terça-feira, 22 de maio de 2012

I Concurso Língua'fiada de poesias (O que não pode calar.)





Como poesia não é poesia sem ter a musa ou muso envolvido, para a última rodada deste concurso, os poetas devem escrever uma poesia de

AMOR

e enviar até segunda feira, dia 28/05, às 23:59 h.


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O que não pode calar?
A fome? O medo? O frio? A voz do poeta? Esta sim, nunca pode calar diante das dores impingidas pelos horrores do mundo, da vida.
A poesia é uma arma potente o suficiente para se abrir mão, a poesia é o pão de quem tem fome de voz.
A poesias somos nós.





O Vencedor dessa rodada,

assim como quem acertar qual será o vencedor e mais se aproximar do nº de pontos que

ele(a) fará, ganhará um par de ingressos para o centro cultural

SOBRADO 70
Rua Bento Lisboa-70 A
Catete-RJ.



 




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Os concorrentes:

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“O QUE NÃO PODE SER”


(Scott B. Coffe)



O gago, devorador de egos,
corrompe todas as línguas.


É gago e não se cala, é gago
para engolir as cadências.


O galo, fazedor dos dias,
é ouvido nas residências.


É galo e nem o sabe, é galo
para fazer os dias nascerem.


O gato, andante mundano,
prepara o salto sobre a morte.


É gato e mia sem pensar, é gato
e nenhum homem o calará.




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“som de alegria.”


(Cachorro de Rua)




o que não pode calar
está na cara
está no olhar
e a fome
a falta dum lar
e a dor de sentir, dor sem sarar
e a indiferença
a falta de carinho
o que não pode calar
e a torcida do fogão
e ninguém cala esse nosso amor...
o que não pode calar
e o som da alegria
um sorriso de criança
o que não pode calar
e a música da vida que nos faz dançar.





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“Estagnada”


(Bené)




Me sinto uma idiota
nesse berço esplêndido
Vendo, do lado de lá
as formigas em suas
caminhadas.


Vejo, aqui,
o povo que vai votar
em rebanhos.
Diante disso, não calo
minha gargalhada
de hiena estagnada.




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“DUAS ESTROFES PARA O NÃO SILÊNCIO”



(ERATO POETA)





Não pode ser calado o que é puro movimento.
A ópera das águas,
o crepitar do fogo,
a ária do vento.
A repetição crescente das horas,
a cantiga do tempo,
o silêncio, motor do pensamento.


Não pode ser calado o que é puro sentimento.
O gramofone das lembranças,
o realejo dos desejos,
a lira sonhadora das crianças.
A palpitação lírica das paixões,
a canção dourada da aurora,
o ontem, partitura da memória.





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“O que não Pode Calar”



(Turrinha)





A voz rouca do boi-homem

nos abatedouros diários

do sistema de Sistemas Únicos.

A arte tatuada e esquartejada

pendurada nos açougues e IMLs

servida, nos jornais, como carne de segunda.

A poesia deglutida à seco

nos guardanapos, tira-gosto

para a pinga que faz minguar

a depressão nossa de todo dia

na mesma toada em que míngua

o salário dos poetoperários.

Os sonhos e a vida

penhorados nas filas dos ônibus

enumerados nas catracas/maracás

que marcam o ritmo dos solavancos

dança de marmitas e vazios

estômagos revirados em náusea.

A súcia de vates gauches

bárbaros que regurgitam

versos violentados, quebrados

na cara gorda dos néo-Senhores-de-Engenho.

A música pós-concreta dos marteletes

que esfacelam, conjuntamente, pedras

e homens (pó-de-concreto.)

O berro do boi-homem

manietado, marcado, negociado

nos currais (onde se curra) – guetos,

desse gado magro que somos todos nós!





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"Sim"


(Sofia Amundsen)



Sim,
nós estamos felizes.


Estamos agradecidos por vivermos aqui
... viemos de longe
e é saboroso o apontamento em nosso fígado
nos dizendo onde chegar.


ensinando a nunca parar
de esvaziar os sentidos,
criando-nus nossa raça,
mulheres-pedra-serpentina
a moralidade da pedra
em sujeitos móveis,
a tranquilidade d'água em fluir.


Sim,
é saboroso ver os enganos tão evidentes
a todos escancaram-se as portas do Sol
E alguns são estuprados por Sol
ainda assassinados pelo Sol
e outros abandonados


Mas o Sol não deixa de falar
na linguagem de aquecer e esfriar
onde está o seu caminho.


E é tão claro seu idioma
que só o enxergam os mais vazios
com os olhos da face arrancados
as crianças
pingam nas poças da chuva,
se esparramam se fazendo aurora
boreal.


Sim,
o mal agora é tão somente ignorância
de um princípio, um meio e um final.




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“O QUE NÃO PODE CALAR”


 
( J )



É a voz do povo
A declamação do poeta
Uma declaração de amor.
A dor fingida transformada em poema.


Quero declamar uma poesia
Uma trilogia, talvez um soneto
Um ímpeto de versos
Com sopros de rimas
Anima a língua e os escritos.


Mudo, surdo e calado
Ao lado do corpo falam as mãos
E o coração através do olhar
Calar, por que ?
Se o mundo quer escutar!




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“Estação Calada”



(Andrade)




A linha férrea
A hera terrestre
Reconquistando seu território.


Valise na mão
A espera pelo passado
E nem ponte,
nem poste,
nem pasto -
Fica o olhar lânguido
A percorrer os trilhos.
...
O outono decai,
Varre folhas ocres
E a poeira dos bons tempos.


Hoje -
Marias Desfumaçadas
Já não há Bandeira,
A boca esfumaça o frio
Dessa Estação...
Acabou ‘café com pão’.


Só se aproximam
Os vagões da nostalgia
In loco(emotiva).


Fornalha acesa
A lágrima percorre os trilhos
Da face centenária.
.
.
.

O que não se cala
São os ruídos da memória
Que ecoam no coração.




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“MEDITAÇÕES FILOSÓFICAS”


(Annie Alexandre Guerra)





A boca que tortura e amarga tuas linhas
é uma puta velha e louca.


Beija e cospe em teu rosto,
lança palavras como flecha,
e atinge alvos mais contidos.


É a mesma boca que pode ser calada apenas
quando tu encontrares para ela
um significado claro e distinto.




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“O que não pode calar é surdo”


(Reyú Maôro)



A escrita está para a poesia
Assim como a partitura está para a música.
A primeira não é necessária para o surgimento da segunda,
Mas é fundamental para sua perpetuação.


Se bem que com gravador, celular, computador e toda a tecnologia...


O poeta incapaz de calar,
É Criação limitada ao utensílio da escrita
Às vezes falta o ouvido ao Soberano das palavras,
Pois os olhos faltam com a verdade.
Falta ouvir do “eu poeta” a voz que canta.


O silêncio se faz necessário para tal.



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“o que não pode ser”


(Dante Pincelli)


o que não pode ser dito
nas fendas do tempo
desfaz-se aos poucos
o oco...

o laço mal feito
o peito enganado
o sentido arquivado 
a falta de gosto
o oposto...


o que não pode ser dito
a transparência envidraçada do peito
transmite em sons possíveis
ao olhar irresistível
do puro-objeto do falar...
o encantar.


a cama desarrumada
o copo vazio
a roupa suja
a cárie
o coma
o beijo negado
suores correntes
o esquecer...


o que não pode ser dito
nem pode ser escrito
nas entrelinhas de um samba
nunca se cala...

breque!
...




12 comentários:

  1. Voto na belíssima poesia do Andrade,'Estação Calada'. 59 pontos!

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  2. Eu ate gostei do poema de Sofia (Amundsen)mas, o final ficou muito Raul Seixas " o princípio o fim e o meio" ficou um pouco igual... Mas ficou bom.

    (Annie Alexandre Guerra)Realmente ela não fugiu ao título, voltou-se bem a filo... O problema e não ficar subjetivo demais e perder a essência e clareza, mas ficou bom voto 50

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  3. (Andrade)o que aconteceu com você foi o mesmo que aconteceu com a Sofia, o ficou bem parecido com o poema de Manoel Bandeira, Trem de Ferro, "Foge, bicho Foge, povo Passa ponte Passa poste Passa pasto Passa boi Passa boiada" imitando o movimento e sonoridde do trem... Mas enfim, ficou bom.. se nao fosse isto, estaria ótimo... Parabéns a todos.

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  4. Vou ficar com o Scott, dessa vez ele foi sutilmente genial.
    Mas voto no Andrade com 56,5.

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  5. ANDRADE,

    Percorri os trilhos, percebi o silêncio e o vazio de uma poesia que não quer ser calada. Esse é o momento em que ela abre o seu mundo interior, são os seus olhos languidos que refletem uma postura diante da vida: a viagem sem as marias desfumaçadas seguem agora caminhos desconhecidos, se configurando em uma vida sem roteiros: passou poste, boi, pontes, inclusive o Bandeira passou e deixou saudades; foram juntos com a poeira dos bons tempos. Eis que a sua poesia que não quer dialogar com o tempo, antes quer com ele guerrear...

    PARABÉNS!

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  6. O poema desse ANDRADE foi uma das coisas mais lindas que já li. Voto 57 nele!!!

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. O Sobrado 70, orgulhosamente apoia este blog, parabeniza os poetas, jurados e a organização deste concurso e avisa que iniciará as atividades culturais de 2012 comemorando 1 Ano de vida! Será exibido o filme "Carola: música para os olhos" no Cineclube70 e em seguida o bloco "Cartola é do Catete" fará uma apresentação, no repertório, clássicos de Cartola e o samba exaltação de Dante Pincelli.
    Será servida a famosa feijoada vegetariana do Chef70!
    Dia: 02/06
    Hora: 19h
    Local: Sobrado70 - Rua Bento Lisboa, 70A, Catete - RJ
    Telefone: (021) 2225-2160

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  9. O Cachorro pegou raiva e babou na poesia.
    A Sofia emergiu pra tomar fôlego e respirou fundo, revirando tudo.
    A Turrinha girou a minha cabeça.
    o Erato etá correto.
    O Scott, com gelo, gelou minha espinha com doçura.
    Mas foi o Andrade que me conquistou.
    Já ganhou!

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