nota: 10



Camila Furtado
Bené tem veia crítica e isso muito me agrada. Sua visão política é afiada e refinada. E O melhor é que sabe transformar isso em poesia, o que não é pra qualquer um.
Nota: 8,5


Média: 9





Stella Monteiro: 4


Izaura Carolina: 4,5


Maria de Lourdes Almeida: 2,5


Média: 4



Total: 50




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“DUAS ESTROFES PARA O NÃO SILÊNCIO”


(ERATO POETA)





Felipe Neto Viana
Bom poema, Erato Poeta. O clichê foi bem trabalhado, deixando pouco a desejar. Você também mantém o seu estilo e o faz com competência. Imagens originais encontrei em seu poema. A junção de estilo e originalidade a cada leva resulta em um perfil experiente e assim o defino hoje: um poeta experiente. Você sabe o que vai reproduzir e sabe o que cada letra irá causar em seu leitor. Não dá um ponto sem nó. Arriscar a essa altura? O poeta que fizer isso pode cair vertiginosamente, mas pode também vencer o certame. Jogue todas as suas fichas e surpreenda os acomodados, poeta. Eu ainda acredito na sua virada porque você é um poeta estupendo.
Nota: 9



Marcelo Asth

Erato veio com tudo nessa leva. Seu poema constata e emociona. Tem movimento – e isso não pode ser calado. Para isso, traz a natureza, o tempo e a memória – elementos que cabem muito bem no tema. “A ária do vento” e “O silêncio, motor do pensamento” são versos pra sonhar.

Nota: 9,5



Camila Furtado
Erato Poeta soube muito bem como transformar essas palavras num jogo altamente imagético de ideias. Forte (em imagem) e delicado (em sensações).
Nota: 9


Média: 9,5




Stella Monteiro 5


Izaura Carolina: 5


Maria de Lourdes Almeida: 3


Média: 4,5



Total: 54,5




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“O que não Pode Calar”


(Turrinha)




Felipe Neto Viana
É com pesar que aplico esta nota para Turrinha. O poeta tem uma história impecável neste certame e está disputando ponto a ponto com o poeta Andrade e isso eleva e muito o grau de responsabilidade do julgamento e principalmente do poeta em seu fazer poético. Abriram as portas do zoo nesta leva e Turrinha também bebeu da metáfora zé ramalhiana ofuscando a sua originalidade. Gostei da vaga intertextualidade com Chico Buarque, em 'Deus lhe pague'', mas não foi o suficiente para manter o poema impactante, um poema que apresente um poeta vencedor. Vi muito do que já vi em outros carnavais. Ainda assim, as chances de vitória neste certame são reais e justas.

Nota: 8



Marcelo Asth
Poema bem apresentado, com força e ritmo impecáveis. Poema de denúncia, em jorro – lembra um pouco Castro Alves. O homem-boi é uma imagem perfeita que tem voz própria e não se cala nem abatida.

Nota: 10



Camila Furtado
Triste realidade transformada em poesia. Turrinha não pode e não deve calar-se, sua poesia está crescendo e aparecendo.
Nota: 9


Média: 9





Stella Monteiro: 4,5


Izaura Carolina: 5


Maria de Lourdes Almeida: 5


Média: 5



Total: 55,5




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"Sim"


(Sofia Amundsen)



Felipe Neto Viana
Sofia, Sofia, que reação tardia. E que rima pobre esta minha por favor não a considere. Eu li George Orwell em seu poema e este 'sol' que aliena e cega do alfa ao ômega da nossa existência. Hoje a sua subjetividade veio acompanhada de um requinte que pela primeira vez aprecio em sua poesia. Não sou nenhum alienado mas hoje eu digo sim para o seu 'Sim'.
Nota: 9




Marcelo Asth
Rascante e presto. Força sutil embalada nos versos. Sofia deu um salto com sua voz expressiva. A repetição do Sol funciona – ele não se cala. A afirmação “sim” entra num jogo que apresenta nova possibilidade, pois o tema quase incita a dizer “não”. Coloca-se parecendo passiva, mas é carregada de crítica. Apenas “se esparramam se fazendo” me fez perder o poema. Mas o final me trouxe de volta.

Nota: 9



Camila Furtado
Sofia é misteriosa, sempre deixa algo ainda por imaginar, deduzir. Seus poemas sempre me parecem fotografias, mas algumas ainda irreveladas. Este (poema), especialmente, revelou-se lindamente para mim.Gostei de "as crianças pingam nas poças de chuva".
Nota: 9



Média: 9





Stella Monteiro: 4


Izaura Carolina: 4,5


Maria de Lourdes Almeida: 2


Média: 3,5



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“O QUE NÃO PODE CALAR”



( J )





Felipe Neto Viana
Li um aglomerado de bla, bla, bla versificado. Voz do povo é programa de televisão, e o que seria ser mudo e calado? J, definitivamente, não deu e não dá. Dará?
Nota: 6,5



Marcelo Asth
Mais uma dor fingida que os poetas deveras sentem... esse intertexto com Pessoa não cala de jeito nenhum no certame! O final dá o tom do poema; nele os versos crescem, instigam, devoram, seduzem. Mudo, surdo e calado – mesmo assim não se calando: ótima imagem.

Nota: 8,5



Camila Furtado
Mais clichês que não empolgam: "O que não pode calar é a voz do povo", "A dor fingida", etc. Onde está a capacidade de inovar e surpreender? Poesia tem que causar algo no leitor.
Nota: 7



Média: 7,5





Stella Monteiro: 4


Izaura Carolina: 4


Maria de Lourdes Almeida: 2,5


Média: 3,5



Total: 43,5




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“Estação Calada”


(Andrade)





Felipe Neto Viana
E mais uma vez o poeta Andrade esboça sua criatividade e sua genialidade no certame. Salvou a leva, isso é fato. Uma coisa que sempre digo aos meus pupilos: ser talentoso é saber criar o que nunca se foi pensado. Ser genial é saber decifrar e emergir o diferencial do maior clichê existente, aquilo que todos veem mas não enxergam e não sentem. O poeta Andrade desfila estilos neste certame e voltou a crescer no momento exato. Sabe ser moderno, pós moderno, romântico e simbolista. Manuel Bandeira certamente é seu maior referencial pois já é a terceira vez que bebe de Bandeira em seus poemas neste certame. O desdobramento das reticências simulando trilhos e lágrimas são detalhes que fazem de Andrade um poeta diferente, entre outras coisas.

Nota: 9,5



Marcelo Asth
Outro poeta trazendo a memória como algo que não cala. Texto bem apresentado, com desenho bonito. Já os primeiros versos situam bem o leitor. A hera toma de volta o trilho – movimento de retomada, a voz que volta depois de calada. Ótimos jogos com as palavras. Bandeira fica na estação a perceber as mudanças. O poema em seu ritmo se adéqua ao tempo que as imagens suscitam.

Nota: 9,5



Camila Furtado
Infelizmente já não há Bandeira, mas Andrade's surgem para nos trazer poesias que ousam ser novas mesmo falando de passado. É de uma delicadeza e um refinamento ímpar!
Nota: 10



Média: 10





Stella Monteiro: 5


Izaura Carolina: 5


Maria de Lourdes Almeida: 4,5


Média: 5



Total: 58,5




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“MEDITAÇÕES FILOSÓFICAS”



(Annie Alexandre Guerra)





Felipe Neto Viana
Annie guerreira, você está na guerra errada. Está atirando para onde e para acertar a quem? Os jurados? A você mesma? Como leitor, me senti atingido por palavras agressivas e sem coerência. Me senti ofendido e um verdadeiro poeta transforma a ofensa. O que considero no seu poema é a aura punk, o enfrentamento sem temores, de quem não tem nada a perder. Mas será mesmo que não há nada a se perder, Annie? Pare para calcular quantas pessoas estão lendo sua poesia neste certame. Considere o seu público, ao menos, mantenha sua dignidade poética até o fim do certame e abandone as suas frustrações. Aqui você é Annie guerreira e não quem você realmente é e pode.

Nota: 7



Marcelo Asth
As meditações de Annie trouxeram significado claro e distinto ao poema. O que não pode ser calado vem gritando. E a poeta cumpriu com o tema. Quem faz calar pode ser calado. Bom final.

Nota: 9



Camila Furtado
Mesmo sem encontrar esse significado claro e distinto, esse poema cumpriu seu papel. Talvez um final mais elaborado seria uma melhor opção. O poema brilhou, brilhou e apagou antes mesmo do fim.
Nota: 8,5


Média:8,5





Stella Monteiro: 4,5


Izaura Carolina: 5


Maria de Lourdes Almeida: 3


Média: 4,5



Total: 50




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“O que não pode calar é surdo”


(Reyú Maôro)





Felipe Neto Viana
Reyu, vá me perdoar, mas eu não te ouvi nesse texto. Li uma carta de recomendação ou uma espécie de manual de como se escrever um poema e como reproduzi-lo. Só.
Nota: 6




Marcelo Asth
O título vale já o tema. O poema começa com ótimas constatações em boa condução, mas logo se perde no verso das tecnologias, por não estar tão cuidado/burilado e se tornar prosaico e fraco (“se bem que”). Às vezes falta voz para que o Soberano ouça bem. E o Soberano precisa ouvir com clareza qualquer ruído. Às vezes é melhor deixar o silêncio contar algo novo.

Nota: 8



Camila Furtado
A preocupação do poeta em "explicar" como as coisas funcionam ou como devem funcionar tornou o poema frio, distante. Nem mesmo o silêncio me fez ouvir a voz do poeta dessa vez. 
Nota: 7,5


Média: 7,5





Stella Monteiro: 3,5


Izaura Carolina: 4,5


Maria de Lourdes Almeida: 2


Média: 3,5



Total: 42,5






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Classificação da rodada

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Andrade--------------------------------------------58,5
Turrinha--------------------------------------------55,5
Erato Poeta----------------------------------------54,5
Scott B. Coffe----------------------------------------51
Annie A. Guerra, Bené e Sofia Amundsen-----50
J------------------------------------------------------43,5
Cachorro de Rua e Reyú Maôro----------------42,5



3 comentários:

  1. Absurdo o Scott ter ficado atrás do Erato e da Turrinha.
    Parabéns Andrade, voce mereceu a colocação.

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  2. Felipe Neto Viana
    Li um aglomerado de bla, bla, bla versificado. Voz do povo é programa de televisão, e o que seria ser mudo e calado? J, definitivamente, não deu e não dá. Dará?
    Nota: 6,5

    É Muito estranho é o Sr. Felipe, não saber que mudo fala!
    Resp: Mudo fala através de sinais e gestos!!!!


    “O QUE NÃO PODE CALAR”
    ( J )

    É a voz do povo
    A declamação do poeta
    Uma declaração de amor.
    A dor fingida transformada em poema.

    Quero declamar uma poesia
    Uma trilogia, talvez um soneto
    Um ímpeto de versos
    Com sopros de rimas
    Anima a língua e os escritos.

    Mudo, surdo e calado
    Ao lado do corpo falam as mãos
    E o coração através do olhar
    Calar, por que ?
    Se o mundo quer escutar!

    Autor: Jorge Luiz
    ..

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  3. Muito estranho, é o Sr. Felipe, não saber que mudo fala!
    Resp: Mudo fala através de sinais e gestos!!!!

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